Cajazeiras e suas 500 “bocas”
Lenilson Oliveira
Cidade de porte pequeno a médio, mas com problemas de cidade grande. Trânsito caótico, acidentes fatais, ruas centrais sem vagas para estacionamento, exploração sexual e do trabalho infanto-juvenil, prostituição, favelação da periferia, evasão escolar... enfim, inúmeras chagas sociais que se fôssemos enumerar aqui poderia pautar um estudo de sociologia ou qualquer outra ciência afim.
Estamos falando, lógico, da nossa Cajazeiras, cosmopolita por natureza, desde que fora gestada pelo Padre Inácio Rolim, que a cada dia que passa assume uma identidade multifacetada, mais por acolher cada vez mais pessoas para estudar, trabalhar e exercer outras atividades não tão nobres e menos pela cultura inata do seu povo.
Cidade fronteiriça, referência comercial para uma população flutuante de pelo menos 300 mil pessoas, não nos deixam mentir os números do ICMS, Cajazeiras vive um drama social, talvez o maior deles, que é o do tráfico e consumo de drogas, a reboque do qual podem vir os demais: assaltos, roubos, assassinatos, violência doméstica, desestruturação das famílias, superlotação da Cadeia Pública (funcionando como Presídio sem ter a mínima estrutura para tal), alcoolismo e outras mazelas individuais ou coletivas, que terminam por afligir a todos.
A luz vermelha é acesa quando as autoridades, como juízes, promotores e polícia revelam dados alarmantes do comércio e consumo de drogas na cidade, principalmente do “crack”, supra-sumo das drogas baratas, facilitando o acesso, e, por tabela, a dependência do usuário e maior lucro do fornecedor. Sem esquecer o seu poder letal e de dependência instantânea.
Quando uma autoridade vem a público, em Sessão da Câmara Municipal, e revela, por exemplo, que Cajazeiras já tem mapeadas 500 residências que operam no comércio das drogas, ou seja, servem como “bocas de fumo”, há que a sociedade se preocupar e alguma coisa precisa ser feita.
Autoridades judiciais de mãos atadas, polícias se desdobrando no combate aos traficantes, imprensa denunciando, Legislativo discutindo saídas com a sociedade civil organizada, Executivo criando o Conselho Municipal Antidrogas – COMAD (cujos conselheiros, absurdamente, não podem ter seus nomes divulgados para que não sofram retaliações por parte dos bandidos): este é o retrato de Cajazeiras hoje.
Alguma coisa urgente precisa ser feita, retomamos. Não podemos pensar que a inauguração do Presídio Regional será a solução. Seria pensar que a polícia iria prender todos os traficantes da nota para o dia. A venda e distribuição de drogas já ultrapassaram o limite de uma só pessoas, virou organização, negócios de família (lógico que em casos isolados).
A droga em nossa cidade, como em todo país, não é só caso de polícia ou de justiça: é mazela social, é geração de renda para quem não tem mais nenhuma outra perspectiva, é questão de educação, de cultura e de lazer, é o Estado e as famílias reassumirem os seus reais papéis.
Não sendo assim, a luta será sempre em vão e as “bocas” continuarão se multiplicando.
Fonte: http://www.diariodosertao.com.br/artigo.php?id_artigo=20100713000425
Estamos falando, lógico, da nossa Cajazeiras, cosmopolita por natureza, desde que fora gestada pelo Padre Inácio Rolim, que a cada dia que passa assume uma identidade multifacetada, mais por acolher cada vez mais pessoas para estudar, trabalhar e exercer outras atividades não tão nobres e menos pela cultura inata do seu povo.
Cidade fronteiriça, referência comercial para uma população flutuante de pelo menos 300 mil pessoas, não nos deixam mentir os números do ICMS, Cajazeiras vive um drama social, talvez o maior deles, que é o do tráfico e consumo de drogas, a reboque do qual podem vir os demais: assaltos, roubos, assassinatos, violência doméstica, desestruturação das famílias, superlotação da Cadeia Pública (funcionando como Presídio sem ter a mínima estrutura para tal), alcoolismo e outras mazelas individuais ou coletivas, que terminam por afligir a todos.
A luz vermelha é acesa quando as autoridades, como juízes, promotores e polícia revelam dados alarmantes do comércio e consumo de drogas na cidade, principalmente do “crack”, supra-sumo das drogas baratas, facilitando o acesso, e, por tabela, a dependência do usuário e maior lucro do fornecedor. Sem esquecer o seu poder letal e de dependência instantânea.
Quando uma autoridade vem a público, em Sessão da Câmara Municipal, e revela, por exemplo, que Cajazeiras já tem mapeadas 500 residências que operam no comércio das drogas, ou seja, servem como “bocas de fumo”, há que a sociedade se preocupar e alguma coisa precisa ser feita.
Autoridades judiciais de mãos atadas, polícias se desdobrando no combate aos traficantes, imprensa denunciando, Legislativo discutindo saídas com a sociedade civil organizada, Executivo criando o Conselho Municipal Antidrogas – COMAD (cujos conselheiros, absurdamente, não podem ter seus nomes divulgados para que não sofram retaliações por parte dos bandidos): este é o retrato de Cajazeiras hoje.
Alguma coisa urgente precisa ser feita, retomamos. Não podemos pensar que a inauguração do Presídio Regional será a solução. Seria pensar que a polícia iria prender todos os traficantes da nota para o dia. A venda e distribuição de drogas já ultrapassaram o limite de uma só pessoas, virou organização, negócios de família (lógico que em casos isolados).
A droga em nossa cidade, como em todo país, não é só caso de polícia ou de justiça: é mazela social, é geração de renda para quem não tem mais nenhuma outra perspectiva, é questão de educação, de cultura e de lazer, é o Estado e as famílias reassumirem os seus reais papéis.
Não sendo assim, a luta será sempre em vão e as “bocas” continuarão se multiplicando.
Fonte: http://www.diariodosertao.com.br/artigo.php?id_artigo=20100713000425
Nenhum comentário:
Postar um comentário