domingo, 13 de dezembro de 2009

Presentes de natal


Danuza Leão diz que após o primeiro gole de cerveja ninguém manda e-mail. Menos ainda, claro, escreve algo diretamente na net. Mas, hoje, eu resolvi quebrar o tabu, tomando cerveja e escrevendo. Saí cedo ao centro da cidade. Cheguei agora. Pense no programa! Não fosse o calor insuportável, o centro da cidade é fantástico.
Estava muito mais lotado que na sexta feira que estive por lá mas, hoje, fui só e definitivamente é muuuuuuuuito mais divertido. Eu paro onde quero, escuto pedaços de conversas, adultos irritados com a insistência das crianças, camelôs e altofalantes deixam a gente doidinha. Estacionar é uma aventura. Fui parar no largo da igreja São José do Ribamar. Em 40 anos de Recife jamais imaginei que um dia estacionaria por lá. No domingo, a rua é dos flanelinhas. Não tem lei nem rei. Eita doidice!
Os coreanos invadiram o Recife. É muita quinquilharia. Acredito que 90% do que se vende deve ir para a lata do lixo. Todo mundo quer dar sua lembrancinha num precinho legal. E isso só os chinos sabem ter. Leques. Pra que leques? Sei lá, quem sabe pra se abanar nas longas e calorentas missas. Lápis. Quem não escreve? Imagem de santos para os católicos. Cadernetas que jamais anotarão qualquer endereço. Bolsas, bolsinhas e bolsonas. Maquiagem. E se der alergia? Ah, o dermatologista cuida disso. Pequenos objetos de cristais de péssima qualidade. E daí? Brilha e pronto! Espelhos, bolsinhas pra celular, caixinhas de louças, jarrinhos, canetinhas, coisas, coisas e coisas que não servem para nada mas que são bem bonitinhas.
Aí, vc se dana a comprar. O suor descendo e você comprando. A lista de presentes é interminável. Parece uma agenda de telefone. A empregada, o porteiro, o zelador, a secretária, o bedel, o amigo secreto. E os chinos mais do que contentes porque naquele vuco-vuco ninguém pede nota fiscal.
Do lado de fora das lojas, o grito do camelô:
- Lula chegou, Lula chegou! DVD! Um é dois e três é cinco.
Não resisto.
- Me dá aí um Lula, 2012 e Salve geral pra completar.
A mulher do meu lado fala pelo celular:
- Onde "bobônica" tu tá que ainda não apareceu pra gente ir embora?
- Vai um avental aí? – pergunta o camelô.
- Tapioca japonesa, quem vai querer? É só um real.
É proibido adoecer em dezembro. O povo come tapioca, camarão frito, empada, toma água de coco, picolé, sorvete e o que mais chegar.
E o suor descendo. Preciso entrar em alguma loja com ar condicionado para me refazer e conseguir achar meu carro entre Toyotas, vendedores ambulantes e carroças. É o caos!
Chego em casa desidratada. Estou exausta. Tenho que tomar um banho frio e uma cerveja gelada. Depois eu abro minha sacola de quinquilharias. Comprei, comprei, comprei. Nada caro mas um monte de coisicas que qualquer um passaria sem elas. E daí? O melhor de dezembro é o centro da cidade. O natal é apenas um detalhe.
ML

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