A primeira vez que estive em Serra Pelada foi em julho de 2002. Fui contratado para realizar dois documentários para a então companhia Vale do Rio Doce no sul do Pará. Fiquei instigado ao ver que o lendário garimpo de Serra Pelada, ou o que sobrava dele, ficava a 70 km da mina de Carajás. Assim, já cheguei à região decidido a me aproximar de alguns dos principais personagens da história, ou lenda, da maior mina de ouro a céu aberto do mundo.
Imagem: Renato Chalu
Victor Lopes (dir.) com o ex-garimpeiro Pelé
Em poucas semanas me deparei com uma história única, um western épico contemporâneo, uma aventura humana que precisava ser contada, perdida entre o passado e o presente, esperando um roteiro de ficção ou um livro que a cavasse. Enquanto ouvia os primeiros esboços de fatos e lendas que levaram a essa mistura de mito e faroeste, pensei também num documentário. Começo a entrevistar os garimpeiros e vou descobrindo histórias fascinantes, em que cada “formiga” era um épico, na voz desses homens, para sempre enfeitiçados pelas visões do garimpo e sua jogatina frenética.
Hoje, depois de sete anos, entre pesquisas, viagens, escritas, financiamento e filmagens, encontra-se em final de produção o documentário de longa-metragem que tem o título provisório de Serra Pelada – a lenda da montanha de ouro, dirigido por mim e produzido pela TVZero (de Herbert de Perto, Simonal e Língua, entre outros), que entra no circuito de festivais nacionais e internacionais no primeiro semestre de 2010.
Das fotos de Sebastião Salgado até filmes e imagens de TV de todo o mundo, Serra Pelada foi a mais bem registrada corrida de ouro de todos os tempos. Mas é uma história que não se encerra nas imagens míticas do “formigueiro humano”. A aventura da maior concentração de trabalhadores depois das pirâmides do Egito não acabou de ser escrita, nem filmada.
“E embaixo de tudo tem uma laje de ouro...”
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