quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Vi no Diário do Nordeste

Novas regras da ANS

Fiscalização aos planos de saúde fica mais rigorosa


A nova regulamentação da Agência Nacional de Saúde, publicada ontem no Diário Oficial da União, já está em vigor
São Paulo. Os planos de saúde agora contam com novas regras para a avaliação dos seus serviços no que diz respeito à garantia de atendimento aos consumidores. A mudança foi anunciada ontem (27) pela Agência Nacional de Saúde, por meio de uma instrução normativa publicada no Diário Oficial da União. As novas regras já estão em vigor, substituindo as normas anteriores, que eram de 2012.

As novas regras preveem que o acompanhamento e a avaliação dos serviços sejam contínuos, e não mais mensais, como antes FOTO: JULIANA VASQUEZ


Pela nova regulamentação, a ANS prevê que o acompanhamento e a avaliação dos serviços prestados pelos planos de saúde sejam contínuos, e não mais mensais, como era pelas normas antigas. Com relação à apuração dos resultados, ela permanecerá sendo feita trimestralmente. No entanto, o período agora possui tem uma data definida. Conforme as novas regras da ANS, os trimestres de apuração têm início nos dias 19 de março, junho, setembro e dezembro.

Segundo a instrução normativa, as reclamações dos clientes em relação à falta de acesso aos serviços dentro do prazo estipulado levarão à avaliação por parte da ANS.

O texto da instrução normativa publicada no Diário Oficial da União destaca que a ANS considerará as reclamações feitas pelo procedimento da Notificação de Investigação Preliminar, mas reserva à Agência o direito de estabelecer algum outro instrumento oficial para reclamação. As reclamações poderiam ser realizadas pelo site, por exemplo. No entanto, isso ainda não foi estabelecido.

Notas
Os planos de saúde receberão notas de 0 a 4, onde 0 significa que o serviço atendeu às normas de oferecer os serviços contratados dentro do prazo previsto, e 4 é a pior avaliação possível dentro do mesmo quesito.

Como já ocorre hoje, os planos com pior avaliação estão sujeito a punições por parte da Agência Nacional de Saúde. A principal punição que pode ser aplicada aos planos de saúde é a suspensão da comercialização desses planos.

Quando isso acontece, os clientes que já tiverem contratado o serviço do plano de saúde continuam tendo o direito de utilizá-lo, mas a operadora não pode aceitar novos segurados.

Para que a punição seja desfeita, os planos de saúde precisam melhorar sua avaliação do serviço nos semestres seguintes.

Custos
No início desta semana, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) divulgou um estudo mostrando que os custos médico-hospitalares dos planos de saúde individuais cresceram 16,4% nos 12 meses encerrados em junho de 2012, na comparação com igual período do ano anterior. O resultado é 2,7 vezes maior do que a variação da inflação medida pelo IPCA no mesmo espaço de tempo, de 6,1%.

A variação dos custos médicos, conforme o IESS, é historicamente maior que a da inflação em diversos países. Apesar disso, o instituto destacou que nunca houve uma diferença tão alta quanto a registrada agora, de mais de 10 pontos porcentuais.

STF: Piso nacional dos professores é válido desde abril de 2011


publicado em 28 de fevereiro de 2013 às 10:05
 
 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou na tarde desta quarta-feira (27) recursos (embargos de declaração) apresentados por quatro Unidades da Federação (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Ceará) e pelo Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort) contra a decisão da Corte na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4167, que considerou constitucional o piso nacional dos professores da rede pública de ensino.


Após o debate sobre os argumentos trazidos nos recursos, a maioria dos ministros declarou que o pagamento do novo piso instituído pela Lei 11.738/2008 passou a valer em 27 de abril de 2011, data do julgamento definitivo sobre a norma pelo Plenário do STF.
O relator da ADI, ministro Joaquim Barbosa, votou pelo não conhecimento do recurso do Sindifort porque, segundo ele, a orientação do STF é pacífica quanto à ilegitimidade do amicus curiae para apresentar recursos.
Em relação aos embargos dos estados, o ministro rejeitou-os por considerar que eventual reforço financeiro proveniente dos recursos da União ou a dilação do prazo para o início da exigibilidade dos aumentos deve ser discutido entre os chefes do Poder Executivo com os Legislativos local e federal.
Divergência
A divergência foi aberta pelo ministro Teori Zavascki que, apesar de não conceder o prazo de mais 18 meses pedido pelos estados, asseverou que a data a partir da qual a determinação passou a valer em definitivo foi a data da conclusão do julgamento da ADI (27/04/2011).
Ele foi acompanhado pela maioria que concluiu que, ao conceder a liminar em 2008, o STF de certa forma suspendeu a aplicação da lei. E, com o julgamento definitivo em 2011, revogando a liminar concedida em 2008, a decisão passou a valer em caráter definitivo.
“Não podemos desconhecer a realidade de que, até por força de outras normas constitucionais, durante a vigência dessa medida [cautelar], as administrações públicas envolvidas dos estados e da União obviamente tiveram que pautar a sua programação fiscal e, portanto, a aprovação das suas leis orçamentárias de acordo com a liminar deferida pelo STF em 2008”, afirmou o ministro Teori ao destacar que os gastos em alguns estados são muito elevados e comprometem seriamente a previsão orçamentária e o atendimento de outras necessidades.
“Considerando que esses gastos públicos dependem de contingência orçamentária, me parece em princípio que seria adequado considerar como termo a quo da vigência da decisão do STF a data da revogação da medida liminar. A partir daí se aplica perfeitamente a observação de que a Administração não tinha nenhum motivo para não se programar daí em diante”, afirmou.
Essa sugestão foi seguida pelos ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello.
O ministro Joaquim Barbosa reajustou seu voto para estabelecer a data do julgamento de mérito como marco para o pagamento do novo piso salarial.
O ministro Dias Toffoli não participou do julgamento por estar impedido pelo fato de ter atuado como advogado-geral da União na ocasião do julgamento da ADI.
Já o ministro Marco Aurélio ficou vencido porque acolhia os embargos em maior extensão.

Morre o escritor Stéphane Hessel, pai intelectual dos indignados


Pensador e humanista francês revolucionou protestos populares pelo mundo com seu livro de 32 páginas
27/02/2013
O pensador, escritor e diplomata franco-alemão Stéphane Hessel, autor do popular manifesto "Indignai-vos", morreu nesta quarta-feira (27) aos 95 anos, informou sua esposa Christiane Hessel-Chabry à imprensa francesa.

