quarta-feira, 18 de junho de 2008

QUARTA VIA

Não tema o futuro. Olhe para a frente
(Ricardo Neves)


Se você viajasse com um motorista que não conseguisse desgrudar do espelho retrovisor, ficaria muito preocupado, não? Provavelmente você o advertiria de que o retrovisor - assim como a visão do passado - é para ser usado como referência no processo de andar para a frente. Ou em direção ao futuro.
O foco excessivo no que passou pode se tornar um obstáculo para que você navegue aproveitando as oportunidades ou se desviando dos riscos reais a sua frente. A humanidade já deveria ter aprendido que não devemos olhar para a frente como se o futuro fosse uma extensão do passado.
Essa quase fobia em navegar em direção ao desconhecido ficou mais problemática em um mundo que muda mais rápido do que conseguimos assimilar. É compreensível que isso cause desconforto, insegurança, estresse e medo.
Para os que são mais velhos e têm maior dificuldade de assimilar mudanças, o futuro inesperado passa a ser visto como um destino desastroso para a humanidade.
O senso comum dos que se tornaram adultos no século XX, ante os desafios que emergem, enxerga os problemas como insolúveis. Não consegue ver que respostas inovadoras estão sendo criadas.
Assim, aos jovens eu sugeriria: sejam pacientes com os mais velhos, sem acreditar em suas arengas de fim de mundo. Compreendam que muitos dos fantasmas evocados pela geração anterior são questões que emergem mais da nostalgia de sua juventude que ficou para trás.
Estamos às portas de uma nova sociedade digital global. Um mundo multipolar com centros de importância planetária não apenas no Hemisfério Norte.
Por muito tempo, férias em Londres e Paris continuarão sendo chiques. Mas países como China, Brasil, África do Sul, Índia, que ao longo do século passado foram sempre citados como Terceiro Mundo, passarão a ser os grandes e vibrantes mercados produtores e consumidores.
Este novo mundo é assustador para quem não quer mudar o sistema operacional mental que funcionou nas cabeças do século XX. Ainda mais para aqueles que cultivam utopias e revoluções salvacionistas ou são órfãos delas. "
A dificuldade não está nas novas idéias, mas em escapar das velhas que se enraízam por todos os cantos de nossa mente", já dizia em sua velhice o economista inglês John Maynard Keynes. A mudança da mentalidade é o segredo daquilo que pode ser o avesso do desespero.


Ricardo Neves é consultor de inovação e estratégia e escreve quinzenalmente em Época.
Fonte: entrelaços.blogger.com

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