domingo, 2 de maio de 2010

Domingo Memorioso: Perfil de Francisco Felizardo Vieira

Foto do livro Em família

Chico Felizardo nasceu no sítio Lagoa dos Nunes, município de Várzea Alegre, em 09/11/1903. Foi sucessor do seu avô, Félix Antonio, e do seu pai, Vicente Felizardo, nas atividades políticas e sociais do Distrito de Felizardo. Junto com os irmãos, doaram alguns lotes para construção de prédios públicos e/ou residenciais no pequeno vilarejo. Fez o primário incompleto mas era um homem sensível ao problema da educação lutando para construção e funcionamento de escolas no distrito e na zona rural mesmo em períodos em que o poder público não se preocupava com a educação.
Coordenou os Serviços de Estradas e Rodagem, no ano de 1932, de Felizardo à Boa Esperança, atualmente Iara, sob a determinação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, chefiando também o fornecimento de alimentos do senhor Januário Feitosa na cidade de Barro. Coordenou os mesmos serviçços na região, em 1942, sendo chefe do fornecimento de alimentos do Senhor Oswaldo Ademar Barbosa também na cidade de Barro.
No difícil período da seca, a população humilde saciava a fome coma fruta silvestre conhecida por Marí que, depois de cozida durante várias horas, era retirada da casca e a sua castanha era comida misturada com rapadura.
Os trabalhadores , também chamados de cassacos, percorriam, a pé, 42 km entre o Distrito de Felizardo e a cidade de Barro. Após 48 horas de atividades nas frentes de trabalho, brutalizados pela dureza do serviço rude, retornavam aos lares conduzindo nas costas um saco de mantimentos adquirido com o dinheiro ganho. Chico Felizardo também foi inspetor de terras e colonização para o município de Baixio no período de 1957 a 1949. Ali, Iniciou sua vida política. No começo, seguindo a orientação de Cícero Henrique Brasileiro, chefe político do Baixio, que fundou na cidade, em 1936, o Partido Republicano Progressista, no qual fez parte do seu primeiro diretório na pequena cidade. Cícero Brasileiro foi eleito prefeito, em 7 de abril de 1938, mas foi exonerado pelo interventor Menezes Pimentel e consequentemente nomeado o Sr. Luiz Bezerra que governou até 1 de setembro de 1945.
Na gestão de Luiz Bezerra surgiu a idéia da mudança do nome de Olho d’Água para Felizardo.
Pelo decreto estadual nº 448 de 20 de dezembro de 1938, a Vila Olho d’Água passa a ser chama Felizardo.Chico Felizardo pertenceu muito tempo à União Democrática Nacional (UDN) e, posteriormente, com a ditadura militar iniciada em 1964, passa a pertencer à Aliança Renovadora Nacional, (ARENA) partido governista.

Nildo Fernandes e Chico Felizardo

Foi eleito vereador, em Ipaumirim, em 15 de novembro de 1966 para a gestão do prefeito Oswaldo Ademar Barbosa, ocupando a Presidência da Câmara no período de janeiro de 1967 a dezembro de 1970. Foi eleito vice-prefeito do Sr. José Fernandes de Sousa (Nildo Fernandes) em 15 de novembro de 1970 para a gestão 1971-1973. Reeleito vice do mesmo prefeito no pleito de novembro de 1976, ficou no cargo até 1983. Ocupou a cadeira de prefeito entre 14 de setembro a 31 de outubro de 1979.
Casado com Raimunda Bezerra Viana, conhecida como Mundosa, natural do sítio Machado, município de Várzea Alegre. Dona Mundosa foi uma das primeiras professoras diplomadas do Distrito de Felizardo. Nomeada pela Lei estadual para o magistério primário, lecionou por volta de 1934 a junho de 1943 na Escola Isolada de Felizardo que funcionou no prédio conhecido como Quarto da Aliança. Faleceu de parto, em 1943, aos 35 anos de idade.
A Escola Isolada de Felizardo destinava-se à formação de alunos entre 7 e 14 anos de idade, oferecendo desde a alfabetização ao 4º ano primário. Era fiscalizada semestralmente pelo Delegado Regional de Ensino, Senhor José Militão de Albuquerque, residente na cidade de Cedro – CE.
Além das atividades de ensino, Dona Mundosa participava das atividades religiosas, era responsável pelo ensino do catecismo e preparação para a primeira comunhão que ocorria festivamente no dia da padroeira da vila, Nossa senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro, na época celebrada pelo Monsenhor Manuel Carlos de Morais, vigário da paróquia de Umari a qual pertencia o distrito.
O casal teve onze filhos, sendo que seis deles faleceram ainda crianças, ficando apenas com Felizardo, Flaucineide, Eunice, Ereneide e Raimunda.


Chico Felizardo casou pela segunda vez com Franciscana Costa Vieira, oficial do registro civil do Cartório de Felizardo, tendo com ela uma filha, Francisca Consuelo.
Faleceu em 31 de outubro de 1992 aos 89 anos de idade sendo sepultado no túmulo da família no cemitério do distrito de felizardo, onde viveu e trabalhou durante toda sua vida.

Texto editado a partir do livro Em família, de Maria Flaucineide Vieira chagas e Raimunda Vieira Rolim. Edição do autor. Gráfica Real. Cajazeiras. 2004. pp. 61-70.

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