Hessel nasceu em Berlim, em 1917, numa família de descendência judaica e se naturalizou francês 20 anos depois, indo para a França durante a Segunda Guerra Mundial. O pensador se uniu a Charles de Gaulle na Resistência Francesa, foi capturado pela Gestapo (polícia secreta nazista) em 1944, passou pelos campos de concentração de Buchenwald e Dora-Mittelbau, escapou com identidade trocada, foi recapturado e conseguiu fugir na transferência para o campo de Bergen-Belsen.
Após o final do conflito, iniciou sua carreira diplomática no Ministério de Relações Exteriores francês como embaixador na China e depois como secretário da comissão, onde redigiria a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948. Hessel era militante do Partido Socialista desde 1986 pela proximidade com François Mitterand, presidente francês entre 1981 e 1995. Ele também mostrou cumplicidade com José Luis Zapatero, ex-primeiro-ministro espanhol do PSOE (Partido dos Trabalhadores Socialistas da Espanha).

Mas sua fama mundial chegou pelas mãos do "Indignai-vos", um manifesto político publicado na França em outubro de 2010, e que em palavras do autor "conclama os jovens a se indignar". Em apenas 32 páginas, Hessel fez uma chamada à resistência da população que inspirou movimentos de protesto no mundo todo, entre eles, os "Indignados" do movimento 15-M da Espanha. “A pior das atitudes é a indiferença, é dizer ‘não posso fazer nada, estou me virando’”, afirmou.

"Este livro transformou totalmente minha vida. Eu era um pequeno diplomata aposentado que levava uma vida tranquila e agora não posso passear por Paris sem que alguém me pare na rua para me agradecer. É maravilhoso", disse o autor há alguns meses.

Publicado em outubro de 2010 por uma pequena editorial de Montpellier, no sul da França, quase sem promoção midiática e com custo de €3, o livro se transformou em um grande sucesso de vendas, com quase um milhão de exemplares vendidos em dez semanas. O livro ultrapassou fronteiras, foi traduzido para cerca de 30 idiomas e vendeu quase quatro milhões de exemplares.

“A razão básica de ser da Resistência era a indignação. Nós, veteranos dos movimentos de resistência e das forças combatentes da França Livre, apelamos às jovens gerações para manter viva a indignação, transmitir essa herança da Resistência e dos seus ideais. Estamos dizendo: assegurem a continuidade, indignem-se! Os responsáveis políticos, econômicos, intelectuais e a sociedade toda não devem se omitir nem se deixar impressionar pela atual ditadura internacional dos mercados financeiros, que ameaça a paz e a democracia”, denuncia em suas páginas.

“Hessel conquistou seu leitor ocidental graças a seu inegável carisma pessoal e à história de guerra. Além disso, sua mensagem se torna clara e concisa para o povo farto das promessas de políticos e cada vez mais desiludido com o liberalismo capitalista”, diz o jornal Libération.
 
Depois do sucesso editorial, Hessel se transformou em uma referência da esquerda, sempre sendo muito crítico com as políticas levadas a cabo no ocidente, em particular sobre imigrantes, políticas sociais e mercados financeiros. O autor, porém, renunciou aos direitos do livro desde o início.

"Acredito que há um risco, que é o de que as pessoas se indignem, protestem e depois tudo continue na mesma. É preciso que a indignação dê lugar a um comprometimento conjunto", disse em entrevista ao Público em 2011.

Depois de “Indignai-vos”, escreveu outro livro que também teve êxito, “À nous de jouer” (algo como “Nossa oportunidade” e traduzido na Espanha como “Comprometa-se!”). Publicado no fim de 2011, o livro é uma conversa com um jornalista e ativista francês de 25 anos, Gilles Vaderpooten. Ali, Hessel traça em oito aspectos seu conceito de democracia, compromisso, rebeldia e de insurgência. A promoção do livro o levou à Itália, onde precisou ser repatriado por alguns dias por um problema de saúde que custou sua vida.


* Com informações de EFE, Público.es, Público.pt e ElMundo.es

Medicina vapt vupt


 

Os competentes médicos naturalmente estão fora dessa categoria. Eles formam um contingente cada dia menor mas seria leviano generalizar sem fazer essa ressalva. Eu diria até que eles formam uma mini minoria mas é preciso reconhecer que ainda existem alguns que fazem a diferença.
Infelizmente ainda não existe uma delegacia ou órgão para controlar o abuso e a falta de respeito dentro dos consultórios. Não estou falando de assédio e sim da falta de compromisso, ética e responsabilidade de médicos com os pacientes. Estamos à mercê de um comércio sem regras claras e sem proteção ao usuário.
 
Ir a uma urgência é uma temeridade. Todo mundo que eu conheço tem um episódio sobre urgência para contar. É preciso sorte - mas muita sorte mesmo - para ser atendido por profissional que entenda um pouco além da aplicação de soro. A doença é virose. Passa um remedinho e salve-se quem puder. O paciente recebe um atendimento no melhor estilo “banho de gato” e a orientação de procurar um médico no dia seguinte. 
  
Começa a segunda etapa. O paciente espera até seis meses por uma vaga num bom médico ou encara uma aventura que pode ou não dar certo. Ou seja, estamos entregues à sorte.

Os consultórios são lotados porque os planos de saúde pagam pouco e os médicos ganham por produção. Então, tome consulta! A média são cinco minutos. Em alguns casos, até a guia de exames já está preenchida com antecedência. Na hora, põe o nome do paciente e o carimbo do médico com a sua assinatura. Eu não consigo entender a dinâmica do preenchimento antecipado de guias, a lógica da distribuição entre os pacientes quando nem tempo de ouvir os sintomas o médico tem. Será por telepatia? Ou eu poderia supor a hipótese de uma  possível aliança ligando essa categoria de profissionais aos laboratórios e clínicas?
 
E se isso fosse pouco ainda nos submetemos aos planos de saúde, espertos comerciantes e cobradores intransigentes. O atendimento aos usuários é sofrível. Tanto faz pagar caro como barato, o atendimento é péssimo inclusive considerando a variável incompetência algumas vezes confundida com má vontade.  E nem adianta reclamar porque a ouvidoria deles e nada é a mesma coisa.
 
Ainda tem o capítulo remédio. Além de caros, é um terror a estratégia de publicidade dos laboratórios. Além de patrocinar congressos, viagens, presentes, a pressão é grande sobre os profissionais para disparar o consumo. Alguém – VOCÊ – tem que pagar essa mordomia toda que os médicos recebem. E tome remédio. Farmácia é pior do que padaria, não tem uma que não tenha fila. Qualquer hora do dia está cheia de gente. O mundo está envenenado de remédio passado sem o menor escrúpulo.

O conhecimento é um valor. Se o médico dispõe desse conhecimento, deve cobrar por ele o preço que acredita que vale. Não venham com esse papo de que todos têm direito a atendimento e em nome do amor a profissão os médicos aceitam os planos de saúde. São Francisco pode agradecer mas o paciente dispensa o cinismo do argumento.
 
A solução adotada é tirar no atacado o que a competência não permite cobrar. E tome consultórios lotados. Os planos de saúde cobram caríssimo do usuário por uma medicina cheia de restrições, remuneram miseravelmente mas, por favor, a maioria das consultas do jeito que estão sendo realizadas não merecem mais do que recebem.

A questão não é só respeitar o paciente, é sobretudo respeitar a si próprio como profissional e a própria medicina enquanto prática.

