quarta-feira, 26 de junho de 2013

IP para que te quero: Vem pra rua Ipaumirim


 
Minha filha e muitos outros jovens com os quais convivo diariamente ficaram um tanto quanto desapontados porque acharam que a grande maioria estava na manifestação, em Recife, como se estivesse numa festa. Outros alunos que aproveitaram a ocasião para realizar uma experiência de produção de radio  dentro  da própria manifestação  também  experimentaram o mesmo sentimento. Mas nenhum deles reclamou porque participou. Considerei positiva a atitude dos jovens. Pior é permanecer preguiçosamente sentado sem se dar conta do presente e ficar criticando quem participou.

Muitas questões e interpretações envolvem o momento político,  a cobertura viciada da mídia, o papel das redes sociais, a falta de foco, as características intrínsecas das multidões, a esperteza dos partidos políticos, os desdobramentos, os desvios, a falta de lideranças, o vandalismo infiltrado,  entre outros elementos dos quais se podem tirar uma lição ou uma compreensão sobre o que acontece.  Mas não é nosso propósito discutir as questões mais amplas no contexto nacional.

Prefiro refletir sobre o que representa para IP uma manifestação dessa natureza.  A situação é no mínimo curiosa e merece ser olhada alem da politicagem varejista que inunda o nosso município de um ranço eleitoreiro que resiste a qualquer abertura para mudanças e que não deixa as pessoas descerem  do palanque imaginário no qual se locupletam  de várias  maneiras concretas,  entre elas o empreguismo, as relações de compadrio, a troca de favores.  Essa estreiteza do olhar no qual até  as cores são vistas como incompatíveis não podem contaminar as manifestações. Seria ingenuidade imaginar que as questões políticas não passam pelos partidos políticos assim como seria uma insensibilidade democrática  proibir que os partidos marquem sua presença. Na minha modesta compreensão, isto quer dizer que eles apoiam a luta que nasce na insatisfação popular. Qual o problema? Podemos lutar pela democracia excluindo entidades, organizações, instituições ou qualquer outra forma de agregação de uma sociedade minimamente organizada?  Daí a permitir a manipulação deslavada há um caminho a percorrer. Prefiro ver esse matiz de uma forma positiva. Pelo que tenho visto no face, IP renega a paleta de cores com que a natureza nos presenteia. As cores podem até não combinarem mas elas existem e se há uma iniciativa popular não vejo porque discriminar a participação em função das diferenças das cores das bandeiras dos partidos. PelamordeDeus, não é hora pra isso.

O mais interessante é perceber que mesmo copiando por puro modismo– se esta é a critica – a iniciativa surgiu fora dos grupos hegemônicos da política local. E isso dói. Ah! Como dói reconhecer a presença da periferia! Incomoda, irrita, chateia. Anuncia quem tem mais alguém que acredita que a democracia lhe permite o direito de se manifestar, que é preciso encontrar um espaço de dialogo. Querendo ou não. Gostando ou não.  Há novos parceiros no ar. É insano acreditar que somos assim e seguiremos assim porque esta é a cultura local. Tolice. A cultura não aprisiona. Quem aprisiona é a ignorância.

Para sair da ignorância é preciso investir na educação. Foi a educação que nos permitiu abrir esta brecha, esta fresta, este arejamento no meio da aridez política local que tal como a seca não fertiliza solos, não alimenta a alma nem faz a vida mais leve.
ML

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