Daniel Gallas
BBC Esportes
É fácil falar da derrota brasileira nesta Copa olhando apenas para os defeitos da seleção no segundo tempo - "apagão", falta desnecessária de Felipe Melo, nervosismo dos brasileiros, etc. Também em 2006 muito se falou dos problemas do time brasileiro, como a falta de comprometimento dos jogadores com a seleção e a meia de Roberto Carlos.
Mas às vezes, olhando demais para os defeitos da seleção, acaba-se cometendo a injustiça de não reconhecer que o Brasil perdeu para um time que, com muito mérito, jogou melhor. Em 2006, o Brasil teve seus defeitos, mas foi superado por uma boa equipe que acabou chegando à final do torneio.
Contra a Holanda, todos os defeitos do Brasil no segundo tempo não apagam o fato de que o time brasileiro foi inferior aos holandeses. Bert van Marwijk conseguiu mudar a atitude da sua equipe sem alterar nenhum jogador em campo.
Não acho que a Holanda seja superior no papel ao Brasil, mas em campo os holandeses conseguiram a difícil tarefa de, mesmo saindo atrás no placar, superar os brasileiros. Em especial, fiquei impressionado com a técnica dos jogadores holandeses e com a forma como conseguiram inverter a psicologia do jogo.
No primeiro tempo, os brasileiros jogaram tão bem que intimidaram os holandeses. Em seus bons momentos, a equipe brasileira impressiona, por sufocar o adversário e abrir pouquíssimos espaços atrás. E poucas oportunidades na frente são suficientes para o Brasil fazer gols.
Mas os holandeses souberam reverter toda essa situação. O gol quase acidental da Holanda desestruturou completamente os brasileiros. Talvez se o Brasil tivesse sofrido um gol nas mesmas circunstâncias de uma equipe de menos qualidade, como o Chile, os jogadores tivessem reagido de forma diferente. Foi assim contra os Estados Unidos na Copa das Confederações do ano passado, quando os brasileiros viraram após começarem perdendo por 2 a 0.
No entanto, desta vez, eles sabiam que estavam diante de uma seleção de muita qualidade e isso abalou o ânimo dos brasileiros, que passaram a acreditar que poderiam perder. Nesse momento, a qualidade técnica dos holandeses ajudou muito a colocar os brasileiros sob pressão.
Robben foi crucial na vitória holandesa, não com seus chutes fenomenais de fora da área ou com seus dribles rápidos, mas sim com seu bom domínio de bola, que forçava os brasileiros a pará-lo com faltas. Primeiro foi Michel Bastos, que teve de ser substituído para não acabar expulso. E depois por Felipe Melo, que já estava sob pressão pelo gol contra e acabou explodindo em irritação. Mais adiante, foi a vez de Robinho perder a cabeça e berrar com o holandês.
O segundo gol holandês foi a consolidação da superioridade holandesa no segundo tempo. Dali em diante, o Brasil se viu em uma situação pouco comum, de precisar virar uma partida diante de um adversário tão bom quanto ele. Nos últimos três anos, os jogadores de Dunga venceram tanto que esqueceram como era estar perdendo. Não houve um jogador brasileiro em campo - do capitão Lúcio ao líder Kaká, passando pelo experiente Gilberto Silva - que tenha conseguido manter a calma diante do placar negativo.
Nos minutos finais, a Holanda esteve mais perto do 3 a 1 do que o Brasil do empate. A equipe holandesa segue adiante no torneio. Não acredito que seja necessariamente a melhor de todas - há Argentina, Alemanha e Espanha na disputa - mas é sem dúvida tão boa quanto as demais, e, nesta sexta-feira, superior ao Brasil.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/blogs/portuguese/esporte/
BBC Esportes
É fácil falar da derrota brasileira nesta Copa olhando apenas para os defeitos da seleção no segundo tempo - "apagão", falta desnecessária de Felipe Melo, nervosismo dos brasileiros, etc. Também em 2006 muito se falou dos problemas do time brasileiro, como a falta de comprometimento dos jogadores com a seleção e a meia de Roberto Carlos.
Mas às vezes, olhando demais para os defeitos da seleção, acaba-se cometendo a injustiça de não reconhecer que o Brasil perdeu para um time que, com muito mérito, jogou melhor. Em 2006, o Brasil teve seus defeitos, mas foi superado por uma boa equipe que acabou chegando à final do torneio.
Contra a Holanda, todos os defeitos do Brasil no segundo tempo não apagam o fato de que o time brasileiro foi inferior aos holandeses. Bert van Marwijk conseguiu mudar a atitude da sua equipe sem alterar nenhum jogador em campo.
Não acho que a Holanda seja superior no papel ao Brasil, mas em campo os holandeses conseguiram a difícil tarefa de, mesmo saindo atrás no placar, superar os brasileiros. Em especial, fiquei impressionado com a técnica dos jogadores holandeses e com a forma como conseguiram inverter a psicologia do jogo.
No primeiro tempo, os brasileiros jogaram tão bem que intimidaram os holandeses. Em seus bons momentos, a equipe brasileira impressiona, por sufocar o adversário e abrir pouquíssimos espaços atrás. E poucas oportunidades na frente são suficientes para o Brasil fazer gols.
Mas os holandeses souberam reverter toda essa situação. O gol quase acidental da Holanda desestruturou completamente os brasileiros. Talvez se o Brasil tivesse sofrido um gol nas mesmas circunstâncias de uma equipe de menos qualidade, como o Chile, os jogadores tivessem reagido de forma diferente. Foi assim contra os Estados Unidos na Copa das Confederações do ano passado, quando os brasileiros viraram após começarem perdendo por 2 a 0.
No entanto, desta vez, eles sabiam que estavam diante de uma seleção de muita qualidade e isso abalou o ânimo dos brasileiros, que passaram a acreditar que poderiam perder. Nesse momento, a qualidade técnica dos holandeses ajudou muito a colocar os brasileiros sob pressão.
Robben foi crucial na vitória holandesa, não com seus chutes fenomenais de fora da área ou com seus dribles rápidos, mas sim com seu bom domínio de bola, que forçava os brasileiros a pará-lo com faltas. Primeiro foi Michel Bastos, que teve de ser substituído para não acabar expulso. E depois por Felipe Melo, que já estava sob pressão pelo gol contra e acabou explodindo em irritação. Mais adiante, foi a vez de Robinho perder a cabeça e berrar com o holandês.
O segundo gol holandês foi a consolidação da superioridade holandesa no segundo tempo. Dali em diante, o Brasil se viu em uma situação pouco comum, de precisar virar uma partida diante de um adversário tão bom quanto ele. Nos últimos três anos, os jogadores de Dunga venceram tanto que esqueceram como era estar perdendo. Não houve um jogador brasileiro em campo - do capitão Lúcio ao líder Kaká, passando pelo experiente Gilberto Silva - que tenha conseguido manter a calma diante do placar negativo.
Nos minutos finais, a Holanda esteve mais perto do 3 a 1 do que o Brasil do empate. A equipe holandesa segue adiante no torneio. Não acredito que seja necessariamente a melhor de todas - há Argentina, Alemanha e Espanha na disputa - mas é sem dúvida tão boa quanto as demais, e, nesta sexta-feira, superior ao Brasil.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/blogs/portuguese/esporte/
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