Arrogantes, despreparados e sem ética profissional, os despachantes de guias de exame são absolutamente livres no seu território.

O SUS, pelo menos, ainda tem a imprensa pra quebrar o pau em cima dos problemas. Os usuários de plano não tem ninguém. Nem lei nem rei.

Certo mesmo é o que dizia uma velha tia: minha filha, quem tem plano de saúde, não tem saúde.  Infelizmente, ela tinha razão.
E ainda tem quem fale mal do SUS.
ML

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Lindo

Yoani Sánchez: a arrogância da ventríloqua

Santayana: Dispensamos os avisos prepotentes da sra. Sánchez

 
Cuba, seu povo, seus sonhos
 
 
Podemos discordar do regime político de Cuba, que se mantém sob o domínio de um partido único. Mas é preciso seguir o conselho de Spinoza: não lisonjear, não detestar, mas entender. Entender, ou procurar entender. A história de Cuba – como, de resto, de quase todo o arquipélago do Caribe e a América Latina – tem sido a de saqueio dos bens naturais e do trabalho dos nativos, em benefício dos colonizadores europeus, substituídos depois pelos anglo-saxões.
E, nessa crônica, destaca-se a resistência e a luta pela soberania de seu povo não só contra os dominadores estrangeiros, mas, também, contra seus vassalos internos.
Já se tornou lugar comum lembrar que, sob os governos títeres, Havana se tornara o maior e mais procurado bordel americano. A legislação, feita a propósito, era mais leniente, não só com o lenocínio, e também com o jogo, e os mais audazes gangsters de Chicago e de Nova Iorque tinham ali os seus negócios e seus retiros de lazer. E mais: as mestiças cubanas, com sua beleza e natural sensualidade, eram a atração irresistível para os entediados homens de negócios dos Estados Unidos.
A Revolução Cubana foi, em sua origem, o que os marxistas identificam como movimento pequeno burguês. Fidel e seus companheiros, no assalto ao Quartel Moncada – em 1953, já há quase 60 anos – pretendiam apenas derrocar o governo ditatorial de Fulgêncio Batista, que mantinha o país sob cruel regime policial, torturava os prisioneiros e submetia a imprensa à censura férrea. A corrupção grassava no Estado, dos contínuos aos ministros. O enriquecimento de Batista, de seus familiares e amigos, era do conhecimento da classe média, que deu apoio à tentativa insurrecional de Fidel, derrotada então, para converter-se em vitoria menos de 6 anos depois. Os ricos eram todos associados à exploração, direta ou indireta, da prostituição, disfarçada no turismo, e do trabalho brutal dos trabalhadores na indústria açucareira.
Foi a arrogância americana, na defesa de suas empresas petrolíferas, que se negaram a aceitar as novas regras, que empurrou o advogado Fidel Castro e seus companheiros, nos dois primeiros anos da vitória do movimento, ao ensaio de socialismo. A partir de então, só restava à Ilha encampar as refinarias e aliar-se à União Soviética.
Os americanos, sob o festejado Kennedy – que o reexame da História não deixa tão honrado assim – insistiram nos erros. A tentativa de invasão de Cuba, pela Baía dos Porcos, com o fiasco conhecido, tornou a Ilha ainda mais dependente de Moscou, que se aproveitou do episódio para livrar-se de uma bateria americana de foguetes com cargas atômicas instalada na Turquia, ao colocar seus mísseis a 100 milhas da Flórida, no território cubano.
A solução do conflito, que chegou a assustar o mundo com uma guerra atômica, foi negociada pelo hábil Mikoyan. Kruschev retirou os mísseis de Cuba e os Estados Unidos desmantelaram sua bateria turca, ao mesmo tempo em que assumiram o compromisso de não invadir Cuba – mas mantiveram o bloqueio econômico e político contra Havana.
Enfim, ganharam Moscou e Washington, com a proteção recíproca de seus espaços soberanos – e Cuba pagou a fatura com o embargo.
O malogro do socialismo cubano nasceu desse imbróglio de origem. Tal como ocorrera com a Rússia Imperial e com a China, em movimentos contemporâneos, o marxismo serviu como doutrina de empréstimo a uma revolução nacional. O nacionalismo esteve no âmago dos revolucionários cubanos, tal como estivera entre os social-democratas russos, chefiados por Lenine e os companheiros de Mao.
Os cubanos iniciaram reformas econômicas recentes, premidos, entre outras razões, pelo fim do sistema socialista. Ao mesmo tempo tomaram medidas liberalizantes, permitindo as viagens ao exterior de quem cumprir as normas habituais. É assim que visita o país a dissidente Yoani Sánchez (que mantém seu blog na internet de oposição ao governo cubano).
Ocorre que ela não é tão perseguida em Havana como proclama e proclamam seus admiradores. Tanto assim é que, em momento delicado para a Ilha, quando só pessoas de confiança do regime viajavam para o Exterior, ela viveu 2 anos na Suíça, e voltou tranquilamente para Havana.
É sabido que ela mantém encontros habituais com o escritório que representa os interesses norte-americanos em Cuba, como revelou o WikiLeaks.
Há mais. Ela proclama uma audiência que não tem, como assegura o sistema de registro mais confiável, o da Alexa.com. (citado por Altamiro Borges em seu site) em que ela se encontra no 99.944º lugar na audiência mundial, enquanto o modesto jornal O Povo, de Fortaleza, se encontra na 14.043ª posição, ou seja, dispõe de sete vezes mais seguidores do que Yoani.
Ela ainda afirma que tem 10 milhões de acessos por mês, o que contraria a lógica de sua posição no ranking citado. O site de maior tráfego nos Estados Unidos é o do New York Times, com 17 milhões de acessos mensais.
Apesar de tudo isso, deixemos essa senhora defender o seu negócio na internet. É seu direito dizer o que quiser, mas não podemos tolerar que exija do Brasil defender os direitos humanos, tal como ela os vê, em Cuba ou alhures.
Um dos princípios históricos do Brasil é o da não interferência nos assuntos internos dos outros países. O problema de Cuba é dos cubanos, que irão resolvê-lo no dia em que não estiverem mais obrigados a se defender da intervenção dos estrangeiros, que vêm sofrendo desde que os espanhóis, ainda no século 16, ali se instalaram. Foram substituídos pelos Estados Unidos, depois da guerra vitoriosa de Washington contra o frágil governo da Regente Maria Cristina da Espanha. Enfim, o generoso povo cubano, tão parecido ao nosso, não teve, ainda, a oportunidade de realizar o seu próprio destino, sem as pressões dos colonizadores e seus sucessores.
Dispensamos os conselhos da Sra. Sánchez. Aqui tratamos, prioritariamente, dos direitos humanos dos brasileiros, que são os de viver em paz, em paz educar-se, e em paz trabalhar, e esses são os direitos de todos os povos do mundo. Ela, não sendo cidadã de nosso país, não deve, nem pode, exigir nada de nosso governo ou de nosso povo. Dispensamos seus avisos mal-educados e prepotentes, e esperamos que seja festejada pela direita de todos os países que visitará, à custa de seus patrocinadores (como o Instituto Millenium), iludidos pelo seu falso prestígio entre os cubanos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Cine Ipaumirim: Novos Baianos FC - Documentário

