sábado, 11 de abril de 2015

Nossos vizinhos: As Glosas de um Poeta Popular do Sertão de Cajazeiras.



por: Cleudimar Ferreira

 
  
Leonardo Mota e Luiz Dantas Quezado

Diz diz a primeira estrofe do seu poema mais conhecido:

Vi um Tiú escrevendo,
Um Camaleão cantando,
Uma Raposa bordando,
Uma Ticaca tecendo,
Um Macaco velho lendo,
Cururu batendo telhas
Um bando de Rãs vermelhas
Trabalhando n’um tissume
Vi um Tatu n’um curtume
Curtindo couro de Abelhas.

Os versos discriminados que compõe essa estrofe são partes de muitos que completa as seis estrofes do poema “A Bicharada” do poeta popular Luiz Siqueira Dantas, mais conhecido como Luiz Dantas Quezado. Quezado nasceu em 1850, no Sítio Caiçara, pertencente na sua época, as terras da ribeira de São João do Rio do Peixe, sertão de Cajazeiras. Considerado pelos mestres do folclore nacional, como maior glosador do Brasil de todos os tempos, Luiz Dantas Quezado faleceu no dia 05 de julho de 1930, em Aracati, Estado do Ceará, deixando um único livro editado: “Glosas Sertanejas”, publicado em 1922. O prefacio do livro foi feito por Dr. Florêncio de Alencar, com o pseudônimo de J. Cariri. Pertencente a ilustres famílias paraibanas, Quezado era filho de Luiz Dantas, casou-se com Maria de Jesus Dantas e teve três filhos: Chateaubriand, Estefânia e Graziela.

Sobre o seu mais conhecido poema, “A Bicharada”, há controvérsias se esse é realmente uma obra completa do poeta ou se o mesmo foi inspirado em outro hormônio seu. Em 1923, quando esteve em Fortaleza, o poeta apresentou a Leonardo Mota o poema “A Bicharada” que naquela época já figurava na primeira edição do livro “Cantadores”, publicado pela Livraria Castilho, do Rio de Janeiro em 1921.

Como o tema é antigo, há ainda uma outra versão parecida escrita por Leandro Gomes de Barros, talvez anterior à de Luiz Dantas Quezado, atribuída ao poeta-empresário João Martins de Athayde. Trata-se de um folheto de oito páginas. Como os poetas antigos gostavam de reaproveitar temas da oralidade é possível que “A bicharia” tenha raízes bem antigas.

O tema inspirou o compositor Zé Dantas - Siri jogando bola, gravação de Luiz Gonzaga e mais recentemente, o cantor e multi-instrumentista pernambucano Antônio Nóbrega - Coco da Bicharada, incluído no CD O marco do meio-dia. Excelente para ser lido e trabalhado nas escolas, apresentamos aqui a versão de Luiz Dantas. Se estivesse vivo hoje, Luiz Quezado estaria com 165 anos.
Fonte: http://cajazeirasdeamor.blogspot.com.br/

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