quinta-feira, 1 de julho de 2010

Copa do mundo 2010: ponto de vista português


25.6.10

SAUDADES DE SCOLARI. Scolari foi crucificado por não ter ganho o Europeu de Portugal (perdemos na final), e por não ter chegado à final do Mundial da Alemanha (ficámos no quarto lugar). Fora isso, caíram-lhe em cima por mobilizar os portugueses em torno da selecção como nunca se tinha visto, ele que nem português era. Já o seu sucessor, que passou a vida a complicar-lhe o trabalho, merece benevolência, apesar do currículo à frente da selecção se saldar por uma penosa qualificação para o Mundial da África do Sul e no Mundial da África do Sul só ter chegado aos «oitavos». Alguém me explica por que razão um, com obra feita, foi crucificado, e outro, sem nada que se veja, merece benevolência?

TIRO AO RONALDO. Cristiano Ronaldo sempre foi o primeiro alvo das críticas quando as coisas não correm bem à selecção. Porque Ronaldo é um fora-de-série que raramente «aparece» quando joga pela selecção, porque há quem não se conforme com os rios de dinheiro que ele ganha e com as resmas de catraias que lhe passam pela cama (dizem), porque Ronaldo se põe a jeito. Para não variar, choveram críticas após a derrota frente à Espanha, a meu ver exageradas. Como poderia ele ter feito mais se o ataque de Portugal não existia? Que outro artista da bola teria feito melhor com aquele «sistema» de jogo?

29.6.10

SOMOS OS MAIORES, NÃO ÉRAMOS? Depois do jogo «inteligente» frente à Costa do Marfim, nas palavras do professor Queiroz, a goleada à Coreia do Norte escondeu as misérias de Portugal até ao jogo com o Brasil, e revelou-se em todo o esplendor frente à Espanha. Não, não é perdermos com nuestros hermanos que custa. O que custa é ser confrontado com o futebol vergonhoso que praticamos. Eduardo, o único que se salvou da mediocridade geral, não merecia tal sorte. Já o dito professor, confirmou o que já se sabia: é um génio incompreendido que urge despachar para onde o entendam.

25.6.10

PORTUGAL-BRASIL. Como diria o outro, prognósticos só no fim do jogo. Previ que iria haver problemas entre portugueses e brasileiros por causa do Portugal-Brasil, felizmente não se confirmaram. Confesso que não me passou pela cabeça que o jogo pudesse terminar num empate, e sem casos de maior. Enganei-me, e ainda bem que assim foi. Já o ódio, esse continua.

23.6.10

PROGNÓSTICO PARA O PORTUGAL-BRASIL. Apesar de pouco haver a decidir, o Portugal-Brasil da próxima sexta tem, por aqui, contornos peculiares, que por aqui (EUA) residem milhares de portugueses e brasileiros que se odeiam nem sempre cordialmente. Acabei de ouvir um sujeito dizer que gostaria de ver Portugal vencer o Brasil por três ou quatro para assim vingarmos a humilhação de há dois anos, embora o jogo (6-2 a favor do Brasil) não contasse para coisa nenhuma. Como é evidente, não está sozinho, e por aqui nota-se bastante. Os portugueses odeiam os brasileiros, os brasileiros odeiam os portugueses, e a ocasião vem mesmo a calhar. Se tudo correr conforme as previsões, a coisa saldar-se-á por umas escaramuças sem importância, que ódio não paga a renda e a polícia não brinca em serviço. No dia seguinte odiar-se-ão ainda com mais fervor, e a vida seguirá como dantes.


15.6.10

AI NOSSA SENHORA. Claro que uma derrota teria sido pior, e até nem estivemos longe disso. Mas os argumentos que justificam a má prestação portuguesa no primeiro jogo do Mundial — a Costa do Marfim estava muito fechada, havia que não cometer erros, era preciso defender bem — não me convencem. O que se viu foi uma selecção a jogar devagar e devagarinho, a errar passes como uma frequência impressionante, e a perder sistematicamente a bola para o adversário. Resumido, o futebol praticado pelos portugueses chegou a ser aflitivo. Pode ser que me engane, mas adivinha-se uma humilhação frente à Coreia do Norte, que hoje demonstrou ser bem melhor que Portugal.

27.5.10

SELECÇÃO (2). Longe vão os tempos em que a generalidade dos portugueses sentia empatia com a selecção, curiosamente estimulada por um cidadão brasileiro (Scolari), a quem se exigiu o Céu e a Terra. Os acontecimentos dos últimos dias (o miserável ensaio com Cabo Verde e a falta de tacto com que a Federação lidou com o incidente dos adeptos impedidos de ver o treino) deixam isso bem à vista. Espero que me engane, mas a evidência não prenuncia nada de bom.

25.5.10

SELECÇÃO (1). Enquanto as selecções apuradas para o Mundial da África do Sul fazem testes a valer (a Inglaterra joga com o México, a Argentina com o Canadá, o Brasil com o Peru, a África do Sul com a Bulgária, o Paraguai com a Irlanda, a Grécia com a Coreia do Norte, os Estados Unidos com a República Checa, a Holanda com o México, a França com a Costa Rica), nós jogamos com Cabo Verde. Jogamos, e jogamos pessimamente. Repararam como os jogadores portugueses assumiram, no final do jogo, que não se empenharam o que deviam? Se estes jogos não são a sério, se não servem para os jogadores mostrarem o que podem fazer e para o treinador ficar a saber com quem pode contar, servem para quê?


21.5.10

QUEIROZ. Estarei a ver mal, ou Carlos Queiroz tem vindo a baixar as expectativas de Portugal no Mundial? Claro que ninguém espera que a selecção chegue à final — e, muito menos, que a ganhe. Mas daqui a nada contentamo-nos com uma vitoriazita na primeira fase — porque a Coreia não é pêra doce, porque a Costa do Marfim é a melhor selecção africana, porque o Brasil é um colosso. A selecção portuguesa terminou no quarto lugar no último Mundial, lembram-se? Depois da euforia na época Scolari, a quem tudo era exigido, já só nos falta baixar as calças.


Fonte: http://ilidiomartins.blogspot.com/

Em tempo: "Civilizadamente falando, é melhor chorar do que dar coice porque está perdendo."

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