sábado, 17 de setembro de 2011

É sempre possível fazer alguma coisa

O site americano PPS (Project for Public Places) publicou um artigo interessante sobre iniciativas urbanas em momentos de crise e que pode ser inspirador para a nossa realidade.

O conceito designa-se por LQC - 'Lighter, Quicker, Cheaper: A Low-cost, High-Impact Approach' (http://www.pps.org/tag/lqc/) e é baseado nos princípios de trabalho incremental (pequenos passos graduais), envolvendo os talentos locais (cidadãos, empreendedores, promotores & autarquias), usando experiências de baixo custo e de escala micro-local numa variedade de ambientes (ruas, praças, frentes ribeirinhas, lotes devolutos).

Um dos vários aspectos relevantes dessa abordagem é que ela consubstancia uma dinâmica de acção local (não obrigatoriamente liderada pela autarquia), que pretende mobilizar o capital social, intelectual, económico e institucional à volta de uma agenda local e de uma visão de futuro.

Na mesma linha de reflexão, ‎Jaime Lerner avança com o conceito de ‘acupunctura urbana’, um conjunto de acções cirúrgicas pontuais que devem procurar contribuir para o ‘equilíbrio vital das cidades, dando prioridade à sua vivência social e animação económica’ e, ao mesmo tempo, ajudar a promover o conceito de ‘cidade compacta’.

O interesse desta abordagem está relacionado com a sua geometria variável já que é possível concebê-la em projectos de micro-escala – recuperação de edifícios devolutos com programas funcionais inovadores – ou em iniciativas de grande escala – ‘projectos urbanos’.

O autor refere que existem alguns atributos indispensáveis para que estas iniciativas resultem: ‘uma sólida base técnica, sensibilidade para os problemas urbanos, sentido colectivo para encontrar soluções, intuição para orientar as acções, capacidade de síntese para transmitir as propostas, habilidade mediática para comunicar as mensagens e, sobretudo, vontade e liderança política’ (Acupunctura Urbana, Lerner, J, 2005).

PROPOSTA - PROJECTOS ‘LOW-COST’ EM CIDADES

As iniciativas referidas são particularmente inspiradoras e relevantes para a nossa realidade (nacional e local) e vêm na linha de preocupações semelhantes do ‘Cidades pela retoma, reforma e transição’ (http://ruadasideias.blogs.sapo.pt/ , http://agendalocalpelaretoma.blogs.sapo.pt/ & http://noeconomicrecoverywithoutcities.blogs.sapo.pt/).

O momento de particular dificuldade em que vivemos e a necessidade de contribuir com ideias novas para a ‘retoma, reforma ou transição’ sugere que se aprofunde o conceito ‘projectos LOW-COST para cidades’ e se discutam os métodos para a sua identificação, consolidação e (eventual) implementação (http://lowcosturbaninitiatives.blogs.sapo.pt/).

Numa primeira abordagem o conceito em discussão deve ter como objectivo geral a identificação e definição de um conjunto de ‘projectos urbanos’ com potencial de geração de emprego, de animação da actividade económica e social e de organização espacial e funcional das cidades, e que responda às seguintes características:

  • projectos localizados em CIDADES, porque é esse o espaço de maior concentração de pessoas, infra-estruturas e conhecimento e um palco privilegiado de articulação de diferentes projectos;
  • projectos de baixo CUSTO, essencial num momento de pouca disponibilidade de recursos (públicos ou privados);
  • projectos cuja identificação e proposta parta da COMUNIDADE, respondam a um interesse colectivo e se desenvolvam num conceito de experimentação e aprendizagem;
  • projectos CIRÚRGICOS, respondam a problemas ou necessidades concretas e espacialmente bem localizadas;
  • projectos de CURTO PRAZO, de execução rápida e visível;
  • projectos que incorporem CONHECIMENTO e acrescentem valor, com preocupação de aumentar a utilidade social do conhecimento científico (SC&T) e empírico e eventualmente com uma dimensão de negócio associado que garanta a sua sustentabilidade;
  • projectos que COMUNIQUEM a sua concepção, desenvolvimento e execução, no sentido de estimular o seu desenvolvimento colaborativo e de potenciar a sua articulação e replicação;
Fonte: http://ruadasideias.blogs.sapo.pt/

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