terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Natal é o sorriso de Deus (por Pedro Correia)



Quem tem fé acredita que não somos fruto de um acaso cósmico, de um acidente de percurso na eterna voragem dos dias e das noites desde que surgiram os primeiros clarões da alvorada à superfície da terra. Acredita que fazemos parte de um desígnio que nos transcende. Somos, não estamos. Vamos, sem nunca parar -- numa espécie de viagem iniciática que nos devolve a insondáveis recomeços. Em busca permanente de nós próprios, reflectidos na face dos outros. Daí o significado mais profundo da palavra irmão, tantas vezes mencionada no Novo Testamento. Cristo nasceu pobre, despojado, sem bens materiais, na humilde gruta que lhe serviu de berço. Quem acredita, encontra aqui o mais exemplar dos símbolos: todos os filhos de Deus nascem iguais. É impossível uma fé autêntica sem esta nítida consciência ontológica da igualdade perante o olhar divino.
Regresso, por estes dias, às palavras de um pensador desaparecido demasiado cedo e que nos faz falta pelas suas lúcidas e por vezes desconcertantes cogitações. Victor Cunha Rego -- é dele que falo -- escreveu assim n' Os Dias de Amanhã: "O Natal é o sorriso de Deus num mundo que teima em egoísmos aterradores. Sem esse sorriso, a vida humana seria apocalíptica. O tempo seria apenas uma espera sem sentido, a miséria seria aceitada e aceitável, a opressão seria tolerável e tolerada."
Reflexão para o Natal de hoje. Reflexão para o Natal de sempre.

Fonte: http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/

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