AZULÃO
Ia passando uma nuvem de azulão
O mais valente que tinha eu segurei
E depois de matado eu pelei
Esétei e assei em meu fogão
E depois que virou tudo em carvão
Embolsei com a fração de São Silvestre
Resolvie sair deste Nordeste
Passar uns dias por fora disto aqui
Mas quando eu passei no Piauí
Eu botei o feitiço até na peste
*
Quando Azulão se despedir de Antonio Procópio
Se despeça também de seus vizinhos
E quando for olhar para os caminhos
É obrigado a usar um microscópio
Em Fortaleza você bota um telescópio
Mas só enxerga pra cá é escuridão
Quando estiveres em cima do balcão
Palestrando com o velho João Siqueira
Você tem que dizer nem que não queira
Lá na Barra tem um poeta que é o cão!
(Este poema foi feito por ocasião de um desafio que eu, José Teles, promovi entre Azulão e Manoel Duda quando o mesmo fazia referência a capacidade de Manoel Duda. O Azulão não deu crédito ao que dizia e pediu para Manoel Duda mostrar no repente a sua capacidade pois ele, Azulão, sim, era conhecido no Nordeste inteiro como poeta de renome. Após a feitura do poema de improviso, Azulão admirou-se dizendo: "realmente Manoel você é um grande poeta.")
Este texto foi extraído do livro de José Teles da Silva, Sonhos de um poeta. Fortaleza. Expressão Gráfica Editora. 2010. p. 217.
Nenhum comentário:
Postar um comentário