Janio de Freitas: O teatrinho mambembe de Aécio Neves e Eduardo Campos


Janio de Freitas: O teatrinho mambembe de Aécio Neves e Eduardo Campos




por Janio de Freitas, na Folha de São Paulo

A semana política teve a sua graça, com o teatrinho mambembe do senador Aécio Neves e do governador pernambucano Eduardo Campos. O primeiro pôs a cabeça para fora do armário, pressionado a fazer um discurso que deveria projetá-lo à liderança da oposição. O outro quis entrar no armário, para diminuir as atenções postas em sua alegada pretensão presidencial.
Aécio Neves apoiou sua “denúncia” dos “13 erros” do governo petista na ideia de que “quem governa o Brasil é a lógica da reeleição”. Muito bem visto. Com toda a certeza, Dilma Rousseff não governa com a lógica da derrota eleitoral. No que tem o exemplo deixado por todos os políticos. E, em particular, por um certo Aécio Neves no governo de Minas, que chegou até a espalhar no Estado placas de autopromoção em obras devidas ao governo federal. A queixa federal não deu resultado, mas a propaganda do então governador deu.
Desde o ano passado Fernando Henrique Cardoso e Sérgio Guerra, presidente do PSDB, insistiam com Aécio Neves, inclusive publicamente, para assumir o encargo de falar ao país pela oposição. Insistência duplamente justificada, por ser no partido o único possível candidato a presidente e pela oportuna ausência de liderança na oposição. Mas, se os erros e deficiências dos dois governos petistas fossem só os que Aécio Neves encontrou, para afinal lançar a pretendida liderança oposicionista, não haveria mesmo por que fazer oposição.
A crítica de maior alcance produzida por Aécio Neves, como uma síntese de todas, ficou na afirmação de que “tivemos um biênio perdido” (2011-12). Perdido por quem? Não por aqueles milhões que, não tendo emprego antes e não sendo herdeiros, obtiveram trabalho, salário, carteira assinada na redução do desemprego a históricos 4,4%. Também não por aqueles que, dizem os jornais apesar de si mesmos, entraram na classe média. Muito menos pelos resgatados de carências opressoras por programas assistenciais, pelas cotas universitárias, as oportunidades de consumo, e o mais que Aécio Neves sabe.
Eduardo Campos protegeu sua coerência com a criação de um neologismo: reclamou de “se eleitorizar” tanto e tão cedo a política. E tratou de se eleitorizar ali mesmo, em discurso para cerca de 200 prefeitos e sob os brados de “presidente! presidente!”
Seu discurso se eleitorizando tinha que ser crítico ao governo, do qual Eduardo Campos e o seu PSB são “aliados”: “A população está preocupada com um Brasil que não cresceu como se esperava”. Só se fosse a população pernambucana, mas nem ela, ao que se saiba fora de Pernambuco e conste sobre o governo de Eduardo Campos, no mínimo mediano.
Preocupados aparentam estar uma corrente empresarial e os economistas do mercado. Mas, se confrontados os seus ganhos e as tais preocupações, pode-se desconfiar (ou mais do que isso) de uma onda bem arranjada para extrair do governo sempre mais vantagens. E o fato é que o governo as tem concedido sem cessar.
Aécio Neves e Eduardo Campos não foram suficientes para evitar a atribuição a Lula e Dilma do lançamento da disputa sucessória. Para isso, bastou que Lula brindasse os petistas, na sua festa, com um “vamos reeleger Dilma!”. Quem precipitou essa historiada de sucessão foi, de fato, a imprensa, a partir do blablablá de Lula candidato. Na realidade, Aécio Neves enfraqueceu-se muito; Eduardo Campos alimenta o noticiário criado em torno do seu nome, mas ainda não criou fatos que substituam a artificialidade; e Dilma, como sua Minas, está onde sempre esteve. Ou seja: a rigor, por ora nada de novo.
Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/janio-de-freitaso-teatrinho-mambembe-de-aecio-neves-e-eduardo-campos.html

A história real por trás de Argo



Argo, de Ben Affleck, foi o grande vencedor do Oscar: aqui, os motivos que levaram os iranianos a fazer o que fizeram.

Ben Afleck em Argo
Ben Afleck em Argo

O filme descreve o empenho de agentes da CIA para retirar americanos de Teerã no curso da Revolução Iraniana de 1979. O movimento varreu a ditadura do xá Reza Pahlevi, marionete ocidental, e instalou uma república islâmica, chefiada pelo aiatolá Khomeini. Khomeini logo declarou que os americanos eram o “grande satã” do mundo.
Por quê?
A notoriedade de Argo é uma boa oportunidade para discutir o caso.
Você tem que recuar um pouco mais para entender a crise Estados Unidos-Irã. Para 1953, quando o Irã experimentava uma democracia secular sob um líder popular, Mohammed Mossadegh. O Irã enfim se livrara de um regime manipulado pelo Ocidente, e Mossadegh acabaria virando primeiro-ministro. Ele tinha as credenciais necessárias: era um político íntegro, prático, honesto, competente e comprometido com os interesses do povo. Mossadegh de fundamentalista nada tinha. Chegou ao poder democraticamente, e era respeitado e admirado pelos iranianos.
Eram tempos particularmente complexos na geopolítica, o início da Guerra Fria que opunha Estados Unidos e União Soviética e ameaçava a humanidade de extinção, dadas as armas de cada parte.
Mossadegh nacionalizou a Anglo-Persian Oil Company (atual British Petroleum, ou BP), controlada pelos ingleses desde o início do século XX. Uma tentativa de renegociar o contrato original e dividir os lucros meio a meio fracassou. Mossadegh entendia que era hora de os recursos naturais do Irã, a começar pelo petróleo, serem usados para reduzir a pobreza enorme dos iranianos. Os iranianos vibraram com a nacionalização.
Os ingleses nem tanto. Um líder britânico de então – o ministro das relações exteriores, Ernst Bevin — comentou candidamente que, sem o petróleo do Irã seria impossível alcançar o padrão de vida a que “aspiramos” para os ingleses.
A solução era derrubar Mossadegh. Os ingleses convenceram os americanos de que o Irã sob Mossadegh poderia passar para a órbita soviética. Mossadegh, educado na França, não tinha simpatia nenhuma pelo socialismo. Mas isso não importava muito, ou nada, na realidade. A questão era o petróleo.
Os Estados Unidos entenderam que era importante, para seus interesses, derrubar a jovem democracia iraniana. A tarefa de minar Mossadegh foi entregue à CIA. Surgiria a Operação Ajax, cujos pormenores estão registrados em documentos da CIA que depois do número protocolar de anos deixaram de ser considerados confidenciais e estão abertos ao público.
Mossadegh acabaria derrubado em 1953. Foi restalecida, pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, a dinastia Pahlevi, extremamente impopular entre os iranianos pela subserviência ao Ocidente e pela ganância ilimitada com que enriquecera ostensivamente no poder enquanto o povo arrastava sua miséria sem esperanças.
O modelo vitorioso da Operação Ajax seria usado muitas vezes depois pela CIA. Logo em 1954, na Guatemala. Em 1973, no Chile. As digitais da CIA apareceriam, menos nítidas mas igualmente marcantes, no golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, no Brasil, em 1964.
Os iranianos foram obrigados a suportar o clã Pahlevi por 26 anos. Em 1979, mais ou menos como ocorreu agora em país como Tunísia e Egito, o povo disse basta. Pahlevi encontrou abrigo nos Estados Unidos. A embaixada americana em Teerã foi invadida por estudantes iranianos que mantiveram as pessoas ali retidas por 444 dias. Havia um simbolismo nisso. A Operação Ajax fora tramada exatamente ali.
Esse o contexto de Argo.

