16/07/2009 - DIÁRIO DO NORDESTE (CE)
Ipaumirim/ Jaguaribe. Há um consenso entre pedagogos, inclusive entre a coordenação do Pnae, em Brasília, que a merenda Escolar é motivo de prender aluno no colégio. Outro instrumento de agregação ao meio estudantil é a oferta da Bolsa Família para pessoas de baixa renda, que mantêm os filhos regularmente matriculados nas Escolas públicas. Tanto em Ipaumirim, a 400km de Fortaleza e na Região Sul do Estado, quanto em Jaguaribe, a 320km da Capital, esses instrumentos não surtiram efeitos, no sentido de manter o aluno na sala de aula.
Segundo o censo realizado pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc), de 2007, Ipaumirim registrou 8,7% de abandono da Escola dentre os 1.628 alunos matriculados, ficando na quarta posição do ranking Estadual. Enquanto isso, Jaguaribe, com 6.297 alunos matriculados, está com um taxa de evasão de 6,8%, posicionando-se em 17olugar no ranking.
A diretora de Educação de Jaguaribe, Iolanda Maria Fernandes de Assis Dantas, diz que a merenda Escolar regular deixou de ser um problema, mas é ainda acentuado o número de estudantes que não concluem o ano letivo.
A diretora da Secretaria de Educação de Ipaumirim, Josefa Dias, reconhece que colocar a Educação de qualidade nos trilhos em seu município é uma tarefa árdua e que vai muito além dos incentivos sociais que se pode dar ao aluno. Lembra que o primeiro momento em que assumiu a pasta tomou a providência de regularizar a merenda, que chegou a ficar suspensa em 2008, por não haver prestação de contas.
Por meio de uma ação movida na Justiça, o repasse do Pnae foi regularizado, mas, ao mesmo tempo, a atual administração ficou sem saber o que foi gasto com merenda e transporte Escolares, na gestão do então prefeito Luis Alves de Freitas, conhecido como Bola de Ouro. A reportagem do Diário do Nordeste procurou manter contato com o ex-prefeito nos meses de abril e de junho, mas não houve retorno das ligações.
“Tomamos medidas preventivas de modo a não comprometer o fornecimento Escolar este ano”, disse Josefa, que até hoje tenta reaver os documentos pertinentes às prestações de contas de merenda e de transporte da gestão passada.
Atualmente, a merenda foi parcialmente resolvida em Ipaumirim, especialmente na zona urbana. Mas a situação ainda é falha na área rural, em vista da dificuldade de acesso para os carros poderem chegar às Escolas. Mas não é somente a merenda que se vem trabalhando como recursos malogrados em incentivar o aluno a estudar. Os próprios professores questionam a destinação do Bolsa Família. “Aqui temos alunos que as famílias recebem o benefício, mas possuem telefone celular e máquinas digitais. É algo, no mínimo, contraditório”, disse um professor que preferiu não se identificar.
Esse mesmo professor diz que dos 22 alunos matriculados em uma das salas de aula, a média de freqüência é de 16 por dia. “Nunca temos alunos no número pleno. Eles não vêm para Escola, mas o dinheiro não deixa de chegar para as famílias e para o município”, diz.
Os alunos também fazem pouco caso dos professores. Em armários pichados na Escola de Ens. Fund. Vicente Felizardo, há escritos que chamam os professores de “alienados” e fazem apologias às drogas.
professores de oposição — aqueles que foram admitidos na gestão passada por contratos temporários ou até mesmo por afinidade políticas — pouco ou nada colaboram com a atual administração. “Temos essas dificuldades, mas muito maior é a nossa determinação de recuperar o tempo perdido”, diz, com entusiasmo, Josefa.
