A
BICHARIA
Autor: Luiz
Dantas Quezado
Vi um Tiú
escrevendo,
Um
Camaleão cantando,
Uma
Raposa bordando,
Uma
Ticaca tecendo,
Um Macaco
velho lendo,
Cururu
batendo telhas
Um bando
de Rãs vermelhas
Trabalhando
n’um tissume
Vi um
Tatu n’um curtume
Curtindo
couro de Abelhas.
Vi um
Coati marceneiro,
Vi um
Furão lavrador,
Vi um
Porco agricultor,
E um
Timbu velho ferreiro;
Um Veado
sapateiro,
Caitetu
tocando “buzo”,
Punaré
fazendo fuso,
Aranha
tirando empate,
Vi um
besouro alfaitate
Cortando
roupa de uso!
Vi um
peba fogueteiro
Soltando
fogos no ar,
Vi
Papa-vento mandar
À rua
trocar dinheiro;
Carrapato
redoleiro
Comendo
farofa pura,
Um bando
de Tanajuras
Empregado
num café;
Vi um
percevejo em pé
Com um
grajau de rapaduras!
Vi um
peixe de chocalho,
Formigão
de granadeira,
Vi um
camarão na feira
Comprando
queijo de coalho,
Vi
Calango num trabalho
Melado em
mel de furo;
Seis
víboras dentro do muro
Conversando
em Monarquia,
Imbuá na
freguesia
Tomando
dinheiro a juro!
Vi mosca
batendo sola,
Mucuim
tocando flauta,
Caranguejo
de gravata
E cabra
jogando bola;
Vi pulga
tocar viola,
Tamanduá
engenheiro,
Guariba
tocar pandeiro,
Vi um
mosquito tossindo
Uma
formiga parindo,
Procotó
era o parteiro!
Vi um
morcego oculista,
Cachorro
vendendo cana
Jaboti de
russiana
E um
gafanhoto dentista;
Urubu
telegrafista
Um gato
tabelião,
Carneiro
na Relação,
O Bode
n’um escritório
Cassote
de suspensório
Eu vi
fazendo um sermão!
In Glosas Sertanejas, Quezado, Luiz Dantas. 4ª
edição, “correcta e muito augmentada pelo auctor”, Typ. Commercial,
Fortaleza/CE; 1925. O referido poema também está na 1ª ed. de Cantadores, de
Leonardo Mota, publicado pela Livraria Castilho, Rio de Janeiro, 1921.
Fonte: http://cajazeirasdeamor.blogspot.com.br/
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