O que os iranianos pensam dos americanos
O que os iranianos pensam dos americanos

Alguns historiadores, vistas as coisas em retrospectiva, consideram que o preço pago pela Operação Ajax acabaria se tornando extraordinariamente caro para os Estados Unidos. A desastrosa presença americana no Oriente Média – um horror para invadidos e invasores – conheceu na Operação Ajax um marco de consequências piores do que qualquer previsão pessimista que se fizesse então.
Teria sido melhor para os Estados Unidos recusar o convite inglês para minar Mossadegh, mas o fato é que a resposta, depois de uma breve relutância, foi sim.

Uma mentira conveniente: por que “Argo” é uma fraude histórica


O filme de Ben Affleck inverte e distorce os fatos em sua tentativa frenética de apresentar um agente da CIA como heroi


A cena em que os fugitivos são parados no aeroporto: isso nunca aconteceu
cena em que os fugitivos são parados no aeroporto: isso nunca aconteceu

Durante o stalinismo, a história foi reescrita com freqüência em conformidade com a ortodoxia soviética. O protagonismo de Leon Trotsky, um dos principais arquitetos da Revolução Russa de 1917, foi minimizado ou apagado – até mesmo fotos de Trotsky em pé ao lado de Lenin, Stalin e outros membros do comitê central foram desajeitadamente retocadas para remover vestígios de sua existência.
Com “Argo”, um exercício desenfreado de ufanismo americano e imperialismo cultural, Ben Affleck cometeu uma forma similar de fraude. Essa é a opinião de Ken Taylor, o ex-embaixador canadense no Irã que realmente arquitetou a fuga dos seis reféns que ele e o primeiro-secretário da embaixada John Sheardown haviam escondido em suas casas, em situação de risco pessoal considerável.
“Foram três meses de preparação intensiva para a fuga”, explica Taylor. “Eu acho que o meu papel foi um pouco mais importante do que abrir e fechar a porta da frente da embaixada.” (Essas são essencialmente as imagens que comprovam a existência de Taylor no esquema criacionista de Argo.)
Affleck fez um filme de propaganda, uma auto-felação que inverte e distorce os fatos em sua tentativa frenética de apresentar o agente da CIA Tony Mendez (interpretado por ele mesmo) como a pessoa que trabalhou nos bastidores para realizar a retirada. O roteiro se baseia em documentos confidenciais da CIA, abertos ao público nos anos 80, que revelaram como Mendez desenvolveu um disfarce para os seis americanos – o de uma equipe de cinema que queria fazer um filme de ficção científica no Irã.
Essa é a única parte do filme Affeck que possui alguma verdade. Praticamente todo o resto é uma mentira para satisfazer um público americano faminto de heróis.

O embaixador do Canadá, Ken Taylor: "concierge de luxo" na visão de Affleck
O embaixador do Canadá, Ken Taylor: “concierge de luxo” na visão de Affleck

“Tony Mendez ficou um dia e meio no Irã”, diz Ken Taylor. Em vez de apresentar um relato honesto de uma missão de resgate histórico, que o embaixador canadense tinha em grande parte planejado e que a CIA apenas ajudou a executar, Affleck se entrega a uma pirotecnia mal disfarçada que corrompe a verdade, dando primazia ao envolvimento dos EUA.
Na sexta passada, a frustração de Taylor atingiu o limite. “Não haveria filme sem os canadenses. Abrigamos os seis sem que nos fosse solicitado”. Argo tem recebido vários prêmios nos últimos meses. Embora Affleck tenha sido supostamente “esnobado” por Hollywood ao não ser apontado na lista de melhor diretor no Oscar, seu longa recebeu várias indicações.
Além de “Argo” ter sido canonizado por ligas e premiações de diferentes setores nos meses passados, a questão mais ampla é como Affleck conseguiu enganar tanta gente em seu caminho para a glória da crítica, apesar das enormes distorções, invenções e fabricações que o filme comete para defender a CIA como um grupo de espiões inteligentes. Como a Grande Mentira tomou conta da imaginação limitada de Affleck?
“Argo” se situa no Irã, logo após a queda do Xá em 1979, quando a Guarda Revolucionária invadiu a embaixada americana. Seis funcionários conseguiram escapar e se esconderam por vários dias até que dois deles entraram na residência do casal Pat e Ken Taylor. Outros quatro foram para a casa de John Sheardown e de sua mulher Zena depois que o funcionário consular Robert Anders telefonou para o amigo Sheardown pedindo que ele o recebesse com seus três colegas fugitivos. “Por que você demorou tanto?”, foi a resposta do Sheardown.
(Nada disso aparece na versão de Affleck. Sheardown sequer é mencionado.)
Os fugitivos passaram três meses no limbo das duas residências até que Taylor finalmente convenceu um reticente departamento de estado americano de que as autoridades iranianas estavam começando a farejar as casas.
Em seu zelo para contar a história do agente Tony Mendez, Affleck reescreveu boa parte da história e enxugou radicalmente o papel do embaixador. Não foi só ele que deixou clara sua discordância. Em uma entrevista para o jornalista Piers Morgan na semana passada, o ex-presidente americano, Jimmy Carter, afirmou que “90% do plano foi dos canadenses”, mas o filme “dá crédito quase completo à CIA”.
Affleck defende sua selvageria autoral dizendo que uma TV canadense já havia feito um filme em 1981. De acordo com ele, “Argo” foi concebido para revelar o “papel secreto da CIA” – que basicamente se resume à criação de uma equipe de cinema a fim de enganar os funcionários da alfândega no aeroporto de Teerã. “Este filme mostra um maravilhoso espírito de colaboração e cooperação. É um grande cumprimento para o Canadá”, afirmou Affleck para mim.
(Taylor tinha originalmente planejado que eles se passassem por engenheiros, apenas para ter sua ideia rejeitado pela CIA, que de alguma forma bizarra pensou que o approach hollywoodiano fazia mais sentido.)

