sábado, 19 de dezembro de 2009

EM FORTALEZA : menos jovens usam drogas


Estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) põe à mostra os hábitos, costumes e riscos vividos pelos estudantes de escolas públicas e particulares de Fortaleza e das demais capitais brasileiras, além do Distrito Federal. Os números colhidos na Capital cearense dão novo ânimo aos que defendem a educação como o principal antídoto para deter o avanço do consumo de drogas e da violência entre os jovens.

Os números colocam Fortaleza como a terceira capital nordestina com menor índice de uso de drogas ilícitas pelos estudantes, perdendo apenas para Salvador e Maceió; e a sétima do País. O levantamento aponta que apenas 7% dos adolescentes cearenses avaliados - 2.340 alunos da faixa etária de 13 a 15 anos - já usaram alguma droga ilícita alguma vez, entre maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança-perfume e ecstasy. Os escolares do sexo masculino foram mais frequentes no uso de drogas ilícitas (10,6%). Entre as mulheres, o percentual foi de apenas 3,9%.

A Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (Pense 2009) também investigou temas relacionados à segurança no deslocamento para a escola e na escola, à agressão física, ao uso de arma de fogo e branca e bullying (diversos níveis de violência, desde chateações até fatos agressivos). Os dados colhidos apontam que, nos últimos 30 dias antes da pesquisa, 7,4% dos jovens não comparecerem às aulas por falta de segurança no trajeto casa-escola e 11,4% adotaram o mesmo comportamento por conta da violência dentro da escola pública.

Por outro lado, nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, 9,7% dos alunos se envolveram em brigas com agressão física, chegando a 14,3% entre os meninos e 5,8% entre as meninas, inclusive com o uso de armas brancas ou de fogo. O quadro mostra que a violência entre adolescentes tem emergido como problema de grande relevância, sendo que a luta (briga) física é a manifestação mais comum de violência interpessoal entre os jovens.

Agressão familiarSe não bastasse, 9,1% dos estudantes ouvidos declararam ter sofrido agressão por algum adulto da família, distinguida em quatro tipos: física, sexual, emocional e a negligência. Em todos os locais, a Pense levou em conta apenas estudantes que frequentam o 9º ano do Ensino Fundamental. Em Fortaleza, foram visitados 46 instituições.

A estimativa dos pesquisadores é de que a Capital conte com 39.226 jovens frequentando o 9º ano do Ensino Fundamental, sendo 29,7% em escolas particulares e 70,3% em públicas. Cerca de 46,5% do total são homens e 53,5%, mulheres.Um dado que chama a atenção é que 32,3% das mães dos estudantes ouvidos não têm instrução ou possui apenas o Ensino Fundamental incompleto.

A Pense foi realizada a partir de convênio entre o IBGE e o Ministério da Saúde. Com a pesquisa, amplia-se o conhecimento sobre as características de saúde dos jovens. De posse dos números, as instâncias Executiva e Legislativa e demais agentes terão informações confiáveis para a definição de políticas públicas para os jovens.


AÇÃO PREVENTIVA

Polícia e educadores priorizam orientação


De acordo com Germano Campelo, diretor da Divisão de Proteção ao Estudante (Dipre), da Polícia Civil, o que tem sido feito em relação à falta de segurança nas escolas é levar conhecimento aos alunos para que possam ter informações fidedignas em relação às drogas, principais fomentadoras da violência.

A questão foi levantada ontem pelo Diário do Nordeste, em matéria abordando o crescimento da violência entre os jovens fomentada pelo narcotráfico com base na pesquisa "Cartografia da Criminalidade e da Violência em Fortaleza".

Para Campelo, a insegurança vem se expandindo em várias vertentes, o que tem causado, nos alunos, medo de ir à escola. O diretor do Dipre acrescenta que os estudantes estão partindo para violência física entre eles mesmos, professores e educadores e defende o combate às drogas e à violência por meio de palestras de sensibilização.

Em relação aos que já consomem drogas, esporádica ou frequentemente, diz que a solução é conscientizar de que as drogas prejudicam a saúde e matam. "Trabalhamos na Dipre com profissionais especializados em cada tipo de droga, e existe, ainda, a preocupação em formar educadores parceiros da prevenção do consumo. E não podemos esquecer das famílias dos jovens e da comunidade, que devem também ser trabalhados".

A titular da Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), Lúcia Maria Gomes, diz que existem relatos de uso de drogas e álcool nas escolas e que a Sefor orienta sobre as consequências do consumo. Ela explica que, mesmo com as orientações, cada escola tem liberdade de fazer projetos para ocupar o tempo dos jovens.

FERNANDO BRITO
REPÓRTER

Nenhum comentário: