quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Peleja virtual



A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta
por Braulio Tavares

A Cantoria tem motes tradicionais, motes que vem sendo glosados ha décadas, mas que não se desgastam. Quando um cantador profissional se depara com um destes motes, mais do que simplesmente compor uma glosa ele se interessa em descobrir um novo ângulo, uma nova rima; em pegar um mote já muito explorado e descobrir algo que nunca tinha sido dito antes.
O mote "A marreta da morte é tão pesada / que a pedreira da vida não agüenta" surgiu numa cantoria a que eu assisti lá pela década de 1970. Depois, conversando com os cantadores, elogiei a beleza da imagem sugerida pelo mote. Ivanildo Vila Nova comentou: "É bonito, mas todo mundo já cantou esse mote, e ele não tem muita riqueza de rimas. Tem uma hora em que a gente é obrigado a ficar falando em idade: sessenta, setenta, oitenta ... "
Voltei para casa com o mote na cabeça, e o resultado foram as estrofes que se seguem. Algum tempo depois, coloquei uma nova melodia nelas e as cantei em muitas apresentações minhas.
Convocamos a todos os poetas, cordelistas e cantadores para glosarem o mote:
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta
Tá valendo!
Envie sua participação para: editores@interpoetica.com .

BRÁULIO TAVARES
Esta vida é uma nuvem passageira
e é de perto que a morte a acompanha:
até mesmo a mais sólida montanha
todos sabem que é feita de poeira.
E eu comparo esta vida a uma pedreira
majestosa, elevada e pardacenta,
mas a morte, com mão sanguinolenta
quebra pedra por pedra à martelada.
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

****
Também penso que a morte é um martelo
fabricado de ferro, chumbo e aço
que derruba pedaço por pedaço
um rochedo imponente, forte e belo.
Não tem muro ou parede de castelo
que resista ao poder da ferramenta
que é mortífera, dura e violenta
e espatifa com o peso da pancada.
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

****
Certas vezes eu penso que a morte
é igual a marreta impaciente
quando bate na rocha resistente
e não acha uma pedra que a suporte.
A marreta então bate, bate forte,
chega o ferro avermelha quando esquenta,
e essa rocha tão forte se arrebenta
se transforma em poeira bem pisada ...
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

****
Tem quem diga que a morte é uma mulher
que vem sempre munida de uma foice,
ou então e um bicho que da coice
e espedaça o lugar onde ele der.
Venha ela do jeito que vier,
e feroz igualmente uma jumenta
que põe fogo e fumaça pela venta .
e assassina com uma só patada.
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

****
A pessoa doente, enfraquecida,
sente a morte fazendo seu assédio;
toma chá, injeção, soro e remédio
adiando o momento da partida.
O doutor quer salvar a sua vida
mas a morte e teimosa e ciumenta,
bem na beira da cama ela se senta
com a foice na mão tão descarnada.
A marreta da morte e tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.


ADEMAR RAFAEL FERREIRA
[12/01/2009]

Pós doutor que acha que a ciência
É a única verdade do universo.
Corrobora como teor de cada verso,
Lá do topo de sua prepotência.
Não enxerga que a divina providência,
Determina quando a morte se apresenta.
E com golpe certeiro ela arrebenta
O vivente que cruza sua estrada.
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta.

ALBERTO OLIVEIRA
[13/01/2009]

Hoje eu sei da poeira da estrada
E do verso na minha companhia
Não descanso na noite nem no dia
E o vento me segue na jornada
O seu canto é o tom para a toada
Para estrofes na tarde pardacenta
E assim eu encaro essa tormenta
Nessa luta esperando a desditada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta.

MARCO DI AURÉLIO
[13/01/2009]

Eu mandei um recado para a Morte
lhe dizendo que sou de Cabaceira
que se ela vier com brincadeira
me buscar sem trazer um grande mote
eu lhe monto de espora em seu cangote
lhe cutuco no vazio com a sessenta
quero ver a pisada que ela inventa
eu mesmo desconfio dessa piada
qu’“A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta”.

JORGE DE SOUZA
[13/01/2009]

Quanta coisa por nada se esfarela
Ou ao sopro mais chochinho se esboroa...
Não pense ser a vida coisa - à – toa
Pois essa frouxidão não se vê nela.
No entanto, já lhe abate a procela,
Tempestade cevada nos quarenta,
Culminando nas falhas dos cinquenta
Quando o infarto lhe tasca a marretada...
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta.

