
É compreensível o frenesi, o desvario, o entusiasmo tresloucado
da militância partidária antes de uma eleição para os principais cargos
executivos de governo e as duas casas parlamentares mais graduadas da
federação. (Por oportuno, quantos partidos envolvidos no pleito podem
sustentar que têm militância não remunerada?)
Também se pode entender a apatia de grande parte do eleitorado,
depois de tamanho bombardeio midiático, durante tanto tempo, dirigido à
criminalização da política.
É verdade também que as três centenas de picaretas de décadas
atrás, possivelmente não tenham sequer diminuído para duas, e que tenham
abastecido de munição abundante as canhoneiras das oligarquias da
imprensa e seu desdobramento contemporâneo, a mídia nacional.
O que não se pode admitir, sem embargo, é a ideia de que vencida a
eleição tudo esteja resolvido: a oposição, no poder, não deixar pedra
sobre pedra do que foi construído nos últimos doze anos, ou a situação
continuar fazendo tudo exatamente com tem feito até agora.
Seja qual for o resultado destas eleições, todos estes que
estamos aqui, seguiremos vivendo e em certo tempo, oxalá no longo prazo,
todos morreremos. Enquanto isso, a história do Brasil seguirá.
E outra eleições, muitas outras, virão. É por isso que é
preciso imediatamente depois dos resultados serem divulgados voltar a
fazer política e não só política eleitoral. Perder uma eleição pode
significar o consagrado passo atrás para, em seguida, poder dar dois
para frente.
Naturalmente, esse raciocínio serve para a situação e para a oposição.
É preciso, em todos os níveis da sociedade, estimular o surgimento de líderes e
o interesse no bem comum e na organização social, recuperar as chagas
dos abortos criminosos de lideranças da geração nascida nos anos 60 e 70
do século passado, na perspectiva de pensar para além de seu próprio
tempo, de encaminhar decisões e rumos para esta extraordinária nação e
de trabalhar para que a cada futura eleição se tenham melhores e mais
difíceis opções de escolha.
Sejam quais forem os vencedores, a história do Brasil recomeça
nesta eleição, e assim será, por todas as próximas eleições, a cada vez
que se reafirmar nosso voto mais importante: a opção pétrea pela
democracia no país.
Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/cesar-monatti/a-historia-do-brasil-nao-acaba-nesta-eleicao-por-cesar-monatti
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