Gente de Ipaumirim. Vida de Ipaumirim. Tempos de Ipaumirim. Alagoinha... Ipaumirim...... memória..... raízes... atualidades....... por novos tempos..... novos olhares...... espaço aberto a todos......
sábado, 31 de dezembro de 2011
CONTRA O JÚBILO COLETIVO OBRIGATÓRIO
"Odeio o Ano Novo
Avanti! , 1º de Janeiro de 1916.
Toda manhã, ao acordar mais uma vez sob o manto do céu, sinto que para mim é o primeiro dia do ano.
Por isso odeio estes anos novos a prazo fixo, que transformam a vida e o espírito humano em uma empresa comercial, com sua prestação de contas, seu balanço e suas previsões para a nova gestão. Eles fazem com que se perca o sentido de continuidade da vida e do espírito. Termina-se por acreditar a sério que entre um ano e outro exista uma solução de continuidade e comece uma nova história; fazem-se promessas e projetos, as pessoas se arrependem dos erros cometidos etc. É um equívoco geral que afeta a todas as datas.
Dizem que a cronologia é a ossatura da história. Pode-se admitir que sim. Mas também é preciso admitir que há quatro ou cinco datas fundamentais, que toda pessoa conserva gravadas no cérebro, datas que tiveram efeito devastador na história. Também elas são primeiros dias de ano. O Ano Novo da história romana, ou da Idade Média, ou da era moderna. Elas se tornaram tão invasivas e tão fossilizantes que nos surpreendemos a pensar algumas vezes que a vida na Itália começou em 752, e que 1490 ou 1492 são como montanhas que a humanidade ultrapassou de um só golpe para entrar em um novo mundo e em uma nova vida. Com isso, a data converte-se em um fardo, um parapeito que impede que se veja que a história continua a se desenvolver de acordo com uma mesma linha fundamental, sem interrupções bruscas, como quando o filme se rompe no cinematógrafo e se abre um intervalo de luz ofuscante.
Por isso odeio a passagem do ano. Quero que cada manhã seja um ano novo para mim. A cada dia quero ajustar as contas comigo mesmo e renovar-me. Nenhum dia previamente estabelecido para o descanso. As pausas eu escolho sozinho, quando me sinto embriagado de vida intensa e desejo mergulhar na animalidade para extrair um novo vigor. Nenhum travestismo espiritual. Cada hora da minha vida eu gostaria que fosse nova, ainda que vinculada às horas já transcorridas. Nenhum dia de júbilo coletivo obrigatório, a ser compartilhado com estranhos que não me interessam. Só porque festejaram os avós dos nossos avós etc., teremos também nós de sentir a necessidade de festejar. Tudo isso dá náuseas."
Fonte: http://militanciaviva.blogspot.com
Antonio Gramsci (Ales, 22 de janeiro de 1891 — Roma, 27 de abril de 1937) foi um político, cientista político, comunista e antifascista italiano.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Cante
Porque na vida quem quer paz amor não tem
Seja o que for, sou mais o amor com paz ou sem
Sei que é demais querer-se paz e amor também
Já que se tem que sofrer
Seja dor só de amor
Já que se tem que morrer
Seja mais por amor
Vou sempre amar não vou levar a vida em vão
Nem hei de ver envelhecer meu coração
Eu hei de ter ao invés de paz inquietação
Houvesse paz não haveria esta canção
Quem anda atrás de amor e paz não anda bem
Porque na vida quem quer paz amor não tem
Seja o que for, sou mais o amor com paz ou sem
Sei que é de mais querer-se paz e amor também
Já que se tem que sofrer
Seja dor só de amor
Já que se tem que morrer
Seja mais por amor
Não vou levar a minha vida toda em vão
Nem hei de ver envelhecer meu coração
Eu hei de ter ao invés de paz inquietação
Houvesse paz não haveria esta canção
Eu hei de ter ao invés de paz inquietação
Houvesse paz não haveria esta canção
(Laa, LaLaia, Laia, Laia)2X
http://www.vagalume.com.br/martnalia/de-amor-e-paz.html#ixzz1i3yiyLhE
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
IP: uma singela homenagem
"Minha vida,
meus sentidos,
minha estética,
todas as vibrações
de minha sensibilidade de mulher,
têm, aqui, suas raízes."
Cora Coralina
Vista aérea de IP
Eu sou estas casas
encostadas
cochichando umas com as outras.
Eu sou a ramada
dessas árvores,
sem nome e sem valia,
sem flores e sem frutos,
de que gostam
a gente cansada e os pássaros vadios.
(Cora Coralina)