quinta-feira, 11 de novembro de 2010

AS DUAS CARAS DO BRASIL


Nas aulas de História e de Geografia, os professores sempre dizem que somos um País miscigenado. Temos as caras dos vários povos que determinaram a nossa formação. Não somos nem brancos, nem pretos. Somos miscigenados. Diziam nossos professores. No censo deste ano, as cores postas como alternativas para dizer quem somos são a branca, a preta, a parda e a amarela. Lá no interior de Santarém, na minha querida Guajará, a cor amarela era sinal de hepatite. Não era cor de gente. Era cor de doença. Mas o senso nos diz que somos também amarelos. Não vou entrar no mérito da cor. Se há amarelos, não sei de onde eles vêm. O certo é que a teoria dos professores de História e Geografia era tida como verdadeira. Mas, na prática, o que se observava era que o Brasil tinha apenas duas caras: a dos brancos, ricos, que determinavam o poder e ditavam as regras do jogo para os outros; a outra cara era a dos pobres. Esses sim tinham várias caras. A cara da pobreza. A cara da miséria. A cara do analfabetismo. A cara do desemprego galopante. A cara dos sem-teto. A cara da ignorância. A cara do abandono. A cara das enormes filas do SUS, do INSS. Ninguém nega essas duas caras do Brasil. O Brasil que gerou essas duas caras pareceu perverso com os muitos e bondoso com os poucos. Quem detinha o poder desdenhava dos muitos amontoados nos grotões deste Brasil de meu Deus. Havia um Brasil que não olhava para a maioria. Era um Brasil que ostentava com orgulho a fama de ser do terceiro mundo e possuir duas caras. Duas caras tão desiguais. Duas caras que nunca se juntavam. Era como se, de manhã, acordássemos na luxuosa Copacabana e olhássemos para o outro lado e víssemos a favela da Rocinha. Duas cores. Duas caras. Duas realidades. O Brasil que gerava o luxo, a riqueza, era o mesmo que fazia crescer a pobreza, os favelados, os desmerecidos. Quem gerava esses dois brasis parecia não ligar para a antítese visível. O capitalismo selvagem nutria essa dura realidade. O neoliberalismo perverso gerava e nutria as duas caras. Foi assim durante séculos. Tínhamos duas caras. Uma que se ostentava para o mundo, que se apresentava nas colunas sociais. Aquela das capas de Caras, de Quem. Outra, a que aparecia nas capas dos jornais de segunda a segunda. Geralmente na última página. Era a cara do Brasil amontoado atrás das grades, dos que dormiam debaixo dos viadutos. Passados oito anos, quase já não reconhecemos mais essas duas caras do Brasil. Aquele Brasil dos analfabetos, dos desempregados, dos sem direito a uma vida digna foi ficando para trás. O que vemos hoje é um Brasil quase igual. Um Brasil que misturou os ricos e os pobres e gerou as novas classes C e D. É um Brasil que vai às compras. Que hoje frequenta os shoppings, que lota os aeroportos para viajar. É o Brasil dos 15 milhões de empregados. Esses quinze milhões antes mendigavam um pedaço de pão dos poderosos. É o Brasil dos milhares de novos universitários, que frequentam universidades, estas que antes eram o palco apenas dos que tinham mufufa no bolso para pagar um curso superior. É o Brasil do Enem – o maior exame de seleção e de inclusão social do mundo – que hoje é alvo dos senhores da mídia que se espinhetam porque veem emergir uma classe que tem senso crítico e não aceita mais o que a mídia dos senhores escreve e dita como a verdade. É esse Brasil que foi às urnas e elegeu uma mulher para governar e continuar a mudando a cara do País. O Brasil que os professores de História e Geografia nos apresentavam é um Brasil do atraso. Talvez hoje os professores estejam apresentando aos nossos alunos do ensino fundamental e médio um outro Brasil. O Brasil da inclusão digital. Da internet nas escolas. O Brasil que sobe os degraus da excelência científica e desponta no mundo como um País de igualdade com os outros ditos desenvolvidos. O Brasil das poucas filas do INSS e do SUS. O Brasil que vai às compras. O Brasil que faz aquecer a nossa economia. Há, hoje, um Brasil que junta as duas caras e começa a se tornar igual. O Brasil que se junta para ser o País que o passado impediu de crescer. O Brasil que perdeu o medo de enfrentar o todo-poderoso Estados Unidos. O Brasil que pagou ao FMI e dita as regras nas reuniões da ONU. Hoje, há um Brasil com uma cara nova. Um Brasil que circula de carro novo. O Brasil dos milhares de mestres e doutores. O Brasil dos brasileiros. Um Brasil que começou com Lula e continuará com Dilma. O Brasil que ignorou os protocolos dos poderosos e hoje frequenta os mesmo lugares das dondocas endinheiradas. O Brasil de hoje é o Brasil dos Silvas e Santos. O Brasil que hoje mostra sua cara é o Brasil dos 184 milhões de brasileiros.

Fonte: http://blogln.ning.com/profile/JoaquimOnesimoFerreiraBarbosa
Penso eu: O texto é um pouco exagerado mas tudo bem. O meu dilema é a famosa cor. Quando a moça do censo perguntou a minha cor, fiquei pensando: nem preta nem branca. Amarela jamais. Misturei preto com branco e disse parda mas, sinceramente, não me acho parda, até porque nem sei que cor é essa. Vc sabe sua cor? Quem é pardo é de que cor? Moreno? Mulato? Cor de burro quando foge? Eu, hein!!!
ML

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