terça-feira, 13 de outubro de 2009

Doa a quem doer


Por Cairo Arruda
( Membro da ACI)

Lamentavelmente, o Brasil está padecendo de uma séria crise no campo da moral e da ética em certos setores, destacando-se o da política, por sinal, o mais afetado nesses últimos anos.
Uma outra área que vem sofrendo um certo desgaste neste mister, ( apesar do seu avanço tecnológico - cientifico), é o da saúde, seja pública ou privada, mais precisamente o ligado aos profissionais da medicina ( médicos) que, não sei se devido à necessidade de sobrevivência e/ou à ambição desenfreiada de crescer financeiramente, ás vezes, ( com as devidas exceções )descartam o equilíbrio e a ética, explorando materialmente a clientela de melhor poder aquisitivo, a ponto de colocarem o interesse peculiar acima do próprio juramento, tornando-se verdadeiros mercenários.
O meu tio Raimundo, médico pediatra falecido ( clinicava em Fortaleza ), em plenos 90 anos, dizia-me com ares de tristeza e decepção, que ficava constrangido quando necessitava ir a determinados colegas, dada a clara demonstração do seu desmedido interesse financeiro, pondo de lado o zelo e o amor à profissão, o que, modéstia à parte, era uma das suas ( dele) características enquanto medicou, sem se falar do seu alto espírito de honestidade, altruismo e humanidade. Era um legitimo médico de família, e todos sentiam nele o desejo ardente de curar seus pacientes.
Certa feita, perguntei-lhe, se se lembrava do caso do atestado que me negou a fim de eu justificar faltas às aulas junto ao Colégio ( Liceu do Ceará ) em que estudava nos idos de 1950, porque somente fui ao seu consultório já curado da gripe. Ele confirmou, acrescentando que sentiu a minha indignação, amenizada que foi, logo em seguida, pela aquisição do referido documento com um seu colega que clinicava no mesmo edifício, à custa de dez mil réis ( a moeda de então), sem ao menos me examinar, salvo engano.
Avaliem! Naqueles tempos já existiam médicos mercantilistas e anéticos.
Apesar das dificuldades que muitos dos esculápios enfrentam no momento para sobreviverem, por conta da competitividade e outros fatores, mas o lado ético e da honradez não deve ser subestimado de maneira acintosa, o que nos leva a desacreditar e desconfiar da boa fé dos que assim procedem, e por extrapolarem os limites da ganância material, mesmo em se tratando de um profissional capacitado.
Um outro ponto negativo a considerar no âmbito da classe médica: há nela integrantes de esquemas desabonadores entre o médico e a indústria farmacêutica, em que ele torna-se refém do laboratório, sendo obrigado, nas mais das vezes, a indicar os seus produtos em troca de benesses do tipo: custeio de despesas para participação em congressos, etc.
Outro fato que desgasta a nobre categoria e se constitui um desrespeito ao cliente, é a falta de pontualidade nos horários de atendimento. No meu caso e da esposa, raramente, nas consultas, somos atendidos na hora marcada. Sempre tem havido atraso, até hoje.
Esta crítica, que a considero oportuna e construtiva, vai para os profissionais que desrespeitam os princípios da dignidade, da ética e da moral, seja médico, dentista, advogado, engenheiro, e os próprios políticos.
Doa a quem doer!

E-mail: cairomiri@yahoo.com.br

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