JOÃO EVANGELISTA RODRIGUES
[Belo Horizonte, 14/01/2009]

Esta vida é uma nuvem passageira
todos sabem que a vida é uma poeira
no espaço infinito do Universo
mesmo assim fazem dela uma feira
vivem tudo pelo avesso do inverso
só me assusta que sabendo ninguém vê
que a morte anda solta na algibeira
só se aprende com o que mostra a TV
feito a vida fosse apenas brincadeira
mas a vida frente a morte não é nada
pois é dela que a vida se sustenta
a marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

ÉSIO RAFAEL
[14/01/2009]

É possível que se suporte a guerra
O terror que envolve a humanidade
A doença a fome e a maldade
A poesia sumindo dessa terra
O mocó que fugiu do pé da serra
Mesmo assim o batente se sustenta
Mas a morte com outra ferramenta
Deixa a foice já cega e aposentada
"A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta".

ANDRÉ SARAFIM
[Iguaracy/PE, 16/01/2009]

O cabôco quando intera sua sina
e a velhinha da foice lhe aparece
por mais que ele faça prece
ela lhe agarra com força de menina
e a beleza da vida que fascina
não existe quando passa dos sessenta
se lhe resta coragem inda tenta
mas sem êxito ele se entrega a malvada
a marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não aguenta.

PEDRO PERNAMBUCO
[16/01/2009]

A Morte tão medonha e tão Divina
Maior símbolo de Medida e de Justiça:
Ao mendigo e ao rei, cheio de cobiça,
Tão voraz Ela vem e elimina.
Não há cor nem há credo, Ela extermina
Vaidade, maldade, alma avarenta
Se Ela chega, fortaleza se arrebenta
E fraqueza aos Seus pés fica agachada
A marreta da Morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta.

JOSESSANDRO ANDRADE
[Sertânia/PE, 18/01/2009]

Eu tenho medo de morrer tão moço
Com tantos filhos inda pra criar
Muitas mulheres também para amar
E idéias no juízo em alvoroço
A cachaça dando no pescoço
De trabalho já sobrecarregado
Numa viagem ser acidentado
E neste inferno o meu ser se atormenta
O martelo da morte é tão pesado
Que a pedreira da vida não agüenta

ANTONIO JEORGE
[22/01/2009]

Me disseram que a morte é uma serpente
Que se enrola ligeira no pescoço
Se ela chega é aquele alvoroço
Tão maior quando é morte de repente
A macabra aperreia tanto a gente
Que o juízo no quengo até se esquenta
Sei que a morte morrida é violenta
Mas é bem mais pior morte matada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta
****
O pesado batuque do martelo
Sigo em frente depois me esfarelo
Vou-me embora da vida sem retoque
O martelo que ao fazer seu toc-toc
Lembra a foice da morte embolorenta
Que não teme nem cruz nem água benta
E não pode sequer ser retardada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta

****
Quando a vida aparece no horizonte
Outra morte acontece em algum recanto
Se alguém nasce é ouvido o mesmo pranto
De alguém que enfim se encantasse
Nossa vida é um eterno morre-nasce
Carrossel que veloz se movimenta
Se a morte, a vida complementa
É porque ela é vida disfarçada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta

MARCOS PASSOS
[27/01/2009]

NO COMEÇO, A HISTÓRIA É FANTASIA
E OS CAMINHOS REPLETOS DE BONANÇA;
VIAJAMOS COM FÉ E ESPERANÇA,
PERCORRENDO A ESTRADA DA ALEGRIA.
MAS DEPOIS VEM O PRANTO E A NOSTALGIA,
LADO A LADO COM A DOR E A TORMENTA.
COM SAÚDE, A PESSOA TUDO ENFRENTA,
SEM VIGOR, TUDO VAI FINDAR EM NADA.
A MARRETA DA MORTE É TÃO PESADA
QUE A PEDREIRA DA VIDA NÃO AGUENTA!

CARLOS CALDAS
[Recife, 29/01/2009]

Sei que a dor por si só não engrandece
Nem gera poema em copo de aguardente
Nunca a morte fez do seu ato, comovente
Segregando o homem e o seu verso
É gangrena que ceifa o alicerce
Satanás perdido em rima santa
Lápis que não risca a folha branca
Numa indecente morte do poeta
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta

JOSÉ ANDRADE
[31/01/2009]

nós vivemos imensamente
prazeres que a vida traz
desde nossos ancestrais
esse amor se fundamenta
por mais que seja sedenta
a vida vale um viver
mas a gente se arrebenta
e chega o fim da jornada
a marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não aguenta

RICARDO AMORIM
[03/02/2009]

PRA MORRER BASTA TÁ VIVO
EITA DITADIN MAIS LASCADO
O CABA NASCIDO DISPEJADO
DAS ENTRANHA DA MÃE E DO SERTÃO
CRIADO CUM LEITE DE JUMENTA
FICA FORTE MATA ONÇA COM AS MÃO
DE REPENTE UMA GRIPE MAL CURADA
E O CABÔCO É LEVADO PELA MISERENTA
A MARRETA DA MORTE É TÃO PESADA
QUE A PEDREIRA DA VIDA NÃO AGUENTA