Os seis fuitivos são recebidos na Casa Branca em 79: a CIA foi coadjuvante
Os fugitivos são recebidos na Casa Branca em 79: a CIA foi coadjuvante

Não havia absolutamente nenhuma necessidade de transformar o papel central do embaixador num “concierge” de luxo, que basicamente servia bebidas e canapés e seguia ordens. Taylor, que é interpretado pelo canadense Victor Garber, declarou que “‘Argo’ faz parecer que os canadenses estavam ali apenas a passeio”.
Affleck respondeu um tanto irritado: “Eu admiro Ken por seu papel no resgate. Estou surpreso que ele continue a ter problemas com o filme”. Em outubro, quando Argo estava sendo lançado na América do Norte, Affleck soube que Taylor estava começando a falar publicamente sobre sua decepção com seu trabalho. Ben Affleck organizou às pressas uma exibição e, depois de ouvir suas objeções, concordou em inserir um texto no início dos créditos: “O envolvimento da CIA complementou os esforços da embaixada canadense”.
A verdade é outra: Taylor planejou a fuga, enquanto a CIA e seus homens, Mendez à frente, simplesmente ajudaram a preparar o estratagema esquisito que serve como um contraponto cômico para o drama subjacente no Irã. Tony Mendez era uma espécie de assessor técnico. Mas, na narrativa falsificada de Affleck, todo o heroísmo é reservado para seu alter ego.
A história real por trás da fuga evoluiu de outra forma. Durante os quase três meses em que os seis fugitivos estiveram escondidos, o governo canadense em Ottawa preparou documentos oficiais – passaportes, carteiras de motorista, até mesmo alfinetes com a bandeira –, enviados a Teerã via mala diplomática.
O papel da CIA foi forjar os vistos de entrada – mas até isso eles conseguiram ferrar. Os selos falsos continham um erro catastrófico feito por um agente, que se equivocou na data de entrada. Um membro da embaixada canadense, Roger Lucey, apontou a burrada (ele podia ler farsi, em oposição ao apparatchik da CIA). Lucey passou várias horas debruçado sobre uma lupa, forjando os passaportes e torcendo para que seu trabalho penoso passasse despercebido pelas autoridades.
Outro ato flagrante de omissão de Argo é que a CIA contou com Taylor para fornecer informações sobre o caos da tomada de reféns em curso na embaixada dos EUA, onde 52 americanos ainda estavam sendo mantidos em cativeiro pela Guarda Revolucionária. Taylor pediu a um sargento canadense, Jim Edwards, que saísse e monitorasse, com seu time, a área ao redor da embaixada dos EUA durante várias semanas, para uma possível missão dos Estados Unidos.
Edwards foi detido e interrogado por cinco horas, até ser liberado por volta da uma da manhã. “Nós bebemos um monte de uísque juntos”, Taylor recordou. “Ele poderia facilmente ter sido preso como um espião.”
Mark Lijek, um dos dois americanos que passaram 79 dias na casa de Sheardown, confirma o relato. “Toda a embaixada canadense passou a se concentrar em nossa sobrevivência e eventual saída, o que é praticamente sem precedentes na história diplomática”, Lijek explicou. “É triste que Argo ignore tudo isso.”


O passeio no bazar: só na cabeça do cineasta
O passeio no bazar: só na cabeça do cineasta

Argo também inventa três cenas-chaves que nunca aconteceram. A primeira é quando Affleck-Mendez leva os fugitivos a um local e atravessa um bazar iraniano. “Isso teria sido suicida,” diz Lijek. A segunda instância da imaginação fantasiosa de Affleck é a sequencia do aeroporto, no final, em que a Guarda Revolucionária interroga o grupo – o que simplesmente nunca aconteceu.
Finalmente, “Argo” inventa o clímax em que um jipe militar cheio de soldados armados persegue o avião na pista. “É tudo ficção”, conta Taylor. “Foi bom ir ao aeroporto – exceto por nossos nervos”.
Affleck é um homem cujo coração está normalmente no lugar certo. Ele apoia causas liberais, defende a liberdade de expressão, é delicado nas entrevistas e freqüentemente crítico da direita republicana. Mas ele ou é terrivelmente ingênuo ou estúpido quando se trata de sua leitura do registro histórico. Ele achou que seu bolo fofo de entretenimento lhe dava a “licença artística” para cortar, ajustar e mentir. Em uma entrevista ao Hollywood Reporter, afirmou que era um ex-estudante de assuntos do Oriente Médio da Universidade de Vermont e que escreveu um artigo sobre a revolução iraniana.
Mas, como um crítico freqüente da política externa americana e da administração Bush, por que Affleck decidiu cantar os louvores da CIA, que projetou a queda de Mossadegh e a subsequente substituição pelo Xá?
Ele deveria checar os fatos. Podemos perdoar a adição de um jipe ​​carregado de metralhadoras perseguindo um jato comercial. Podemos perdoar a adição de um tour suicida em um bazar lotado. Podemos até perdoar “Argo” por fazer John Sheardown desaparecer. Mas não há como desculpar uma visão manipuladora e irremediavelmente distorcida da realidade para maquiar uma peça de propaganda.

Para compreeender a rede de intrigas em torno da renúncia do papa






O mapa dos grupos que desestabilizaram papa



Bento XVI descobriu tardiamente que não governava sozinho. 

por Gilberto Nascimento, especial para o Viomundo

O cardeal alemão Joseph Ratzinger chegou a ser chamado de “rotweiller do papa”, nos anos 1980 e 1990. Era, então, o todo poderoso prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a antiga Santa Inquisição. Eminência parda de João Paulo II – a quem sucedeu, em abril de 2005 -, Ratzinger defendeu ferozmente a restauração do poder episcopal, a volta à ortodoxia.


Combateu a Teologia da Libertação e ajudou a dizimar a Igreja identificada com a opção preferencial pelos pobres, a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), principalmente na América Latina. Ratzinger foi o algoz do brasileiro Leonardo Boff, seu ex-aluno. Calou o teólogo franciscano com o “silêncio obsequioso”, em 1985.

No comando da Santa Sé, já como o papa Bento XVI, cercou-se de cardeais conservadores, fortalecendo uma linha de ação delineada no pontificado de João Paulo II. Deu poder a movimentos católicos de inspiração autoritária e ultraconservadora.

Incrustados na Cúria Romana, esses grupos iniciaram uma acirrada disputa pelo poder. Vários auxiliares foram acusados de desvios financeiros e envolvidos em outros escândalos, como os casos de pedofilia.

Sem controle da situação, Bento XVI –agora às vésperas de sua renúncia -, descobriu tardiamente que não governava sozinho. Em meio a uma rede de intrigas, vaidades e ambição, perdeu o comando. Se viu sem forças.

Nomeações feitas por ele sem seguir preceitos e hábitos comuns no Vaticano também geraram fortes reações. Ao recrutar antigos colaboradores, colocando-os em postos-chave, contrariou interesses de esquemas enraizados na Santa Sé.

