segunda-feira, 19 de julho de 2010

Reforma política de verdade

Por Cairo Arruda
(membro da ACI)

O sistema de reeleição foi implantado no Brasil por conveniência do governo de plantão, no caso, FHC, que desejava , e conseguiu, passar mais quatro anos no Poder, ensejando também que os então governadores, cuja maioria era do seu Partido – PSDB, usufruíssem do mesmo direito, disputando a eleição sem serem obrigados a desencompatibilizar-se. A única exceção, que tivemos, foi o saudoso Mário Covas, que na época governava São Paulo, e fez questão de licenciar-se do cargo, passando-o para o vice. E numa demonstração de reconhecimento dos paulistas ao seu ato de desprendimento e postura ética, foi reeleito, mas, devido a problemas de saúde, que o levaram à morte, não concluiu o mandato.
No meu entender, não estamos ainda preparados psicológica e politicamente (e os fatos têm demonstrado), para praticarmos a reeleição em qualquer nível – de prefeito a presidente da República, pois a grande maioria dos nossos políticos aproveita-se do exercício do cargo para tirar proveitos próprios e dos seus grupos político-partidários. Ademais, não contamos com partidos fortes, bem estruturados, que ficam a mercê de uma pequena cúpula de mandatários, que é quem dita as cartas.
Uma reforma política propriamente dita não foi ainda concretizada, porque “os donos da bola” – os detentores de mandatos, preferem manter o status quo, alegando, certamente, que em time que está ganhando não se mexe.
Contudo, a aprovação do Projeto da Ficha Limpa, de iniciativa popular, pelo Congresso Nacional, serviu de incentivo para, Entidades como: OAB, CNBB, AMB, APR e MCCE – Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, que se procupam com a ética na política, partirem para mobilizar a sociedade brasileira, a fim de encetar uma campanha de caráter nacional visando à concretização de uma reforma política de verdade, digna desse nome, e que traga em seu bojo, dentre outras mudanças, a extinção da reeleição, para já vigorar nas eleições municipais de 2012.
Não podemos continuar à espera da ação dos nossos congressitas em relação a essa nobre causa, pois, com as devidas exceções, eles sempre optam por legislar em causa própria, como a nossa história legislativa tem demonstrado, ao longo dos anos.

cairomiri@yahoo.com.br

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