LEONAM QUIRINO
[07/02/2009]

Ameaça da morte é tão cruel
Que me fez atender ao seu apelo
Nunca havia encarado esse novelo
De juntar duas palavras num cordel
Comecei a escrever e dar risada
Pois falar de morte não comenta
Pesa o ar e a alegria afugenta
Se brincar só termina em trapalhada
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

****
Sou alegre, faceiro e bonito
Sou modesto, saudável e bem disposto
A alegria ilumina o meu rosto
Me levando quase sempre ao infinito
No concreto real da empreitada
Água e pó misturada é lamacenta
A certeza de outra vida se apresenta
Uma visão mais alegre e estampada
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta

****
Se associa sempre a morte à idade
Isso é coisa que não tem comparação
Feminina, apresenta mansidão
Porem chega com intempestividade
Se mostrando anuncia o fim de linha
Sendo velho, moço ou criancinha
Mesmo o Busch viu a bota em sua venta
A bichota nunca nega a sapatada
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

****
Pedra bruta é formato inicial
Que o cinzel da vida dá modelo
Lapidando devagar com maior zelo
Finaliza seu contato laboral
Numa luta constante e desigual
A borracha do tempo afugenta
O deslize eventual que aparenta
Uma falácia, por um outro observada
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

****
Finalizo bem ciente que estou vivo
Atingindo a metade da jornada
Sabedor de um processo progressivo
No cultivo de uma árvore já plantada
Me preparo pra subir mais um degrau
Combinando de forma consensual
O momento de vestir a vestimenta
P'ra atingir a tal porta escancarada, pois
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não agüenta.

ZITO JR.
[08/02/2009]


Fim de mundo, previsões revisitadas,
Nostradamus com seus olhos mais além
Lá na feira, uma cigana diz a alguém
Que a vida possui coisas limitadas...
Têm-se pontes e paredes levantadas
Vez por outra, uma risada agourenta
Faz a fé caminhar em marcha lenta
E a esperança fugir em revoada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não aguenta.

SUSANA MORAIS
[15/02/2009]

Nossa vida se compara com a rocha
É tão forte, nem parece passageira
Muita gente leva a vida em brincadeira
Se esquecendo que ela é fogo de tocha
Reconhece quando ela desabrocha
Mas esquece que no fim ela atormenta
Quando sente a martelada é que tenta
Melhorar sua vida já passada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta

****
E depois sem saúde é que vê
Como a vida que levara era boa
Mas perdia o seu tempo todo à toa
Preocupado sempre em mais ter
No final quando pode perceber
Tudo aquilo em que ela representa
Se sentiu bem no meio da tormenta
Como alguém quando leva uma pancada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta

****

É por isso companheiro que prossigo
A procura de amigos sempre ter
Ter amigos é melhor que ter poder
Ouça bem o conselho que te digo:
Sempre entenda que a vida é um abrigo
E de Deus ela é a ferramenta
Pois assim ela sempre se apresenta
E a morte nem se torna tão malvada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta

WELLINGTON VICENTE
[Porto Velho, 02/11/2009]


Quando o tempo alinha os seus ponteiros
E o destino determina aquela hora
A esposa lamenta o filho chora
Ficam tristes os inúmeros companheiros
Mas aí já passaram alguns janeiros
Podem ser vinte, trinta, até noventa
Quando a corda do relógio se arrebenta
É porque terminou nossa jornada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

****
Independe de nível social
Pode ser rico, pobre, branco ou preto
Não existe simpatia ou amuleto
Que consiga desviar deste final
Se na vida foste bom, simples, leal
A balança das virtudes acrescenta
Ao contrário o Arcanjo só lamenta
Fica triste, mas não pode fazer nada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

FRANCISCO DE ASSIS SOUSA
[20/03/2009]


quem escapa vai experimentando
o sabor dessa tal realidade
se o depois realmente for verdade
é feliz quem aqui fizer o bem
se enfim a certeza não se tem
do depois do fim desse aqui
se depois nada existir
cadê a punição? que o mau enfrenta
a marreta da morte e tão pesada
que a pedreira da vida não aguenta

****
na constancia que vem do dia a dia
nasce a luta pela sobrevivencia
num sistema que longe da clemencia
ignora o infeliz tão explorado
e este mesmo mantem alienado
algemado na gruta da tormenta
que nem mesmo as pedras lhe afuguenta
vive assim esperando tal porrada
a marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não aguenta

ISMAEL GAIÃO DA COSTA
[21/03/2009]


Aprendi que a vida vai ter fim
E desta triste sina não se escapa
A pedreira da vida nos dá tapa
Mas queria viver pra sempre assim
Saber que eu vou embora é bem ruim
Tenho raiva da morte, essa nojenta
Se eu pudesse quebrava o pau da venta
E rasgava o oiti desta safada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

****
Nossa vida é uma simples fantasia
Tão pequena que nós vestimos juntos
E no dia que formos só defuntos
Para sempre se acaba a alegria
Cada obra que aqui a gente cria
Se espedaça e não se sedimenta
Porque a morte cruel e truculenta
Passa em cima e a deixa esfarelada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

IVAN SOUZA
[07/04/09]

A cantiga da vida é uma só
É viver e encontrar felicidade
Mas o bom é viver sem vaidade
E também estar pronto pro pior
Se um dia você se encontrar só
E o peso da cruz quase arrebenta
De todas maneiras você tenta
Se apegue com Deus nessa jornada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta

****

Já se sabe o futuro a Deus pertence
E não podemos contar mais com o passado
O presente tem que ser bem trabalhado
E que só trabalhando a gente vence
Mas um dia a gente se convence
Que mais cedo ou mais tarde se arrebenta
Seja com nove anos ou com noventa
Vai cruzar fatalmente nossa estrada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta

****

Diante disso só posso concluir
Que devemos fazer sempre o melhor
Porque essa história eu sei de cor
E que dela ninguém pode fugir
Sei que um dia esse sono eu vou dormir
E em pouco eu serei só ementa
Não importa com que se pavimenta
Cedo ou tarde será incinerada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta


JURANDIR SILVA
[08/04/2009]


Minha vovó já dizia
Quem não morre novo de velho não escapa
Vem a morte lhe dá um tapa
Joga o ente na tumba fria
Se acaba a alegria
E o viço que aparenta
Seja calma ou violenta
A morte não é nada engraçada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

****
É pedra, areia e cimento
Na formação do concreto
A morte é destino certo
Sem nenhum impedimento
Pois seu único sentimento
É vento que não venta
Pra matar, o jeito que ela inventa
É uma piada mal contada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

****
A poesia não se consola
E eu acho uma covardia
Morrer um cantador de cantoria
Ficar viúva a viola
Minha língua se enrola
A cultura se lamenta
Minha lagrima não se sustenta
Minha garganta fica travada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

****
Mas tudo tem um objetivo
Venha a morte então me mate
A poesia ela maltrate
Com seu poder altivo
Morto na terra, no céu eu vivo
Onde minha viola e eu se "apresenta"
Nosso Senhor e os anjos se "assenta"
Para ouvir nossa toada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta.

MECA MORENO
[07/05/2009]

As esposas, os filhos, os maridos
Os irmãos e as mães, também os pais
Os amigos, avós e outros mais
Digam sempre um amém pros tempos idos
Agradeçam por seus entes queridos
Na jornada que é mansa ou truculenta
Não importa se é clara ou se é cinzenta
Se é lenta ou se vai em disparada
A MARRETA DA MORTE É TÃO PESADA
QUE A PEDREIRA DA VIDA NÃO AGUENTA

MARCELO TADEU MELO
[Iguaracy-PE, 10/06/09]

Quando a vida resolve padecer
Logo dá um recado pro seu dono
Pra mudar de projeto e de plano
E procurar ter cuidado no viver
"Veja bem o que você vai fazer
É melhor mudar logo pra polenta,
Nunca mais exagere na pimenta
E cuidado ao comer uma buchada
"A marreta da morte é tão pesada,
Que a pedreira da vida não aguenta.

CARLOS AIRES
[Carpina-PE, 02/07/09]

Todo jovem passando essa etapa
Com bravura heroísmo e firmeza
Quando chega a velhice tem certeza
Que de um golpe letal jamais escapa
De uma vez excluindo-o desse mapa
Por mais forte que seja se arrebenta
Com a pancada cruel e violenta
Transformando-o em rocha triturada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta

****

E diante da dita não tem forte
Um gigante ante a ela cambaleia
Da pequena formiga a uma baleia
Não respeita tamanho nível ou porte
Ferimento mortal causa seu corte
E sem ter calmaria é só tormenta
Causa dor e tristeza e não lamenta
Nem respeita a família enlutada
A marreta da morte é tão pesada
Que a pedreira da vida não agüenta

DUVAL BRITO
[Paulo Afonso/BA, 16/08/2009]

Tem gente com fama de valente
que vive praticando violência,
esquecendo que nossa existência
depende de um viver consequente;
Abusa da vida, mas de repente
sua autoconfiança o desatenta,
de morte prematura não se isenta,
num instante sua vida é encerrada.
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não aguenta.

****
A morte leva idosos e doentes
jovens e saudáveis também vão
tenho visto muita gente no caixão,
que não morreram de acidentes.
De morte natural, adolescentes
morrem menos, isso nem se argumenta.
Para a morte natural, ou a cruenta
a criatura já nasce predestinada.
A marreta da morte é tão pesada
que a pedreira da vida não aguenta.

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