Até os anos 1990, só se falava na divisão interna na Igreja entre os chamados conservadores e progressistas. Hoje, são os integrantes dos grupos mais à direita, incensados por Bento XVI, que o sabotam.

O papa, após anunciar sua renúncia, criticou “a divisão no corpo eclesial” que deturpa “o rosto da Igreja”. Denunciou a “hipocrisia religiosa” e o comportamento daqueles que querem “aparecer”, que buscam o “aplauso e aprovação”. Bento XVI só não identificou quem seriam esses “hipócritas” que lutam desbragadamente em busca do poder na Santa Sé.

À frente, nessas disputas, estão fortes correntes conservadoras na Igreja Católica, como a Opus Dei, considerada um verdadeiro “exército do papa”. O outro grupo mais expressivo é a Fraternidade de Comunhão e Libertação, cujos membros, por causa da fervorosa devoção, chegaram a ser rotulados de “stalinistas de Deus” e “rambos do papa”. No pontificado de João Paulo II eram os “monges de Wojtyla”.

A Opus Dei e a Comunhão e Libertação são os dois grupos com mais força atualmente na Igreja Católica. Mas despontam ainda outros movimentos como os Focolares, o Neocatecumenal e os Legionários de Cristo.

A Opus Dei, fundada em 1928 na Espanha pelo sacerdote Josemaria Escrivá (canonizado em 2002), cresceu no país durante a ditadura de Francisco Franco, de 1936 a 1975. Hoje, está em 90 países, com 89 mil seguidores em todo o mundo.

Seu objetivo, segundo os líderes, é difundir a vida cristã. Certas práticas atribuídas aos seguidores são criticadas, como um suposto hábito de golpear costas e nádegas com chicote. Adeptos seriam obrigados ainda a relatar aos superiores até seus pensamentos.

Grande parte dos integrantes da Opus Dei ocupa cargos de liderança e destaque na sociedade. A organização conta em seus quadros com cardeais, bispos e, ao menos, dois mil sacerdotes. Mantém instituições de ensino como a Universidade de Navarra (Espanha), um seminário em Roma, 600 colégios e 17 escolas de administração e negócios.

Seu braço para a área empresarial é o IESE Business School (Instituto de Estudos Superiores de Empresa), instalado também no Brasil e com planos de oferecer cursos no País – entre eles um de gestão de mídia – a 500 alunos. No Brasil, são ligados à Opus Dei o jurista Ives Gandra Martins e o professor de Comunicação Carlos Alberto Di Franco, entre , entre outros.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, revelou em uma entrevista que seu livro de cabeceira é “Caminho”, de Josemaria Escrivá. Disse ser admirador das ideias do sacerdote espanhol, mas nega ser seguidor da Opus Dei.

Presente em 80 países e com cerca de 200 mil simpatizantes, o movimento Fraternidade de Comunhão e Libertação tem como seu maior expoente o cardeal de Milão, Angelo Scola, ligado a Bento XVI. Foi fundado em 1954 na Itália pelo monsenhor Luigi Giussani e hoje é dirigido pelo espanhol Julián Carrón. Seus integrantes propõem a cultura como “chave de leitura da história”. Os conflitos na sociedade, na visão deles, devem ser analisados a partir da cultura e não da luta de classes ou de questões econômicas.

Fundado em 1943, na Itália, por Chiara Lubich, o movimento Focolares reúne hoje 100 mil membros. Tem como um de seus principais representantes em Roma o cardeal brasileiro João Braz de Avis, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. É um nome bastante citado como papável. Ex-arcebispo de Brasília, Avis ainda integra o Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos.



O movimento Focolares é considerado uma “associação de fiéis de caráter privado e universal de direito pontifício” e seus integrantes se dizem “consagrados na pobreza, castidade e obediência”.

Presente em 15 mil comunidades de 105 países e com um milhão de seguidores hoje, o movimento Neocatecumenal surgiu em Madri, nos anos 1960. Foi criado pelo pintor espanhol Francisco Argüello. Seu objetivo era ajudar paroquianos a buscar a evangelização numa época de sociedade “descristianizada”.

Outra corrente religiosa, a Congregação dos Legionários de Cristo, foi criada em 1941, na Cidade do México. Seu fundador, o padre mexicano Marcial Maciel, foi acusado de abusar sexualmente de seminaristas menores de idade. Após denúncias e visitas de uma comissão nomeada pelo papa Bento XVI, a organização sofreu uma intervenção da Santa Sé.

Em meio a esse emaranhado de grupos, visões e interesses distintos, os conflitos na Cúria Romana se avolumaram. Na busca pelo poder, cargos são disputados ferrenhamente.

Ao nomear representante de um grupo para um posto importante, o papa desagrada outros. Tensões ocorreram, por exemplo, a partir de indicações como a do italiano Ettore Gotti Tedeschi, ligado à Opus Dei, para o Instituto de Obras Religiosas (IOR), o banco do Vaticano. Tedeschi assumiu em 2009 e foi demitido no ano passado, por má gestão.


Amigo do papa, Tedeschi teria sido vítima de um complô armado por conselheiros da instituição financeira para desmoralizá-lo. Por trás, estaria o cardeal Tarcísio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, segundo documentos vazados no chamado escândalo VatiLeaks. O banco, conforme denúncias, recebia dinheiro de origem duvidosa.

A nomeação do próprio Bertone para a Secretaria de Estado teria gerado insatisfações. O motivo seria o fato de Bertone não vir da área diplomática, o que seria uma tradição na Cúria Romana nas indicações para tal cargo. Ex-secretário de Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé, Bertone é salesiano.

Bento VXI também removeu do cargo de porta-voz do Vaticano o espanhol Joaquim Navarro Valls, um quadro da Opus Dei bastante próximo de João Paulo II. Valls ocupava a função havia 22 anos e foi substituído pelo padre jesuíta Federico Lombardi.

Outra atitude considerada incomum foi a remoção, em 2011, do cardeal Angelo Scola, então primaz de Veneza e detentor de vários cargos na Cúria Romana, para o posto de arcebispo de Milão.

Scola, do movimento Comunhão e Libertação, é apontado como um dos favoritos para a sucessão de Bento XVI. Sua ida para Milão pode ter sido um indicador, segundo vaticanistas, de que seja o nome preferido pelo papa para sucedê-lo. O papa também transferiu um bispo brasileiro, Filipo Santoro, de Petrópolis para uma diocese da Itália, a fim de que ele pudesse servir mais de perto ao movimento Comunhão e Libertação.

Ex-assessor da CNBB e estudioso dos assuntos do Vaticano, o padre Manoel Godoy, diretor-executivo do Instituto Santo Tomás de Aquino (de Belo Horizonte), alerta que o próximo papa deverá fazer mudanças profundas na Cúria Romana para não virar refém das atuais estruturas de poder. Segundo Godoy, cardeais eméritos que continuam na Santa Sé acabam formando grupos de conspiradores capazes de desestabilizar o papado. “Os cardeais aposentados ficam lá. Têm muito tempo para arquitetar planos e propostas e não deixam o papa governar”, constata.

