Quanto tempo dura uma paixão de carnaval? Algumas aguentam apenas uma subida ou descida de ladeira em Olinda, uma passagem de um trio na Bahia, um giro por uma quadra em Ipanema do bloco “Simpatia é quase amor” etc.
Outras, raríssimas, dão em casamento. Como a de um amigo, o fotógrafo paulista Egberto Nogueira, que fez questão de casar na mesma data e local do crime, um ano depois do encontro: em pleno sábado de Zé Pereira, em uma igreja olindense. Palmas!
O bom e confortável é que, ao contrário da vida dura e normal, não temos muito o que choramingar sobre as delirantes paixões momescas. Nada de esperar aquele torpedo ou telefonema do dia seguinte. O day after simplesmente não existe. É tudo aqui e agora. A generosa arte zen do desapego.
Mais do que uma chance para os amadores – aqueles que deixam todas as sacanagens do mundo para o período carnavalesco – extravasarem, a folia da carne é uma aventura sem ego. Pelo menos para um feio e mal-diagramado como este cronista.
Você leva um fora e nem liga; a dor é instantânea e o pé-na-bunda é sempre com a maciez de umas delicadas pantufas, pés de amigo(a) urso(a), no pasa nada.
Esquema lava-jato de existência, lavou tá novo; a fila anda e segue a comédia. Assim deveria ser levada a vida, mas quem diz que conseguimos no bafo de onça da rotina?
O sexo carnavalesco, então, nem se fala. Se o cara já tem ejaculação precoce, aí é que o mundo o apressa mais ainda. Só transa-miojo: esquentou, ferveu, adeus.
É tempo de álibi para qualquer humaníssimo fracasso, como as nossas brochadas, por exemplo. Infinitamente mais perdoável. Nesse caso, nem queremos o segundo turno, uma nova chance, como acontece. Nem precisamos depois provar que não somos mesmo essa coisa toda. Simplesmente esquecemos. Que boa sorte.
O carnaval é uma lição de desencanamento. Vale por mil manuais de auto-ajuda, vale por todas as lições otimistas de Pollyana, moça. Que tal aplicar a técnica momesca no nosso dia a dia, depois das cinzas, quando voltarmos a São Paulo? Seria perfeito.
Para que tanto desgosto inventado? Tratemos o próximo como um folião permanente, o(a) namorado(a) como um(a) passante/ficante, levemos menos a sério a vida. Evoé Baco, evoé Momo!
Com licença que vou ali gastar o resto do corpinho no Recife Antigo. Quem sabe dou sorte e encontro o amor da vida, digo, o amor da quinzena, o amor da semana, o amor de hoje à noite, o amor eterno enquanto dura o show do Cidadão Instigado no Rec Beat, o amor possível que mereça esse nome. Afinal de contas, assim como a fama para Andy Wahrol, no carnaval amamos e somos amados pelo menos por 15 minutos.
Outras, raríssimas, dão em casamento. Como a de um amigo, o fotógrafo paulista Egberto Nogueira, que fez questão de casar na mesma data e local do crime, um ano depois do encontro: em pleno sábado de Zé Pereira, em uma igreja olindense. Palmas!
O bom e confortável é que, ao contrário da vida dura e normal, não temos muito o que choramingar sobre as delirantes paixões momescas. Nada de esperar aquele torpedo ou telefonema do dia seguinte. O day after simplesmente não existe. É tudo aqui e agora. A generosa arte zen do desapego.
Mais do que uma chance para os amadores – aqueles que deixam todas as sacanagens do mundo para o período carnavalesco – extravasarem, a folia da carne é uma aventura sem ego. Pelo menos para um feio e mal-diagramado como este cronista.
Você leva um fora e nem liga; a dor é instantânea e o pé-na-bunda é sempre com a maciez de umas delicadas pantufas, pés de amigo(a) urso(a), no pasa nada.
Esquema lava-jato de existência, lavou tá novo; a fila anda e segue a comédia. Assim deveria ser levada a vida, mas quem diz que conseguimos no bafo de onça da rotina?
O sexo carnavalesco, então, nem se fala. Se o cara já tem ejaculação precoce, aí é que o mundo o apressa mais ainda. Só transa-miojo: esquentou, ferveu, adeus.
É tempo de álibi para qualquer humaníssimo fracasso, como as nossas brochadas, por exemplo. Infinitamente mais perdoável. Nesse caso, nem queremos o segundo turno, uma nova chance, como acontece. Nem precisamos depois provar que não somos mesmo essa coisa toda. Simplesmente esquecemos. Que boa sorte.
O carnaval é uma lição de desencanamento. Vale por mil manuais de auto-ajuda, vale por todas as lições otimistas de Pollyana, moça. Que tal aplicar a técnica momesca no nosso dia a dia, depois das cinzas, quando voltarmos a São Paulo? Seria perfeito.
Para que tanto desgosto inventado? Tratemos o próximo como um folião permanente, o(a) namorado(a) como um(a) passante/ficante, levemos menos a sério a vida. Evoé Baco, evoé Momo!
Com licença que vou ali gastar o resto do corpinho no Recife Antigo. Quem sabe dou sorte e encontro o amor da vida, digo, o amor da quinzena, o amor da semana, o amor de hoje à noite, o amor eterno enquanto dura o show do Cidadão Instigado no Rec Beat, o amor possível que mereça esse nome. Afinal de contas, assim como a fama para Andy Wahrol, no carnaval amamos e somos amados pelo menos por 15 minutos.
Um comentário:
caramba, adorei o post. e o pior que no carnaval principalmente aqui em olinda as coisas rolam dessa maneira quer queira ou não. e em um dia igual a hoje, a quarta-feira após o carnaval tudo volta como era antes :s
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