quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

1 9 6 8: A nova esquerda

Herbert Marcuse
“....essa oposição luta contra a maioria da população, incluída a classe operária, contra todo o chamado way of life do sistema, contra a onipresente pressão do mesmo e, finalmente, contra o terror que reina fora das metrópoles.” Herbert Marcuse - O Fim da Utopia, 1967

O embasamento teórico do que estava acontecendo e de tudo o que viria ainda a ocorrer encontrou sua melhor exposição no pensamento do filósofo alemão Herbert Marcuse. Exilado nos Estados Unidos desde 1934, ele preocupou-se em entender quais as possibilidades de transformação social numa sociedade opulenta como a norte-americana. Num livro polêmico “A Ideologia da sociedade industrial” (One-Dimensional Man, 1964), Marcuse percebeu que a sociedade unidimensional - ao contrário da bidimensional onde capitalistas opõem-se aos operários -, caracterizava-se por sua capacidade de absorver as classes subalternas tornando-as não-contestadoras. Desta forma a idéia de Marx de que o operáriado industrial, o moderno proletariado, seria a força motriz da revolução socialista não se verificava em sociedades do capitalismo tardio como a norte-americana. Nela os trabalhadores eram acomodados, seduzidos pelo consumo e pelos bens materiais.

Assim os agentes da transformação deveriam ser os outsiders, os que estavam fora das benesses, como as minorias étnicas ou os que simplesmente as rejeitavam, como os estudantes e os apoliticos intelectuais beatniks. Deles é que, ainda que inconscientemente, partiria a contestação ao sistema capitalista e a ordem autoritária.

Os militantes dessa Nova Esquerda (New Left) não eram marxistas nem tinham simpatias pelo socialismo. Eram de composição social diversificada, acolhendo gente de todos os estratos sociais. Seus principais representantes não eram políticos mas poetas e escritores como Allen Ginsburg.

Marcuse, na tradição ideológica da Escola de Frankfurt, via na tecnologia uma forma mais sofisticada de repressão. Ela continuava existindo mesmo em sociedades democráticas, porque as técnicas do mass-midia “de manipulação e controle”, permitiam um policiamento mais eficiente sobre as mentes dos cidadãos. O processo de emancipação das massas no futuro dependia em grande parte não só do movimento político mas também de uma substancial alteração do comportamento, inclusive ético-sexual. Para tal defendia a “dessublimação controlada” onde ocorreria uma libertação simultânea “ da sexualidade e da agressividade reprimidas.”

Pretendendo inverter a seqüência fixada por Engels, que dizia o socialismo avançar do utópico para o cientifico, Marcuse desejava resgatar o utópico. Entendia ele que graças ao desenvolvimento tecnológico - este era o seu lado positivo -, possibilitava-se hoje atingir-se a utopia (ou o que anteriormente se considerava uma utopia) e implantar uma sociedade solidária e igualitária.

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