IP caminha para a terceira idade mas parece que ao longo do
tempo a experiência não lhe foi favorável. É uma senhora de meia idade
submetida às plásticas e truques de maquiagem para dizer-se ao gosto do
tempo. Com um jeito próprio tenta harmonizar as marcas do atraso com as ideias
do século XXI num arranjo que a cada momento mostra que quando o objetivo é o
desenvolvimento, o passado e o futuro
podem ser inconciliáveis.
Olhar para o futuro com os pés enterrados no ranço do passado
não permite dar um passo adiante. Estamos sempre recomeçando os mesmos processos com os mesmos
métodos, apostando nas mesmas promessas. Como um velho carro que alumia com os
faróis trazeiros o seu passado mas não tem força para deslocar-se adiante
porque não há luz que o projete para frente em busca de novas destinações.
Depois do algodão, passamos a viver da caridade das verbas públicas.
E enquanto insistirmos em acreditar que o
clima é o nosso principal flagelo, seremos cada vez mais desgraçados. Desgraçados
porque tolos. Considerando que apenas 13% do nosso PIB vem da agricultura e que
efetivamente há tecnologias e comportamentos que podem prevenir muitos efeitos
dos desastres climáticos não podemos pensar a seca pelos olhos da mídia
escandalosa. O show midiático é sedutor por inúmeras razões. Entre elas, porque é sempre melhor sentir-se vítima que irresponsável. A vitimização clama
para soluções imediatas e aí entra dinheiro, muito dinheiro que a gente nunca
sabe onde vai dar.
A falta d’água é terrível, causa grandes prejuízos na
produção repercutindo na alta de preços dos alimentos. Mas não há comparação
possível com as grandes secas dos séculos, XVIII, XIX e XX quando tínhamos uma
população basicamente rural e a nossa frágil subsistência era baseada exclusivamente na
agricultura e na pecuária.
Atualmente, o peso da agricultura no PIB do município é
irrisório, a população é eminentemente urbana, quem move a economia de IP são
basicamente o emprego público e as aposentadorias. As exceções são o comércio,
escolas particulares e alguma outra atividade produtiva por onde circula o
dinheiro da cidade.
A seca é uma condição climática episódica que já não vale
como mote para o nosso atraso. Hoje, ela funciona muito mais como pretexto para
tungar os cofres do governo do que como motivo para as nossas mazelas
recorrentes.
O nosso mal maior é o medo, é ele quem nos escraviza e nos
submete às humilhações de cada dia. Temos medo de perder os pequenos
privilégios que conquistamos à custa de esmolas. É por causa deste medo que não
temos alternativas para as secas, para a vida, para o futuro.
ML
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