Tia Argentina, a doce lembrança que fica

Argentina Gomes de Holanda

"Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim. "

(Cecília Meireles

4º Motivo da Rosa)

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Minha tia Argentina faleceu, ontem, aos 97 anos. Apesar de seus poucos estudos, tinha uma sensibilidade especial que a vida lhe ensinou. Escrevia, pintava, tinha um jeito tranquilo e a calma de quem teve tantos filhos. Dela, tenho boas lembranças especialmente da sua casa no sítio, em Lavras da Mangabeira. As festas que o meu tio gostava de fazer, a chaleira que demorava a ferver, a conversa em volta da mesa, as selas penduradas nos armadores, uma rede sempre armada. Tanta lembrança por desfolhar...

ML