domingo, 10 de janeiro de 2010

Em compasso de espera

Foto de Henri Cartier Bresson
Tem dias que a gente fica no limbo, vero? Hoje. Eu tê assim. Nem pra lá, nem pra cá e nem no meio. Credo!
O dia está nublado, eu já lavei roupas e mais roupas, saí pra comprar comida porque não quero almoçar fora e nada. Liguei pra Deus e o mundo. E nada, tudo no ponto zero. Descartei convites, desmarquei compromissos, dei uma geral na internet e parei aqui.
Caio Josué, administrador do blog da Escola D. Francisco de Assis Pires, tem razão quando diz que tem dias que não tem notícias. Vou botar o que? Eu acho até que nem falta notícia: é falta de tesão mesmo. A gente procura, procura, procura e não acende a luz. A vida fica normal e, cá pra nós, quando a vida tá paradona ela fica chaaaaaaaata que dói.
Vamos considerar que estou em alfa, um intervalo entre coisas superinteressantes que estão acontecendo. A expectativa da festa de São Sebastião que é sempre um momento de muita alegria quando revejo todo mundo e cumpro o nosso ritual familiar herdado dos meus avós. Não tem natal, não tem ano novo, não tem carnaval. Para nós, enquanto família, a festa é a de São Sebastião.
Reencontrar as pessoas é impagável. Sempre aparece alguém que faz tempo não vai por lá. Desligar-se da complexidade da vida e refazer as energias no abraço, nas lembranças comuns, na simplicidade esquecida no alvoroço cotidiano. Claro que, de alguma forma, há interesse político de todos os lados. Não podemos esquecer que 2010 é um ano pesado. Isso é normal. Faz parte. Não há nenhum mal que seja assim.
O que sobressai é que a maioria vai por razões afetivas que vão da fé ao reencontro dos amigos, da família, daquele jeito de viver interiorano que contribuiu, de uma forma ou de outra, para sermos o que somos.
O sentido não é saudosista na intenção de resgatar o passado mas retomar os laços que fizeram de nós uma gente da mesma terra, da mesma cultura. Muita água rolou na vida de todos, o que é saudável e bom. Mas sempre fica impregnada alguma coisa na alma de cada um: uma rua, uma praça, uma conversa, um amigo, uma festa, uma brincadeira. E nessa hora, somos filhos e amigos do mesmo Ipaumirim. Com seus problemas, suas contradições, suas encrencas, sua alegria, suas lembranças individualizadas que, reunidas em conjunto, fazem um passado comum e podem fazer um futuro melhor.
Cada encontro é único. Não dá para perder.
Outra alegria que tive esta semana foi, digamos assim, inacreditável. Quase 100 anos depois que o meu bisavô, pai da minha avó Maria Nóbrega, saiu de São José do Egito para Alagoinha, a família reencontrou-se. De um tronco familiar de treze filhos, nós éramos o único elo perdido que foi reencontrado através do nosso blog. Foi um encontro comovente e agora toca a reconstrução dos laços, recompor, de grão em grão, o hiato centenário.
Vou compartilhar com vocês este caminho para estimular os que buscam reencontrar parentes e amigos desaparecidos. O inesperado é possível, a vida guarda surpresas que a internet pode viabilizar. Deixo com vocês a pintura da foto do avô da minha avó Maria Nóbrega, primeiro prefeito e líder político de São José do Egito- PE nos fins do século XIX e início do século XX. Para mim, é como se fosse ontem porque até então eu nada sabia. Gracias a la vida!

Felipe Pedro de Souza Leite
Avô da minha avó Maria Nóbrega
Felipe Pedro de Souza Leite foi o primeiro prefeito constitucional da cidade de São José do Egito - PE , tendo sido eleito e empossado logo após a Proclamação da República. Personalidade da política municipal, que aí plantou uma grande geração de 13 (treze) filhos, deixando uma grande descendência que já se espalha por todo o Estado de Pernambuco e outros Estados vizinhos.

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