DEPOIS DA REFORMA
Prédio de Escola possui infiltrações
Jaguaribe. alunos com aparelhos celular, enquanto suas famílias estão cadastradas no Programa Bolsa Família; professores que comem da merenda Escolar; e um alto índice de evasão na sala de aula. Essa é a realidade da Escola de Ensino Infantil e Fundamental Eneida Peixoto Soares, localizada no distrito de Feiticeiro, a 30 quilômetros da sede do município de Jaguaribe. A Escola funciona em um prédio reformado, no entanto, que não deixou de apresentar infiltrações, a ponto dos alunos interromperem as aulas para retirar a água com rodos, em dias de chuva. O diretor Geraldo Bezerra de Menezes não vê nenhuma anormalidade no fato dos professores comerem a merenda Escolar. Ele diz que há até um excedente, em que se faz uma distribuição ainda para outras da zona rural. “Hoje, temos o dinheiro repassado pelo Pnae e mais os gêneros que são destinados pela Conab”, afirma. Uma estudante, que prefere não se identificar, conta que os pais recebem o Bolsa Família e também não considera que seja um luxo ou algo supérfluo e muito menos desatinado possuir um aparelho celular. O sonho de consumo da menina é adquirir uma câmara digital, parecida com a que uma colega de classe possui.
AJUDA AOS PAIS
Estudantes tapam buracos na BR-116
Jaguaribe/ Ipaumirim. Os municípios de Jaguaribe e Ipaumirim convivem com problemas de alunos que saem das aulas e vão para as estradas, principalmente a BR-116, pedir dinheiro, enquanto simulam estar trabalhando com as pás movendo areia.
Com as chuvas de abril e maio, a situação dos buracos nas rodovias acentuou-se ainda mais. Quando chove, os jovens se arriscam ainda mais, tanto pela dificuldade de visibilidade, quanto pelos desvios aleatórios para que os carros continuem no rumo do asfalto com melhor condição de rodagem.
A prática de jogar areia é um recurso que fica muito longe de ajudar os motoristas a não serem surpreendidos pelas crateras, mas sensibilizam muitos pelo fato do risco que crianças e adolescentes se expõem na tarefa de sol a pique, exercendo uma função de tapa-buraco, ao invés do Estado.
Esse é o caso de Francisco Vilaci Pereira da Silva e Francisco Alex Sombra da Silva, ambos de 15 anos e estudantes da Escola Diomedes Barbosa, na cidade de Jaguaribe.
Mal chegam da Escola, vindo de transporte Escolar, eles vestem roupas comuns e surradas, que se assemelham a tantos outros mendigos que pedem esmolas na estrada, usando o mesmo artifício.
“Estou aqui para ajudar meus pais. Por dia, faço R$ 5,00, às vezes, um pouco mais. Mas qualquer dinheiro já ajuda em casa”, disse Alex.
A atividade é perigosa, porque ficam em meio a pista onde os veículos, especialmente as carretas, passam em alta velocidade e só diminuem a marcha quando tentam se desviar do buraco. O dinheiro que ganham fica a mercê da caridade dos motoristas. Mas o ofício chama a atenção das secretarias de Educação de Jaguaribe e Ipaumirim, que sabem que o trabalho infanto-juvenil é um facilitador da evasão Escolar.
A secretária de Educação de Jaguaribe, Iolanda Maria Fernandes Assis Dantas, reconhece que manter o aluno na sala de aula é hoje o grande desafio da Educação em seu município. “Ainda convivemos de modo terrível com o êxodo rural. Os alunos moram em uma determinada região, matriculam-se nas Escolas mais próximas e depois abandonam as aulas”. Ambos os municípios tentam reverter o quadro. Nem mesmo a secretária de Educação de Jaguaribe, Iolanda Maria Fernandes, vê como um escândalo a Escola Eneida Peixoto ter registrado um índice de 6,8% de evasão no ano passado. De acordo com ela, o foco agora é se concentrar no presente e planejar melhor o futuro do ensino.
Fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br/
Merenda não mantém crianças dentro da escola
Ipaumirim/ Jaguaribe. Há um consenso entre pedagogos, inclusive entre a coordenação do Pnae, em Brasília, que a merenda Escolar é motivo de prender aluno no colégio.
Ipaumirim/ Jaguaribe. Há um consenso entre pedagogos, inclusive entre a coordenação do Pnae, em Brasília, que a merenda Escolar é motivo de prender aluno no colégio. Outro instrumento de agregação ao meio estudantil é a oferta da Bolsa Família para pessoas de baixa renda, que mantêm os filhos regularmente matriculados nas Escolas públicas. Tanto em Ipaumirim, a 400km de Fortaleza e na Região Sul do Estado, quanto em Jaguaribe, a 320km da Capital, esses instrumentos não surtiram efeitos, no sentido de manter o aluno na sala de aula.
Segundo o censo realizado pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc), de 2007, Ipaumirim registrou 8,7% de abandono da Escola dentre os 1.628 alunos matriculados, ficando na quarta posição do ranking Estadual. Enquanto isso, Jaguaribe, com 6.297 alunos matriculados, está com um taxa de evasão de 6,8%, posicionando-se em 17olugar no ranking.
A diretora de Educação de Jaguaribe, Iolanda Maria Fernandes de Assis Dantas, diz que a merenda Escolar regular deixou de ser um problema, mas é ainda acentuado o número de estudantes que não concluem o ano letivo.
A diretora da Secretaria de Educação de Ipaumirim, Josefa Dias, reconhece que colocar a Educação de qualidade nos trilhos em seu município é uma tarefa árdua e que vai muito além dos incentivos sociais que se pode dar ao aluno. Lembra que o primeiro momento em que assumiu a pasta tomou a providência de regularizar a merenda, que chegou a ficar suspensa em 2008, por não haver prestação de contas.
Por meio de uma ação movida na Justiça, o repasse do Pnae foi regularizado, mas, ao mesmo tempo, a atual administração ficou sem saber o que foi gasto com merenda e transporte Escolares, na gestão do então prefeito Luis Alves de Freitas, conhecido como Bola de Ouro. A reportagem do Diário do Nordeste procurou manter contato com o ex-prefeito nos meses de abril e de junho, mas não houve retorno das ligações.
“Tomamos medidas preventivas de modo a não comprometer o fornecimento Escolar este ano”, disse Josefa, que até hoje tenta reaver os documentos pertinentes às prestações de contas de merenda e de transporte da gestão passada.
Atualmente, a merenda foi parcialmente resolvida em Ipaumirim, especialmente na zona urbana. Mas a situação ainda é falha na área rural, em vista da dificuldade de acesso para os carros poderem chegar às Escolas. Mas não é somente a merenda que se vem trabalhando como recursos malogrados em incentivar o aluno a estudar. Os próprios professores questionam a destinação do Bolsa Família. “Aqui temos alunos que as famílias recebem o benefício, mas possuem telefone celular e máquinas digitais. É algo, no mínimo, contraditório”, disse um professor que preferiu não se identificar.
Esse mesmo professor diz que dos 22 alunos matriculados em uma das salas de aula, a média de freqüência é de 16 por dia. “Nunca temos alunos no número pleno. Eles não vêm para Escola, mas o dinheiro não deixa de chegar para as famílias e para o município”, diz.
Os alunos também fazem pouco caso dos professores. Em armários pichados na Escola de Ens. Fund. Vicente Felizardo, há escritos que chamam os professores de “alienados” e fazem apologias às drogas.
professores de oposição — aqueles que foram admitidos na gestão passada por contratos temporários ou até mesmo por afinidade políticas — pouco ou nada colaboram com a atual administração. “Temos essas dificuldades, mas muito maior é a nossa determinação de recuperar o tempo perdido”, diz, com entusiasmo, Josefa.