Alguns desses cardeais, como os italianos Angelo Sodano, decano do Colégio Cardinalício, e Giovanni Batista Ré, o eslovaco Josef Tomko e o colombiano Dario Castrillón Hoios, seriam simpáticos a interesses defendidos pela Opus Dei.

Fonte :http://bogdopaulinho.blogspot.com.br/#!/2013/02/o-mapa-do-inferno-no-vaticano.html 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Bodas de ouro : Jarismar Gonçalves e Titica

Jarismar Gonçalves, Titica e os netos

 O que são 50 anos? Para quem viveu, um bom pedaço de tempo. Para a história, um rápido momento. Para o universo, nada.
O tempo passa. E nós - tão preocupados com as responsabilidades, as coisas por fazer, as contas para pagar, os compromissos para cumprir - não vemos a vida passar. Estamos sempre pendentes de horários, sacrificamos o importante para atender o urgente, damos conta que o mês passou quando chegam os contracheques e as contas do mês seguinte. É difícil imaginar o que representa meio século de vida principalmente para os mais jovens. Mais difícil ainda é atravessar 50 anos a partir de um marco de responsabilidade da vida adulta e sobretudo compartilhar uma construção durante tanto tempo. Os filhos são efetivamente uma construção que se expande sem fronteiras para além de nós mesmos.

Coloquemos a vida dentro de um tempo histórico. Tanta coisa aconteceu de 1963 até 2013. Se quisermos começar de casa, atravessamos uma ditadura cruel, vimos a democracia voltar e a luta para que outras ideias tivessem espaço no contexto político brasileiro. Quantas crises econômicas atravessamos ao longo desse tempo. Migramos definitivamente do campo para a cidade. Sofisticamos o nosso estilo de vida abraçando costumes e modos que nunca foram nossos. Na música, quantas revelações vindas dos festivais. Passamos pelo iê-iê-iê, pelo tropicalismo, pelo rock brasiliense, desembarcamos no axé, no brega, no funk. E na vida coube tudo isso e muito, muito mais.
O mundo virou pelo avesso. A guerra fria. O homem pisou na lua. A revolução cultural da China. A independência das colônias que fez surgir tantos países. A mudança nos mapas com o ressurgimento das repúblicas oriundas da URSS. O feminismo. A pílula anticoncepcional. A pressão das minorias. A vida pautada pelo efêmero. As novas tecnologias redimensionando as relações sociais e trazendo o mundo pra dentro de nossa casa. E o mais recente, a renúncia do papa. Quantas coisas mais que repercutiram direta ou indiretamente no nosso cotidiano.

Tudo isso em 50 anos. Não é nada mas representa a imposição de compreender as mudanças e mudar com elas. Quem constrói uma família para o futuro sabe o que tudo isso significa.
No contexto da vida doméstica, nenhum desafio é maior para um casal que a rotina da convivência. Administrar as diferenças, atravessar crises e problemas, cultivar o afeto, manter um projeto de vida comum, saber perdoar, lutar para não perder o encantamento, saber a hora de cuidar dos filhos e de cuidar de si mesmos. Não é fácil nem acredito que uma vida em comum se constrói só com e pelo amor. Viver a dois é sobretudo uma questão de competência. Não é pra qualquer um. Por essas e outras é que mantenho uma profunda admiração pelas pessoas que são capazes de encarar o maior desafio: atravessar a rotina sem perder o rumo.

Parabéns, Jarismar e Titica. Para vocês, o meu abraço e o desejo que muitas outras bodas venham adiante encontrando toda a família com saúde, paz e amor.
ML

Deu no Ipaumirim.com

[Ipaumirim-CE] Segunda manifestação na BR 116 . Lutamos por lombadas eletronicas


 
 
 

Foto do FB de Argemiro
 
                                     
 
Protesto na BR 116 próximo ao Distrito Felizardo (Ipaumirim – Ceará)
Essa é a segunda manifestação feita pelos moradores do distrito que protestam contra a falta de sinalização adequada e necessária no trecho da rodovia próximo à entrada da localidade.
A manifestação ocorreu na manhã de hoje (24/02), quando os moradores interromperam o trânsito de veiculos na BR 116 nas proximidades do cruzamento desta rodovia com a BR 230.  Primeiro,  a “barreira” foi feita pelos próprios manifestantes e logo depois foram colocados galhos e folhas secas e ateado fogo.
 

Álbum da semana

 Adolfo, de Flávio Lúcio, e família


 Idalina e Letícia


 Dáozinho de Melo e Ana Sofia (bisneta)


Chico Maria: 97 anos
Edmilson Quirino (Jia) e filhos 

Expedito Dantas: 83 anos

Fátima Jorge e Nádia

Fátima Lemos e amigas

 Flamarion Santana

 Joãozinho (de Jesuíno) e família

Joselba e Cineide

 Luiz Antonio (de Luizita) e filha

 Olga e sua prima Carolina



Família Brasil

Oscar: 85 anos de ven­ce­do­res na cate­go­ria de melhor filme em apenas 4 minutos

Um drama a menos


Como remover os pontos negros do nariz?

O melhor momento para remover os pontos negros é depois de tomar um banho com bastante vapor. A umidade e o calor fazem com que os poros se abram de uma forma suave que não prejudica a pele.


Loção de limão:
Junte sumo de limão com açúcar
Misture bem os ingredientes.
Coloque a loção na área afetada e deixe atuar durante alguns minutos.
Remova a loção com água morna.

Máscara de abacaxi e mel
Misture uma colher de sopa de mel com sumo natural de abacaxi ou ananás q.b.
Com a ajuda de um pincel aplique a máscara.
Deixe atuar durante aproximadamente dez minutos.
Remova a máscara com água em abundância.

Truque do tomate
Corte um tomate ao meio.
Esfregue uma das metades na zona afetada.
Deixe atuar durante cerca de quinze minutos.
Lave a sua cara com água morna.

Truque da clara de ovo
Umedeça a zona onde tem os pontos negros com clara de ovo.
Corte tiras de papel absorvente de cozinha do tamanho necessário para cobrir as zonas afetadas.
Espalhe clara de ovo sobre as tiras. Quanto maior for a quantidade melhor (sem exageros, claro).
Deixe atuar entre trinta minutos a uma hora.
Quando as tiras estiverem rijas, retire-as. Os pontos negros devem sair agarrados ao papel.
Lave a cara com água morna.

Para cuidar da saúde da sua pele, lembre-se sempre de tirar cinco minutinhos para retirar a maquiagem e para a hidratar diariamente. Uma vez por semana esfolie a sua pele para retirar as células mortas. Uma dica caseira de esfoliante é a seguinte: Junte ao seu hidratante diário um pouco de açúcar e passe no seu rosto. Em seguida retire o produto com água.
Mex Erikando


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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013