Releio o fabuloso livro de memórias de Stefan Zweig, intitulado O Mundo de Ontem.
Foi, dramaticamente, um livro-testamento: o célebre escritor judeu
austríaco, refugiado no Brasil, suicidou-se em Janeiro de 1942 logo após
a conclusão deste manuscrito.
Retenho, em particular, o capítulo em
que Zweig nos descreve a atmosfera europeia nas semanas que antecederam a
I Guerra Mundial. "Se hoje, reflectindo com toda a calma,
perguntarmos por que motivo a Europa entrou na guerra em 1914, não
encontramos uma única razão plausível e nem sequer um pretexto. Não
estavam em jogo ideias, mal estavam em jogo as pequenas regiões
fronteiriças; não encontro outra explicação que não seja o excesso de
energia, consequência trágica daquele dinamismo interno que se tinha
vindo a acumular ao longo desses 40 anos de paz e que queria agora
libertar-se com toda a violência. Cada Estado adquirira subitamente uma
sensação de força e esquecera-se de que o outro sentia exactamente o
mesmo: cada um queria ainda mais e cada um queria tirar partido do
outro."
Um testemunho dilacerante. E cheio de
lições para os dias de hoje: a paz é a mais frágil conquista das
civlizações contemporâneas. E nunca está plenamente garantida: é um erro
profundo pensar o contrário.
Fonte: http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/
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