Tão pertinho e a gente nem se liga de conhecer melhor o rico patrimonio do Icó. Sempre que vamos por lá temos objetivos muito concretos, tais como: resolver problemas no INSS, curtir o Forricó (ainda existe?) e a tradicional Festa de Senhor do Bonfim. Mas Icó tem muito mais. Entre os municípios cearenses que nos rodeiam, Icó é talvez o mais expressivo para a história política do Ceará nos seus tempos mais antigos. Encontrei no blog http://altinoafonso.blogspot.com.br/ um importante acervo de imagens da cidade. De lá, selecionei um dos textos para destaque mas você precisa dar uma passada para ver os belos monumentos que a cidade tem para mostrar. Depois, quem sabe, você pega um domingo preguiçoso e vai passear por lá, visitar o Icó que normalmente a gente não conhece.
O Teatro da Ribeira dos
Icós, órgão da prefeitura municipal de Icó, é o mais antigo teatro do Ceará.
Inaugurado em 1860 e remanescente da fase áurea da cidade como centro de
atividade econômica baseada na criação do gado, no cultivo das vazantes do rio
Salgado e no comércio, durante o final do século XVIII até meados do século XIX,
o prédio foi tombado em 1983 pelo Estado como Patrimônio histórico e
artístico.
O amplo espaço diante e ao lado do qual está implantado o teatro
forma um conjunto arquitetônico composto pela antiga Casa de Câmara e Cadeia, o
Sobrado do Barão do Crato e a Igreja do Bonfim. A praça situada defronte a essas
edificações ficou conhecida como Largo do Théberge (atual praça 7 de Setembro),
em alusão ao médico francês Pedro Théberge (1811 a 1864), idealizador do teatro
e um dos nossos mais importantes historiadores, autor do livro Esboço Histórico
sobre a Província do Ceará, publicado em 1869 por iniciativa de seu filho,
Henrique Théberge, e reeditado em 1973, pela Imprensa Oficial.
Gustavo
Barros, em À Margem da História do Ceará, lembra a rivalidade entre as cidades
do Icó e Aracati e cita o anedotário criado pelos aracatienses, segundo o qual a
centenária casa de espetáculos de Icó não teria sido inaugurada solenemente por
completa ausência de convidados. O historiador reproduz a versão de que a
inauguração oficial não ocorreu porque nenhum representante da elite da cidade
quis correr o risco de ser o primeiro a chegar, receoso de que essa pontualidade
pudesse ser interpretada como típica de um exibicionismo provinciano. Conforme
citação de Gustavo Barroso, as famílias icoenses vestiram suas melhores roupas e
permaneceram em alerta em suas casas, mandando escravos espionar o teatro, com
ordem de retornar informados sobre a aparição dos primeiros convidados. Nessa
espera, a noite teria passado e a festa inaugural não teria acontecido.
O
fato é que, além dessas referencias maledicentes sobre a pretensa solenidade de
abertura do Teatro de Icó, as escassas informações referentes à história do
teatro em livros ou mesmo no Guia dos Bens Tomados pelo Estado do Ceara, não
fornecem dados esclarecedores quanto à verdade dos fatos ocorridos naquela
noite, em 1860.
Somente nos anos 30, já no século XX, a historiografia do
velho teatro ganha contornos precisos, quando, então, tem-se noticia de seu
precário estado de conservação e de seu posterior processo de recuperação e
reforma, empreendimento da gestão do prefeito José Pereira Curado, sob a
coordenação do mestre de obras Jose Pereira Simão A 17 de abril de 1935, o
jornal O Povo noticia que, com recursos municiais e verbas provenientes de
festivais artísticos, a Prefeitura inicia os reparos. A construção do piso de
cimento em placa de duas cores, a reconstrução das alas esquerda e direita em
alvenaria e os retoques na fachada principal são algumas das melhorias
apontadas. Inativo em 1934, o teatro é reaberto em maio de 1935, recuperado e
parcialmente reformado.
Após 1950, houve um período em que o prédio serviu de
forma adaptada a exibições de filmes e na década de seguinte, no foyer funcionou
uma emissora de rádio. Nos anos setenta, o teto da platéia chegou a ruir e
novamente o prédio sofreu interdição.
Em 1978, Francisco Augusto Veloso,
chefe da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura do
Estado propôs à Secretaria de Planejamento da Presidência da República um
projeto de recuperação do teatro, assinado pelos arquitetos Domingos Cruz
Linheiro e Vera Mamede Accioly. Com recursos do Programa de Cidades Históricas
da Fundação Pró-Memória, o Governo Virgílio Távora em convenio com a Prefeitura
de Icó, na gestão de Quilon Peixoto Farias, inicia em 1979 as obras de
restauração e em outubro de 1980 o teatro é mais uma vez reaberto como espaço
cênico. Da programação e reabertura, que se estendeu por todos os fins de semana
de novembro, participam a Academia Hugo Bianchi, a Comédia Cearense e os grupos
independentes de Teatro Amador, Pesquisa e Vanguarda.
Fonte: http://altinoafonso.blogspot.com.br/
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