Cariri Cangaço

I Seminário Cangaço Cariri debate passagem de Lampião em Juazeiro do Norte. Aproveitando o embalo, registro que ele e/ou seus companheiros passaram no Sítio São Pedro, propriedade de meu avô no município de Ipaumirim, no dia 22 de junho de 1927. Sei o dia porque foi no mesmo dia em que minha mãe nasceu. Quando eles foram embora, deixaram, no local, uma pequenina bússola de ouro que ficou com meu avô, Luiz Leite da Nóbrega, que guardou o pequeno objeto durante toda sua vida. Eu gostava de olhar quando ele arrumava o cofre e me mostrava. Que ideia teria eu sobre Lampião naquela época? Quando meu avô faleceu, eu tinha nove anos de idade.

Anos depois, conversando com o velho Antonio Brasil, sogro de minha tia Vilany, que morava em Lavras da Mangabeira, ouvi uma versão menos fantasiosa sobre Lampião. Talvez um pouco fantasiosa sobre o próprio seu Antonio. O velho foi delegado, ou algo assim, me contou que Lampião não era nem um pouco o valentão que o povo pensava. Estava mais pra arruaceiro que pra valente. Onde havia delegado corajoso ele não encostava. Seu Antonio detestava Lampião e Padre Cícero. Se o velho era valente, eu não sei. Mas sei que ele com a família tiveram uma briga feia com os parentes do meu pai e que numa briga, eles mataram não só algumas pessoas da nossa família mas também os animais. Que barbárie! Quem me contou foi minha tia Cristina. Mas isso aí já é uma outra passagem.

ML