segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A internet e a política


Por Cairo Arruda
(membro da ACI e da ACEJI)

Temo que as regras aprovadas recentemente pelo Congresso Nacional que permitem direta e oficialmente o uso da internet para fins político-eleitorais, como informes, opiniões e propaganda política em todos os níveis – do executivo ao legislativo -, venham contribuir, no que pese a importância do direito de resposta, para a prática de abusos, maldades e injustiças, pois, nem sempre, a defesa dos atingidos pelos malefícios chegará em tempo hábil ao conhecimento da opinião pública, o que poderá lhes ocasionar sérios danos, e comprometer a integridade e honra , e prejudicar o intento do candidato a cargo eletivo.
Mal a nova norma foi introduzida na legislação eleitoral, já se presencia a ação nefasta de alguns aproveitadores mal intencionados e com interesses políticos contrariados, procurando, via internet, deturparem a verdade e denegrir a imagem de pré-candidatos (especialmente à Presidência da República), para ter repercussão negativa junto ao eleitorado que tem acesso à informática.
Senão, vejamos:
Enviaram-me uma mensagem eletrônica das mais maldosas, tentando comprometer a imagem da pré-candidata (não fiz ainda nenhum escolha de candidato a nenhum cargo às próximas eleições) ao Planalto, Dilma Rousseff, em que ela, sendo carinhosamente tratada de Dilminha, figura na montagem, por sinal, bem arquitetada, como co-responsável pelo assassinato de pessoas ligadas e/ou defensoras dos princípios do Movimento Revolucionário de 1964, que tem a intenção clara e evidente de prejudicar os objetivos políticos da atual Ministra da Casa Civil e “madrinha do PAC”, distorcendo maldosamente o seu passado de luta, e de elemento de esquerda e não simpatizante daquele Movimento, e que, (a bem da verdade), como cidadã, lutou bravamente pela liberdade de expressão, contra a repressão, perseguições (ela mesma foi muito perseguida...), ações de tortura e injustiças praticadas pela dita Revolução.
Com essa abertura (que os seus defensores alegam que veio para atender aos anseios de modernidade e democratizar a internet), pelo que já se vivencia, poderá concorrer para aumentar a “baixaria” nas campanhas eleitorais, o que, diga-se de passagem, vem aumentando a cada eleição.
O progresso e a modernização têm o seu lado positivo, mas, nem todo o mundo sabe tirar deles os reais proveitos, e, às vezes, usa-os para práticas desabonadoras e injustas.
No nosso caso (do Brasil), a cultura e a educação (que ainda deixam muito a desejar) têm um grande peso em relação aos erros e acertos no exercício de certos direitos, por parte de alguns.
Como a nossa história política mostra, a maioria da massa votante brasileira deixa-se levar pelas primeiras informações que lhe chegam, e não está suficientemente preparada e consciente para distinguir e compreender a verdadeira intenção de determinados formadores de opinião, o que, doravante, passaram a ser, aliás, com mais condições e veemência, os internautas e coordenadores de blogs que militam na política partidária.
Eis a razão do meu temor de “os justos pagarem pelos pecadores”, em se ter de acompanhar a modernidade, pois, no meu modesto entendimento, ainda não estamos psicológica e politicamente amadurecidos para usufruir com equilíbrio, sensatez e espírito de justiça, de certos benefícios proporcionados pelo avanço da tecnologia.
E-mail: cairomiri@yahoo.com.br

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