quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

IP para que te quero


IP caminha para a terceira idade mas parece que ao longo do tempo a experiência não lhe foi favorável. É uma senhora de meia idade submetida às plásticas e truques de maquiagem para dizer-se ao gosto do tempo.  Com um jeito próprio tenta  harmonizar as marcas do atraso com as ideias do século XXI num arranjo que a cada momento mostra que quando o objetivo é o desenvolvimento,  o passado e o futuro podem ser inconciliáveis.

Olhar para o futuro com os pés enterrados no ranço do passado não permite dar um passo adiante. Estamos sempre  recomeçando os mesmos processos com os mesmos métodos, apostando nas mesmas promessas. Como um velho carro que alumia com os faróis trazeiros o seu passado mas não tem força para deslocar-se adiante porque não há luz que o projete para frente em busca de novas destinações.

Depois do algodão, passamos a viver da caridade das verbas públicas. E enquanto  insistirmos em acreditar que o clima é o nosso principal flagelo, seremos cada vez mais desgraçados. Desgraçados porque tolos. Considerando que apenas 13% do nosso PIB vem da agricultura e que efetivamente há tecnologias e comportamentos que podem prevenir muitos efeitos dos desastres climáticos não podemos pensar a seca pelos olhos da mídia escandalosa. O show midiático é sedutor por inúmeras razões. Entre elas,  porque é sempre melhor sentir-se  vítima que irresponsável. A vitimização clama para soluções imediatas e aí entra dinheiro, muito dinheiro que a gente nunca sabe onde vai dar.

A falta d’água é terrível, causa grandes prejuízos na produção repercutindo na alta de preços dos alimentos. Mas  não há comparação possível com as grandes secas dos séculos, XVIII, XIX e XX quando tínhamos uma população basicamente rural e a nossa frágil subsistência era baseada exclusivamente na agricultura e na pecuária.

Atualmente, o peso da agricultura no PIB do município é irrisório, a população é eminentemente urbana, quem move a economia de IP são basicamente o emprego público e as aposentadorias. As exceções são o comércio, escolas particulares e alguma outra atividade produtiva por onde circula o dinheiro da cidade.

A seca é uma condição climática episódica que já não vale como mote para o nosso atraso. Hoje, ela funciona muito mais como pretexto para tungar os cofres do governo do que como motivo para as nossas mazelas recorrentes.

O nosso mal maior é o medo, é ele quem nos escraviza e nos submete às humilhações de cada dia. Temos medo de perder os pequenos privilégios que conquistamos à custa de esmolas. É por causa deste medo que não temos alternativas para as secas, para a vida, para o futuro.
ML

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