(Coluna “Parem as rotativas”,
11/08/1988 –
“Folha da Tarde”)
O Desânimo agita a alma do povo. De norte a sul, de leste a oeste. Ou do Oiapoque ao Chuí, como se dizia antigamente. Não pode ser por escassez de problemas. Talvez por excesso.
É que há vários tipos de desânimo. Há o desânimo-indiferença, mal de que sofrem muitos cidadãos. Variante tanto-faz-como-tanto-fez. Tudo se passa como se cada um estivesse isolado dos outros. Como se o que acontece ao redor não afetasse todos, um a um.
Há o desânimo-ceticismo. Muita gente percebe os males do mundo, e também percebe parte desse mundo. Mas acha que não pode mudar.
Há o desânimo-indiferença. O cidadão até que gostaria de apostar nisso ou naquilo, nesse ou naquele. Mas já foi traído tantas vezes… Não quer arriscar de novo.
E há o desânimo-descrédito. O cara já participou, já votou, já elegeu, fez passeata, comício, abaixo-assinado, passou lista, vendeu bônus, entrou em greve, carregou faixa, pichou parede, propôs na assembléia, gritou, berrou, aplaudiu e vaiou. E tudo continua na mesma. Ou pior.
Há também o desânimo-raiva. Cuidado! Muitos estão com esse. Vontade de virar a mesa, botar tudo de pernas para o ar, chutar o pau da barraca, ver o circo pegar fogo. E raiva de não conseguir.
E há ainda o desânimo-desesperança, desânimo-impaciência, desânimo-inutilidade, desânimo-do-quanto-pior-melhor, desânimo-estou-em-outra, desânimo-burrice, desânimo-que-vantagem-eu-levo?
Mas quem leva vantagem com todo esse desânimo? Só os que estão por cima e querem continuar, imperando impunes sobre a geléia geral, a apatia generalizada, a descrença fatalista das multidões. Não é um desânimo natural, é artificial, sabor facismo.
Ânimo, pois. É preciso romper a inércia, desfazer os nós, separar o joio do trigo, explicar as diferenças, insistir nos detalhes, não se conformar, indignar-se, resistir, não se resignar, lutar, avançar.”
FONTE:http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/
O Desânimo agita a alma do povo. De norte a sul, de leste a oeste. Ou do Oiapoque ao Chuí, como se dizia antigamente. Não pode ser por escassez de problemas. Talvez por excesso.
É que há vários tipos de desânimo. Há o desânimo-indiferença, mal de que sofrem muitos cidadãos. Variante tanto-faz-como-tanto-fez. Tudo se passa como se cada um estivesse isolado dos outros. Como se o que acontece ao redor não afetasse todos, um a um.
Há o desânimo-ceticismo. Muita gente percebe os males do mundo, e também percebe parte desse mundo. Mas acha que não pode mudar.
Há o desânimo-indiferença. O cidadão até que gostaria de apostar nisso ou naquilo, nesse ou naquele. Mas já foi traído tantas vezes… Não quer arriscar de novo.
E há o desânimo-descrédito. O cara já participou, já votou, já elegeu, fez passeata, comício, abaixo-assinado, passou lista, vendeu bônus, entrou em greve, carregou faixa, pichou parede, propôs na assembléia, gritou, berrou, aplaudiu e vaiou. E tudo continua na mesma. Ou pior.
Há também o desânimo-raiva. Cuidado! Muitos estão com esse. Vontade de virar a mesa, botar tudo de pernas para o ar, chutar o pau da barraca, ver o circo pegar fogo. E raiva de não conseguir.
E há ainda o desânimo-desesperança, desânimo-impaciência, desânimo-inutilidade, desânimo-do-quanto-pior-melhor, desânimo-estou-em-outra, desânimo-burrice, desânimo-que-vantagem-eu-levo?
Mas quem leva vantagem com todo esse desânimo? Só os que estão por cima e querem continuar, imperando impunes sobre a geléia geral, a apatia generalizada, a descrença fatalista das multidões. Não é um desânimo natural, é artificial, sabor facismo.
Ânimo, pois. É preciso romper a inércia, desfazer os nós, separar o joio do trigo, explicar as diferenças, insistir nos detalhes, não se conformar, indignar-se, resistir, não se resignar, lutar, avançar.”
FONTE:http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/
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