Uma criança, ao ver a imensidão do mar pela primeira vez, disse espantada: “Pai, me ajude a ver”. A criança viu o mar quando ele estava calmo, e não revolto, quando o vento sopra forte gerando grandes ondas. O mar, com o tempo, também se transforma em um mar de problemas, quebrando, assim, a magia do olhar infantil. O mundo adulto pode entrar em águas perigosas, nas quais o desencanto afoga o encanto, a alegria naufraga nas lágrimas da tristeza e já não há um pai a quem perguntar; e frente ao desamparo muitos buscam Deus, como um norte diante da morte. Outros só creem na razão, e também há os que ficam sem perceber o espetáculo que é a água e a terra, o visível e o invisível, e tendem a se entediar, queixando-se muito da crueldade e da mesquinhez do cotidiano.
Para vencer o desafio da criatividade, é preciso, às vezes ao menos, aprender a viver com arte, é preciso viver dentro da arte, da arte de amar. Entrar nas intimidades das palavras e dos corpos, descobrindo as fantásticas histórias de um e do outro. Há os que conseguem tudo isso em harmonia com a natureza e, mesmo sem jamais ter percorrido as páginas de um livro, emocionam-se com as tonalidades celestes, com os matizes dos verdes e ainda desfrutam dos cantos dos pássaros. Também há os que criam uma nova comida com cheiros misteriosos, os que sabem ter sonhos e práticas eróticas, entre tantas situações de gozo e reconciliação com a frágil condição humana. Sem esquecer os que buscam, na literatura e no cinema, os momentos em que o artista torna acessível a todos o show do verso e da imagem.
Para vencer o desafio da criatividade, é preciso aprender a arte do espanto, que desafia o tédio ao criar todos os dias um novo dia, em todas as conversas uma nova conversa. Viver com arte é observar como as crianças brincam, como ficam absorvidas em cada brinquedo. Uma vez, um conhecido disse em tom depressivo que sua vida seguia igual, tudo estava mais ou menos, sem novidades. Perguntei-lhe então como se divertia quando era pequeno, e logo contou que tinha um carrinho em que podia entrar e dirigir; imaginava então corridas e obstáculos, que precisava desviar à direita e à esquerda. Ao concluir a recordação, sentiu-se animado, e então lhe perguntei por que quando criança se divertia tanto mais que agora. Ele ficou um pouco envergonhado, percebendo minha intenção: se fora capaz de brincar e se divertir antes, por que não agora?
Viver com arte é enfrentar os desafios, é recuperar os tempos em que tudo era emocionante: o mar, os carrinhos, as bonecas, as formigas, o gato e o cachorro, os cheiros, os amores e os livros. Só não me perguntem se tudo isso segue valendo a pena, porque esse é o desafio de cada um, isto é, o de ampliar a alma, enriquecer sua espirituosidade; porque, se a vida é muitas vezes trágica e sofrida, é também engraçada e divertida. Viver com arte é viver dentro da arte, é ser parecido com os artistas, ou melhor, é ser um artista exagerado e excitado com o cotidiano desafio da criatividade.
Para vencer o desafio da criatividade, é preciso, às vezes ao menos, aprender a viver com arte, é preciso viver dentro da arte, da arte de amar. Entrar nas intimidades das palavras e dos corpos, descobrindo as fantásticas histórias de um e do outro. Há os que conseguem tudo isso em harmonia com a natureza e, mesmo sem jamais ter percorrido as páginas de um livro, emocionam-se com as tonalidades celestes, com os matizes dos verdes e ainda desfrutam dos cantos dos pássaros. Também há os que criam uma nova comida com cheiros misteriosos, os que sabem ter sonhos e práticas eróticas, entre tantas situações de gozo e reconciliação com a frágil condição humana. Sem esquecer os que buscam, na literatura e no cinema, os momentos em que o artista torna acessível a todos o show do verso e da imagem.
Para vencer o desafio da criatividade, é preciso aprender a arte do espanto, que desafia o tédio ao criar todos os dias um novo dia, em todas as conversas uma nova conversa. Viver com arte é observar como as crianças brincam, como ficam absorvidas em cada brinquedo. Uma vez, um conhecido disse em tom depressivo que sua vida seguia igual, tudo estava mais ou menos, sem novidades. Perguntei-lhe então como se divertia quando era pequeno, e logo contou que tinha um carrinho em que podia entrar e dirigir; imaginava então corridas e obstáculos, que precisava desviar à direita e à esquerda. Ao concluir a recordação, sentiu-se animado, e então lhe perguntei por que quando criança se divertia tanto mais que agora. Ele ficou um pouco envergonhado, percebendo minha intenção: se fora capaz de brincar e se divertir antes, por que não agora?
Viver com arte é enfrentar os desafios, é recuperar os tempos em que tudo era emocionante: o mar, os carrinhos, as bonecas, as formigas, o gato e o cachorro, os cheiros, os amores e os livros. Só não me perguntem se tudo isso segue valendo a pena, porque esse é o desafio de cada um, isto é, o de ampliar a alma, enriquecer sua espirituosidade; porque, se a vida é muitas vezes trágica e sofrida, é também engraçada e divertida. Viver com arte é viver dentro da arte, é ser parecido com os artistas, ou melhor, é ser um artista exagerado e excitado com o cotidiano desafio da criatividade.
(Abrão Slavutzky, Psicanalista)
Fonte: http://blogln.ning.com/profiles/blogs/o-desafio-da-criatividade
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