domingo, 26 de outubro de 2014

PT e Dilma reencontram agenda dos direitos humanos e a militância jovem


 


 Artigo por Laura Capiglione publicada no Yahoo.


Ganhe ou perca Dilma Rousseff (e o Ibope e Datafolha repetem a vantagem dela sobre o adversário tucano Aécio Neves), o PT fez nesta empolgante jornada eleitoral do segundo turno a sua campanha mais autêntica desde 1989.

Mais de 5 mil jovens da região de Itaquera participaram do ato Periferia com Dilma.
Em vez dos slogans limpinhos e brilhantes dos marqueteiros, o que se viu foi a multiplicidade de vozes, sotaques, reivindicações e cores.

Se, na campanha do primeiro turno, Dilma aparecia um dia em um templo evangélico – e no seguinte também –, nesta, ela surgiu em ato na periferia de São Paulo ladeada por representante devidamente paramentada de uma religião de matriz africana. E defendeu, ao lado do imprescindível Jean Wyllys, do PSOL, acriminalização da homofobia, para horror do fundamentalismo religioso de Marco Feliciano e Silas Malafaia.
Foi uma Dilma ativista dos Direitos Humanos a que se viu –comprometida com a luta “contra a discriminação da juventude negra deste país, contra os ‘autos de resistência’, contra esse morticínio”, disse ela em Itaquera, bairro da zona leste paulistana. (Os “autos de resistência” são instrumentos jurídicos que têm servido para mascarar os homicídios praticados pela Polícia Militar, acusando as vítimas de ter tentado resistir à abordagem policial.)

Ato aconteceu com apresentação de rappers e ativistas culturais da periferia.
"Achei foda a Dilma falar de ‘auto de resistência’… Foi bem bonito hoje. Tô emocionado e acho que isso aqui hoje é histórico. Nunca fui tão convicto para as urnas igual eu vou no dia 26. É 13 mesmo!", declarou ao fim do ato o rapper Emicida, uma das maiores referências do hip hop nacional.
Reconciliado com sua militância, com os coletivos de ativistas e de artistas, com os movimentos sociais, como não se viu em recentes disputas eleitorais, o PT reincorporou a força de uma juventude guerreira de quem parecia ter-se distanciado definitivamente, desde os protestos de junho de 2013.
É toda a diferença!

Durante o ato coletivos periféricos entregaram à presidenta um manifesto com suas reivindicações.
Saíram do proscênio os petistas amigos de banqueiros e do agronegócio e entraram outros tipos de dirigentes, mais ligados à militância das ruas, como o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira e o ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins –ambos escanteados durante o primeiro governo Dilma.
Eles ajudaram a campanha petista a desenvolver o encantamento da “continuidade que segue sonhando”, esvaziando o discurso meramente mudancista da oposicão.
Foi como transfundir sangue em paciente anêmico. “Em vez da medíocre e derrotista política do possível, a grandiosidade de lutar para tornar possível o impossível”, conforme descreveu um militante.

Ao falar de fim dos autos de resistência e do combate ao extermínio da juventude negra, Dilma agradou o público presente.
O resultado tem sido o reencontro do PT com a espontaneidade das ruas. Se, em outras campanhas abundavam as monótonas camisetas distribuídas gratuitamente pelos comitês eleitorais, nesta, são os militantes que fazem a moda-PT, usando o avatar que inunda as redes sociais, de uma Dilma guerrilheira, retratada ainda jovem e de óculos. Nos comícios petistas em Recife e São Paulo, garotos levavam suas camisetas para serem impressas com silk screen ali mesmo.

Emicida e Negra Li subiram ao palco e discursaram em apoio à reeleição de Dilma Rousseff
Do lado de Aécio Neves, uma militância também aguerrida tem disputado as ruas, com uma narrativa bem diferente. Na concentração realizada no largo da Batata, em Pinheiros, na quarta-feira, 22/outubro, colada ao centro fashion-financeiro da avenida Faria Lima, os tucanos (Fernando Henrique Cardoso presente) gritavam em uníssono “Fora PT! Viva a PM!”
Como se vê, da atual campanha pode-se dizer tudo. Menos que tenha sido despolitizada. Os dois projetos de Brasil estão expostos em toda a sua nudez. Que falem as urnas.
Fonte: https://ninja.oximity.com/article/PT-e-Dilma-reencontram-agenda-dos-dire-1

Nenhum comentário: