A partir de janeiro de 2010 a Rede Globo de Televisão transmitirá uma minissérie centrada na figura de Dalva de Oliveira, uma das minhas cantoras favoritas e ídolo inconteste da geração das cantoras do rádio. O blog do Paulo Henrique já adiantou algo da minissérie e o Chiadofone já entrou com um post sobre o tema.
A par de relembrar a grande cantora e as composições que marcaram o fim do conturbado casamento com Herivelto Martins, o que decerto alimentará o enredo da novela e cada um avaliará como quiser ao assisti-la, o intuito desse post não é seguir nem a tentação de recontar musicalmente os compassos e descompassos do relacionamento, nem fazer mais uma apologia ao talento de qualquer das partes.
Pelo que pude perceber do pouco que já vi da minissérie, a música brasileira da virada dos anos 1940 para os anos 1950 não será o foco da emissora, pois as composições de Dalva e Herivelto poderão ser consideradas apenas um produto direto das vivências do casal na fase crítica do casamento, manifestando cada um o seu brilho como intérprete e compositor.
Pelo que pude perceber do pouco que já vi da minissérie, a música brasileira da virada dos anos 1940 para os anos 1950 não será o foco da emissora, pois as composições de Dalva e Herivelto poderão ser consideradas apenas um produto direto das vivências do casal na fase crítica do casamento, manifestando cada um o seu brilho como intérprete e compositor.
Então, nosso foco neste post é destacar que a história toda que cerca o desquite de Dalva e Herivelto foi na verdade uma grande alavanca para suas carreiras e, sobretudo, ajudou a fixar uma temática dominante na música brasileira durante uma década inteira: a do amante abandonado e profundamente magoado com o fim da relação.
Desde o final dos anos 1930 o gênero samba-canção abria as torneiras dos corações que vazavam sua mágoa, mas essa tendência ficou ainda mais forte nos anos 40, nas inesquecíveis interpretações, por exemplo, de "Bom dia" (Linda Baptista e as Três Marias, Victor 34.962-A, 1942) e de "Saia do meu caminho" (Araci de Almeida, Odeon 12.686-B, 1946). Nem precisa dizer o que aconteceu quando os boleros começaram a reinar por aqui, depois do fim da Segunda Guerra.
Desde o final dos anos 1930 o gênero samba-canção abria as torneiras dos corações que vazavam sua mágoa, mas essa tendência ficou ainda mais forte nos anos 40, nas inesquecíveis interpretações, por exemplo, de "Bom dia" (Linda Baptista e as Três Marias, Victor 34.962-A, 1942) e de "Saia do meu caminho" (Araci de Almeida, Odeon 12.686-B, 1946). Nem precisa dizer o que aconteceu quando os boleros começaram a reinar por aqui, depois do fim da Segunda Guerra.
Isso significa que, já em "Não é horário" (Trio de Ouro, Odeon 12.741-A, 1946), Dalva e Herivelto perceberam que esse tipo de repertório rendia. Tanto é que muitos compositores se deram bem ajudando a cada uma das partes quando a bomba estourou.
Embora a verdade é que Dalva e Herivelto sofreram um verdadeiro bombardeio de nossa imprensa (já naquela época!) bastante equivocada, vulgar e disposta a tudo em se tratando de vender mais, o desquite rendeu-lhes, porém, uma rica batalha mediada por discos dos mais importantes da década de 1950.
(Retirado da biografia de Peri Ribeiro, 2005)Embora a verdade é que Dalva e Herivelto sofreram um verdadeiro bombardeio de nossa imprensa (já naquela época!) bastante equivocada, vulgar e disposta a tudo em se tratando de vender mais, o desquite rendeu-lhes, porém, uma rica batalha mediada por discos dos mais importantes da década de 1950.
Neste post algumas dessas gravações contam a história toda, mas de uma forma diferente. Preferimos mostrar como o tipo de composição descrita mais acima decidiu a carreira de ambos para muito além do divórcio. Ou seja, não deixamos de admitir que algumas composições foram respostas públicas dadas à provocação de um ao outro, mas insistimos que o tipo de repertório tinha um alcance muito maior do que a revanche individual. Era um investimento técnico e musical.
As gravações datam do período 1947-1962 e divergem muito entre si na qualidade da gravação. Há 78 rpm com o chiado típico, 78 rpm gravados com tecnologia analógica e a licença da inclusão de três faixas de LPs 33 rpm, duas de um LP de 1958 ("Dalva", Odeon MOFB 3018) e uma faixa de um LP de 1960 ("Em tudo você", Odeon MOFB 3180). Infelizmente, tivemos de deixar de lado os tangos e os boleros da Dalva quando casada com Tito Climent, bem como a linda versão de "Vingança", (de Lupicínio Rodrigues, Victor 80-0776-B) que o Trio de Ouro (sem Dalva) gravou em 1951. Procurando nos fundos das gavetas de informação como sejam os blogs, o fã mais insaciável pode encontrá-los sem grandes dificuldades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário