domingo, 26 de dezembro de 2010

Poesia de Manoel Duda


AZULÃO



Ia passando uma nuvem de azulão

O mais valente que tinha eu segurei

E depois de matado eu pelei

Esétei e assei em meu fogão

E depois que virou tudo em carvão

Embolsei com a fração de São Silvestre

Resolvie sair deste Nordeste

Passar uns dias por fora disto aqui

Mas quando eu passei no Piauí

Eu botei o feitiço até na peste


*

Quando Azulão se despedir de Antonio Procópio

Se despeça também de seus vizinhos

E quando for olhar para os caminhos

É obrigado a usar um microscópio

Em Fortaleza você bota um telescópio

Mas só enxerga pra cá é escuridão

Quando estiveres em cima do balcão

Palestrando com o velho João Siqueira

Você tem que dizer nem que não queira

Lá na Barra tem um poeta que é o cão!



(Este poema foi feito por ocasião de um desafio que eu, José Teles, promovi entre Azulão e Manoel Duda quando o mesmo fazia referência a capacidade de Manoel Duda. O Azulão não deu crédito ao que dizia e pediu para Manoel Duda mostrar no repente a sua capacidade pois ele, Azulão, sim, era conhecido no Nordeste inteiro como poeta de renome. Após a feitura do poema de improviso, Azulão admirou-se dizendo: "realmente Manoel você é um grande poeta.")

Este texto foi extraído do livro de José Teles da Silva, Sonhos de um poeta. Fortaleza. Expressão Gráfica Editora. 2010. p. 217.

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