DEPOIS DA REFORMA
Prédio de Escola possui infiltrações
Jaguaribe. alunos com aparelhos celular, enquanto suas famílias estão cadastradas no Programa Bolsa Família; professores que comem da merenda Escolar; e um alto índice de evasão na sala de aula. Essa é a realidade da Escola de Ensino Infantil e Fundamental Eneida Peixoto Soares, localizada no distrito de Feiticeiro, a 30 quilômetros da sede do município de Jaguaribe. A Escola funciona em um prédio reformado, no entanto, que não deixou de apresentar infiltrações, a ponto dos alunos interromperem as aulas para retirar a água com rodos, em dias de chuva. O diretor Geraldo Bezerra de Menezes não vê nenhuma anormalidade no fato dos professores comerem a merenda Escolar. Ele diz que há até um excedente, em que se faz uma distribuição ainda para outras da zona rural. “Hoje, temos o dinheiro repassado pelo Pnae e mais os gêneros que são destinados pela Conab”, afirma. Uma estudante, que prefere não se identificar, conta que os pais recebem o Bolsa Família e também não considera que seja um luxo ou algo supérfluo e muito menos desatinado possuir um aparelho celular. O sonho de consumo da menina é adquirir uma câmara digital, parecida com a que uma colega de classe possui.
AJUDA AOS PAIS
Estudantes tapam buracos na BR-116
Jaguaribe/ Ipaumirim. Os municípios de Jaguaribe e Ipaumirim convivem com problemas de alunos que saem das aulas e vão para as estradas, principalmente a BR-116, pedir dinheiro, enquanto simulam estar trabalhando com as pás movendo areia.
Com as chuvas de abril e maio, a situação dos buracos nas rodovias acentuou-se ainda mais. Quando chove, os jovens se arriscam ainda mais, tanto pela dificuldade de visibilidade, quanto pelos desvios aleatórios para que os carros continuem no rumo do asfalto com melhor condição de rodagem.
A prática de jogar areia é um recurso que fica muito longe de ajudar os motoristas a não serem surpreendidos pelas crateras, mas sensibilizam muitos pelo fato do risco que crianças e adolescentes se expõem na tarefa de sol a pique, exercendo uma função de tapa-buraco, ao invés do Estado.
Esse é o caso de Francisco Vilaci Pereira da Silva e Francisco Alex Sombra da Silva, ambos de 15 anos e estudantes da Escola Diomedes Barbosa, na cidade de Jaguaribe.
Mal chegam da Escola, vindo de transporte Escolar, eles vestem roupas comuns e surradas, que se assemelham a tantos outros mendigos que pedem esmolas na estrada, usando o mesmo artifício.
“Estou aqui para ajudar meus pais. Por dia, faço R$ 5,00, às vezes, um pouco mais. Mas qualquer dinheiro já ajuda em casa”, disse Alex.
A atividade é perigosa, porque ficam em meio a pista onde os veículos, especialmente as carretas, passam em alta velocidade e só diminuem a marcha quando tentam se desviar do buraco. O dinheiro que ganham fica a mercê da caridade dos motoristas. Mas o ofício chama a atenção das secretarias de Educação de Jaguaribe e Ipaumirim, que sabem que o trabalho infanto-juvenil é um facilitador da evasão Escolar.
A secretária de Educação de Jaguaribe, Iolanda Maria Fernandes Assis Dantas, reconhece que manter o aluno na sala de aula é hoje o grande desafio da Educação em seu município. “Ainda convivemos de modo terrível com o êxodo rural. Os alunos moram em uma determinada região, matriculam-se nas Escolas mais próximas e depois abandonam as aulas”. Ambos os municípios tentam reverter o quadro. Nem mesmo a secretária de Educação de Jaguaribe, Iolanda Maria Fernandes, vê como um escândalo a Escola Eneida Peixoto ter registrado um índice de 6,8% de evasão no ano passado. De acordo com ela, o foco agora é se concentrar no presente e planejar melhor o futuro do ensino.
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