A história do caso que chocou o país nos últimos dias não demora a contar: um homem foi assassinado por outro num contexto de violência doméstica. A notoriedade do cronista, um homicida de 21 anos e a brutalidade com que o crime foi cometido preencheram páginas de jornais e horas diárias de televisão. Mas apesar de o homicídio de Carlos Castro merecer sobretudo notas de pesar pela vítima, as caixas de comentários de jornais online contrariaram o ingenuamente esperado bom senso, tendo sido invadidas por insultos homofóbicos. O país que viu ser aprovada na Assembleia da República a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo também está nestas caixas de comentários. Negar a evidência é criar uma ilusão sobre uma parte substancial da população que se manifesta, desinibida, na Internet. A coberto ou não do anonimato, aquelas pessoas disseram o que pensavam sobre o caso. E o que pensam é assustador. O facto levou a que Ferreira Fernandes, no Diário de Notícias, mostrasse uma preocupação especial com os comentários nos jornais online que incluíam ameaças de morte. O problema é sério, mas não é difícil de resolver: estes comentários devem ser censurados e denunciados à Polícia. O caso da página do Facebook de apoio ao assassino é de Polícia e deve ser resolvido pelos tribunais. O combate à homofobia, no entanto, não se faz combatendo a liberdade de expressão. Não é proibindo as pessoas de falar que a sua opinião muda. A balbúrdia inerente à democracia é preferível à compostura própria do politicamente correcto. Portugal é um país de homofóbicos? A liberdade de expressão tem limites?
Fonte: http://www.readmetro.com/show/en/Lisbon/20110114/16/1/
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